
Dirigido por Gary Goddard
Quem conhece o Castelo de Greyskull que levante um das mãos! Ou ainda, quem se lembra da Feiticeira, Mentor e Teela, do Esqueleto, Homem-Fera e, acima de tudo, de He-Man, o homem mais forte do universo. Provavelmente, você deve estar com umas das mãos no ar agora, lembrando-se dos desenhos e dos bonequinhos articulados da Mattel.
He-Man e os Mestres do Universo foi um grande sucesso na, para muitos, saudosa década de 1980. Um dos expoentes da animação americana à época, He-Man, juntamente com sua irmão She-ra, povoou as aventuras das crianças (hoje, trintões) na eterna luta contra as forças do mal.
Sinônimo de êxito, até nas décadas seguintes, seja com reprises ou novas versões, poucos se lembram da verdadeira origem de He-Man. O personagem apareceu, na verdade, em função do filme Conan, com Arnold Schwarzenneger, para o qual a Mattel (fabricante de brinquedos mundialmente conhecida) criou uma série de bonequinhos articulados. Porém, como o filme do guerreira bárbaro foi considerado muito violento e a empresa não queria ser relacionada a algo tão pesado para as crianças, a linha de bonecos foi reformulada (para o padrão He-Man que conhecemos) e uma série de desenho animado foi encomendada para alavancar as vendas dos brinquedos. Mas, para nossa sorte, o desenhos fez sucesso e acabou durando duas temporadas, com 65 episódios cada uma.
Infelizmente, esta primeira adaptação dos desenhos para as telonas só pode ser classificada como... bem... lixo! É difícil dizer o que é pior na fira, se são os atores, a produção, a história, os efeitos especiais ou a adaptação por si só. Para os saudosistas ou para os marinheiros de primeira viagem nas histórias do He-Man, o produto final não passa apenas de um péssimo programa de final de tarde, nas sessões de cinema do SBT.
O Mundo de Etérnia está enfrentando os derradeiros momentos da eterna luta entre o Esqueleto (Frank Langella) e os poderes do Castelo de Greyskull. Depois de ter aprisionado a Feiticeira (Christina Pickles), o vilão tenta subjugar He-Man (Dolph Lundgren) e seus amigos. Contando com uma chave cósmica, desenvolvida pelo chaveiro Thenoriano Gwildor (Billy Barty), que pode levá-lo à qualquer lugar da galáxia, o Esqueleto está quase atingindo seus objetivos. Porém, uma outra chave cósmica transporta He-Man, Mentor (Jon Cypher) e Teela (Chelsea Field) para o planeta Terra, até onde o Esqueleto pretende segui-los para reaver a outra chave e derrotar, de forma definitiva, seu arqui-inimigo, He-Man.
Mesmo sendo um filme do final da década de 1980, os 22 milhões de dólares (!!!) gastos na produção, com certeza, poderiam ter gerado um resultado muito melhor. Mesmo porque um resultado pior seria um tanto quanto difícil. Os efeitos são de terceira categoria e não adicionam valor algum à produção (vejam que, uma década antes, George Lucas e Steven Spielberg já haviam marcado época, pensando fora da caixa). O figurino e a maquiagem fazem com que os personagens não se pareçam em nada com o desenho original, terminando em caracterizações pobres e sem o mínimo de imaginação e qualidade (onde se viu o Esqueleto ter um rosto que mais se parece com pele debaixo de argamassa!).
Dolph Lundgren mostra mais uma vez que, como ator, continua sendo um excelente lutador campeão de caratê. Dono de mullets ridiculamente oxigenados (tudo bem que o cabelinho com franja do He-Man dos desenhos não era muito melhor), não se assemelha em nada com o personagem principal da série. Diz a lenda que o papel do guerreiro teria sido de Arnold Schwarzenneger, mas por ele ser muito maior e mais forte, ele não conseguia puxar a espada das costas; dessa maneira, o papel acabou indo para Dolph Lundgren que, convenhamos, é bem pior do que Schwarzie.
Mestres do Universo foi o primeiro trabalho de Gary Goddard como diretor e, felizmente, o último. Especializado na criação de brinquedos, com temas de filme, para parques de diversão, ele voltou ao ramo da diversão e abandonou a indústria cinematográfica. Ou terá sido o meio que o abandonou? David Odell, por sua vez, conseguiu entregar outro roteiro "brilhante" como seu Supergirl, de 1984. Depois deste filme aqui, não assinou mais nenhum trabalho em Hollywood. É a sina de Mestres do Universo.
O versátil e bom Frank Langella paga mico geral como o Esqueleto, que não mete medo nem em criancinha de colo. Meg Foster encara uma maquiagem gótica tosca de Maligna. O falecido anão Billy Barty, com mais de 160 trabalhos no currículo, chega ao ponto baixo da carreira (ok, trocadilho idiota), sendo indicado para o Razzie Award de Pior Ator Coadjuvante. Justiça seja feita.
Curiosidade para Courtney Cox (a eterna Monica Geller, da série F.R.I.E.N.D.S.) em um de seus primeiros papéis no cinema, já com 23 anos de idade. James Tolkan, o eterno Diretor Strickland, da trilogia De Volta para o Futuro, faz o papel do policial durão, enquanto Christina Pickles encarna a Feiticeira. Por coincidência, ela fez o papel de Judy Geller, a mãe da personagem de Courtney Cox, também na série dos seis amigos da Warner.
Independente da época, da empolgação e do otimismo, Mestres do Universo é um filme muito ruim. Parelho (ou seja, tão "bom" quanto) com a versão de As Minas do Rei Salomão, que contava com o canastrão Richard Chamberlain no papel principal de Allan Quatermain, é uma pena que a adaptação não esteja a altura da força de He-Man. Se fosse para comparar, estaria mais para um Príncipe Adam, tímido, fraco e com roupagem duvidosa. E continuemos torcendo para que o produtor Joe Silver (Matrix, V de Vingança, Speed Racer) mantenha em mente seu plano para fazer uma nova adaptação. Ele, sim, tem a força!
Nota: 3,8/10
Direção: Gary Goddard
Roteiro: David Odell
Elenco: Dolph Lundgren & Frank Langella & Meg Foster & Billy Barty & Courteney Cox & Robert Duncan McNeill & Jon Cypher & Chelsea Field & James Tolkan
Estréia: Agosto de 1987
Gênero: Fantasia & Ação & Aventura
Duração: 106 minutos
Distribuidora: Columbia TriStar
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por Felipe Edlinger
30 de novembro de 2008
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por Felipe Edlinger
30 de novembro de 2008
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