
Directed by Nigel Cole
Ashton Kutcher não é apenas mais um rostinho bonito, mas sim um talento que foi pouco explorado até o presente momento, vide o excelente Efeito Borboleta. Porém, ele é realmente consagrado entre os adolescentes (principalmente entre AS adolescentes) por comédias românticas como Recém Casados, A Filha do Chefe e A Família da Noiva, além da série cult That 70's Show, da qual participou dos 20 aos 28 anos de idade. Aqui ele faz papel de idiota até o momento em que seu personagem cresce um pouco e vira um adulto de verdade, mas ainda com um pé na adolescência (como todos deveríamos ser, afinal de contas, o mundo adulto é chato demais!).
Amanda Peet é uma graça, mas nunca realmente emplacou um sucesso de verdade, visto sua série-relâmpago Jack & Jill, e papéis menores em Meu Vizinho Mafioso, Alguém tem que Ceder e Identidade. Neste De Repente Amor, ela faz uma personagem um tanto quanto irritante, prepotente e dona da verdade no começo, e no decorrer da história, insegura e rejeitada.
Ashton é Oliver e Amanda é Emily, dois estranhos que se conhecem em um vôo para Nova York da melhor maneira possível: sexo no lavatório da aeronave. Depois, ao longo de sete anos, eles continuam se encontrando esporadicamente, ao acaso da vida, em diversos lugares. Em todas as vezes, eles tentam iniciar um romance que tendencia a não dar certo.
A metamorfose de ambos, demonstrada ao longo de inúmeras cenas, nos faz espelhar o que nós somos, o que gostaríamos de ser e o que realmente nos tornamos. E que, acima de tudo, nunca devemos duvidar do que estaremos fazendo daqui há alguns anos e que sonhos e vontades são sempre necessários para a vida dar uma guinada em direção ao nosso futuro.
A trama demonstra que prioridades não são mandatórias para a vida pessoal, e que sucesso, trabalho e amor não estão essencialmente ligados pela união, mas sim pelo fato de funcionarem em realidades opostas, mantendo um equilíbrio entre forças. E ainda assim, quando tudo parece perdido ou desesperador, memórias ainda permanecem latentes para, às vezes, voltar à tona e nos lembrar do que realmente desejamos, fazendo dos pequenos momentos uma vida especial.
Se uma coisa fica clara das idéias do roteirista estreante Colin Patrick Lynch, é que o amor sempre encontra um caminho para florescer. Independente de quão louca e exacerbada seja a sua procura por ele, é ele que sempre o encontrará, em momentos que você nem ao menos espera, assim, de repente. Porém, temos que saber quando aproveitar essa chance que nos é dada e não deixá-la escapar porque, se isso acontecer, quando tentarmos novamente, ele pode estar nos braços de alguma outra pessoa. A arte imita a vida, ou a vida imita a arte?
Apesar da premissa boa, porém sem muita originalidade, faltou competência e experiência tanto para diretor, quanto para roteirista, para conseguirem realizar um bom filme. Como já dito, o roteirista não tem experiência e o diretor conta com apenas três produções no curriculum vitae, além de pequenas participações em seriados britânicos. Por outro lado, Nigel Cole já realizou os sensíveis, simpáticos e engraçados Garotas do Calendário e O Barato de Grace, com temáticas mais adultas e comandando atores de mais idade, entre outros, a excepcional atriz Helen Mirren.
Outro filme de Ashton Kutcher cumpre melhor a proposta deste De Repente Amor. Recém Casados é mais engraçado e mais bem produzido, contando com a direção um pouco mais experiente de Shawn Levy. Não que seja uma obra de arte mas, ao menos, é mais leve. E também conta com uma atriz mais carismática, Brittany Murphy, a ex-gordinha patricinha de Beverly Hills.
O filme é muito longo para a história com muitas idas e vindas, o que acaba cansando o espectador, mesmo com o final tradicional e esperado das comédias românticas. E acaba , ao longo da trama, deixando aquele sabor de "putz, ainda não acabou?".
Talvez, o diretor não estivesse preparado para um filme com atores mais jovens, de apelo mais comercial, conhecidos pela moçada, nos papéis de protagonistas. Infelizmente, falta química ao longa, especialmente entre os dois atores principais. Uma pena, porque Ashton Kutcher tem carisma de sobra.
A produção ainda conta com pontas minúsculas de Kal Penn, o bom ator indiano de O Dono da Festa, Madrugada Muito Louca e Nome da Família, e Ali Larter, a Nikki Sanders da séries Heroes.
Mas, o que realmente chama a atenção e delicia nesta produção é a ótima trilha sonora de apelo pop, que convida o corpo a mexer, a alma a flutuar, e todos nós a cantar e dançar. Destaque para Brighter Than Sunshine (Aqualung), Hands Of Time (Groove Armada), Look What You've Done (Jet), Walkin' On The Sun (Smash Mouth), Breathe (2 AM) (Anna Nalick), Maybe It's Just Me (Butch Walker), Semi-Charmed Life (Third Eye Blind), Save Tonight (Eagle-Eye Cherry), Know Nothing (Travis), If You Leave Me Now (Chicago) e o excelente trip-hop Mad About You (Hooverphonic). Ufa! Ao menos, compre o CD, está de bom tamanho!
Nota: 5/10
Felipe Edlinger
12 de abril de 2008
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