
Directed by Jared Hess
Este é mais um caso no qual eu não tenho a menor idéia do porquê de tanto estardalhaço e comentários sobre um filme. Principalmente por ele ser idolatrado a ponto de ter um fã clube nos EUA com mais de 20 mil pessoas que se candidatam para a presidência do mesmo.
Vou ser o mais honesto possível: não gosto de Jon Heder! Mesmo que alguns (ou muitos, independe) digam que ele faz um estilo de interpretação, eu digo que é falta de capacidade, mesmo. Se duvidam de mim, vejam Escola para Idiotas (onde ele toma um "cacete" do Billy Bob Thorton), Os Esquenta Bancos (onde ele consegue ser menos engraçado do que Rob Schneider na pior fase da carreira) e o último filme dele, o dispensável Escorregando para a Glória (onde ele está tão fora de sintonia quanto Wil Ferrel, irreconhecível como comediante). Para se ter uma idéia, o personagem mais bacana do ator foi a Galinha Joe, de Tá Dando Onda, não por méritos dele, mas pelo simples fato de ver uma galinha surfista já é hilário.
Se a palavra estereótipo pudesse ter imagens no dicionário, provavelmente seria um retrato de Jon Heder. Sempre meio nerd (que, na pele dele, não consegue o mínimo ar de cool), abobalhado, ingênuo e com cara de idiota. Se alguém consegue dizer que ele é carismático, eu digo "arrrrghhhh".
O mesmo pode se dizer o diretor Jared Hess, neste início de carreira com seu primeiro longa metragem. Ele não tinha muita experiência na direção, tendo realizado apenas Peluca, curta metragem muito ruim, com o mesmo insosso Jon Heder, sobre a mesma cidade de Preston, no estado americano de Idaho e, voilá, sobre os mesmos personagens.
Napoleon Dynamite (Jon Heder, dããã...) é um garoto alienado, pseudo nerd, que adora desenhar (mal, diga-se de passagem) personagens fantásticos e jogar tetherball (jogo que utiliza um poste com uma bola amarrada por uma corda em sua ponta). Ele convive com uma família bizarra em casa (com exceção da avó que sofre um acidente corrente de quadriciclo nas dunas), tendo um irmão de 32 anos, ainda mais idiota do que ele, um tio inútil que vive nos anos de 1980 e até uma lhama chamada Tina. Ele vira o único amigo do garoto mexicano Pedro (que também é seu único amigo) e o ajuda a competir pelo cargo de presidente do corpo estudantil da escola.
O filme em si não é ao menos original, mesmo com as situações esdrúxulas que são apresentadas a platéia, até porque a idéia de mostrar a realidade de um completo idiota já é coisa do passado, como feito (com temáticas um pouco diferentes) em Quanto Mais Idiota Melhor ou na série Os Nerds. De original, mesmo, apenas os créditos de abertura, bem bacana.
O senso de humor é tão absurdo que muitos podem não gostar, como eu (e vejam que adoro humor esdrúxulo!). Por outro lado, como tem gosto para tudo, o filme foi muito bem recebido entre nerds e adolescentes, provavelmente, os rejeitados.
Napoleon é um ser esquisito demais, até para a nossa realidade variada, e sua vida não é, em nada, interessante. Para ninguém. Na verdade, a trama (existe uma trama?) é tão idiota e boba que, por ser muito ruim, ganhou ar de cult pelo mundo a fora.
Sabe quando uma coisa é tão ruim que vira referenciada por todos? Acredito que tenha sido o mesmo processo com este Napoleon Dynamite, assim como os filmes de Ed Wood, considerado o pior diretor de todos os tempos, na década de 1950, o que rendeu um filme bacana na segunda reunião de Johnny Depp e Tim Burton. "Ei, cara, vi um filme que é muito tosco, você deveria ver!", é bem por aí.
Totalmente contrário ao filme seguinte do diretor, Nacho Libre, que conta com situações realmente hilárias e ótimos personagens, interpretados por Jack Black e Héctor Jiménez, este filme é deprimente, com personagens dos quais você pode sentir nada além de pena. De Napoleon ao irmão de 32 anos que "procura gatas na internet", do amigo Pedro, mexicano deslocado nos EUA ao tio de Napoleon, um fracassado que fica se imaginando ainda com 18 anos de idade, jogando futebol americano.
Mais parece uma produção caseira (o que não deixa de ser) para um projeto de faculdade (o que não deixa de ser), que tenta fazer comédia de situações lamentáveis de personagens lamentáveis. O mesmo foi feito, porém com maestria, dois anos depois em Pequena Miss Sunshine, filme também alternativo, mas com direção firme e inovadora, roteiro maravilhoso e, principalmente, elenco competente.
O que vale a pena (de tão ridículo) é o número musical de Heder ao final da produção, durante a eleição para presidente do corpo estudantil. Além disso, vale escutar as músicas oitentistas, bregas e imortais, do baile da escola: Forever Young (Alphaville) e Time After Time (Cindy Lauper). White Stripes e Jamiroquai garantem o mínimo de bom gosto. Ponto final.
Nota: 2/10
Felipe Edlinger
19 de abril de 2008
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