...e assim caminha a humanidade...

"Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai atingí-la." (Salvador Dali)
"Et quacumque viam dederit fortuna sequamur." (Virgílio)
"Always think about a coloured tequila sunrise life." (Felipe Edlinger)
"Foda-se a balada, o que importa é a companhia." (Felipe Edlinger)
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terça-feira, 2 de outubro de 2007

[MovRev] V de Vingança

(V for Vendetta)

Directed by James McTeigue

Honestamente, sou um fã de histórias em quadrinhos, ou comics, como alguns gostam de chamá-las. Lembro-me de que, a certa época, eu era capaz de comprar todos os gibis mensais (nome carinhoso para mim e sem uma pitada de menosprezo) disponíveis nas bancas de jornais e ainda comprar inúmeros outros em sebos ou revistarias de usados.

Hoje, não tenho mais esse costume, talvez repreensível, de me dedicar a historinhas coloridas. Grandes amigos meus ainda se dedicam piamente a essa arte e, por mais esse motivo, sou fã deles. Confesso que ainda tenho vontade de ler, ler e ler o mundo fascinante de super-heróis, porém, a falta de tempo me fez fazer uma escolha pelas graphic novels.

Graphic Novels são, para os menos informados, as mesmas histórias em quadrinhos, porém, realizadas com tratamento diferenciado, desde a sua concepção até o papel no qual elas são impressas. Histórias mais adultas, já nascidas clássicas, apresentando histórias fechadas e que, quase sempre, têm um enredo rebuscado, muito bem trabalhado e de complexidade avançada.

Uma das graphic novels que mais gostei de ler foi exatamente V de Vingança, a qual tenho em minhas mãos no momento, escrita pelo fantástico Allan Moore, autor de inúmeras obras, consideradas o primor do universo dos quadrinhos, como Monstro do Pântano (1983), Wathcmen (1986), A Liga Extraordinária (1999), Do Inferno (1999), entre outros títulos não menos importantes.

Existe uma sina das histórias em quadrinhos e livros não serem bem transcritos para o cinema, por diversas razões, como foco no lucro, dificuldade de adaptação da história, personagens não convincentes e roteiro mal feito.

Apesar de ter sido rejeitada pelo próprio Allan Moore, essa adaptação de V de Vingança é tão boa, que melhorou a história criada por Moore, com efeitos especiais de gente grande, atuações de ídolos consagrados pelo grande público e um roteiro enxuto e coerente. Talvez, seja até por isso que o autor não tenha aprovado a produção final, por ser superior ao seu próprio trabalho.

A história se passa na Londres futurista de 1997 (ao menos para a época em que a história foi criada, 1972), dominada pelo fascismo de um ditador, onde as pessoas são sufocadas pelas crueldades, absurdos e proibições impostos pelo governo. O mundo é caótico e a Grã-Bretanha é um dos últimos lugares em que a "ordem" impera. É neste cenário que surge um anti-herói, nominado apenas como "V", que pretende promover uma revolução em busca da liberdade da população, tanto física quanto mental e espiritual, atingindo o pilar do governo. Ele utiliza uma máscara inspirada em Guy Fawkes, um mercenário que tentou explodir o Parlamento inglês, em 5 de novembro de de 1605, e promete destruir o prédio em um ano, a partir de sua primeira aparição.

"V" é interpretado por Hugo Weaving, o eterno Agente Smith de Matrix e o elfo Elrond, de O Senhor dos Anéis. Sua presença garante ao longa a verossimilhança necessária para uma obra como esta, com sua presença e voz marcantes, uma vez que ele utiliza a máscara em todos os segundos em que está em cena. O rol de atores se extende com Natalie Portman, uma das namoradinhas de Hollywood, como Evey, garota em quem V desperta o ideal revolucionário. E não para por aí porque somos presenteados com boas interpretações de Stephen Rea (Traídos pelo Desejo), Stephen Fry (Um Peixe Chamado Wanda) e John Hurt (O Homem Elefante).

Os efeitos especiais, os cenários, a fotografia e as coreografias são capítulos a parte nesta produção. São tão bem elaborados que praticamente atuam como um outro personagem dentro da trama. As cenas inspiradas em Matrix, com câmeras lentas e rápicas, close-ups e panorâmicas transmitem perfeitamente, tanto a ação quanto a angústia dos personagens.

Apesar do tema ser subversivo demais para algumas opiniões, o assunto é tratado com poesia latente, forte e sensível. A queda do império para o ressurgimento das cinzas, o choque para acordar a massa e sair da inércia é transcrito por meio de rosas para os mortos, rimas com a letra V e música clássica para os ouvidos.

Definitivamente, uma obra marcante, tanto nos quadrinhos quanto nos cinemas. De preferência, para se ter em casa e ser revista, sempre que possível. Lembrem, lembrem, o cinco de novembro...

Nota: 9/10

Felipe Edlinger
02 de outubro de 2007

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

[MovRev] Minority Report - A Nova Lei

(Minority Report)

Directed by Steven Spielberg

O que aconteceria se juntássemos os maiores astros do momento para a realização de um filme? Eu diria que dependeria, e muito, dos gêneros nos quais esses maiores astros se consagraram.

Porém, uma vez que temos dois super astros reconhecidos por seus filmes (e dilheterias) de ação, o resultado seria, sem surpresa alguma, uma obra excitante, rápida, envolvente e de muito apelo comercial, que não deixaria nenhuma interrogação sobre quem são os donos do pedaço.

A primeira experiência entre Steven Spielberg e Tom Cruise resultou em uma ficção científica de primeira qualidade, de repercussão imediata e grande sucesso, nos cinemas, nos disquinhos e na televisão.

Tom Cruise é John Anderton, um policial que trabalha na divisão de Pré-Crime de Washington D.C., em 2054. A divisão conta com três seres humanos, modificados geneticamente e chamados Pre-Cogs, que têm poderes especiais de ver o futuro e, com isso, conseguem identificar quando um crime irá acontecer, o que leva o time de Anderton a impedir o fato. O crime na cidade foi drasticamente reduzido à zero. Tudo ocorre normalmente, quando os Pre-Cogs prevêm que Anderton cometerá um crime nas próximas 36 horas. Com isso, o policial tem que fugir de sua própria equipe e provar sua inocência, além de desmascarar uma conspiração contra ele.

O roteiro e a trama do filme são muito bem amarradas e orquestrados por quem entende do assunto (ou seja, Spielberg), trazendo reviravoltas, intrigas, mistérios e assassinatos. As cenas de ação são formidáveis, lembrando os bons filmes de Tom Cruise, como a série Missão Impossível nas diversas cenas em que o ator pula de carro em carro, é perseguido por policiais ou resgata pessoas.

As cenas futuristas muito bem realizadas, com efeitos especiais que não devem nada à nenhum ganhador do Oscar, transmitem idéias e tecnologias vindouras de dar água na boca, nos permitindo dar uma pequena olhada no mundo do amanhã, o que remete as diversas previsões e viagens de Stanley Kubrick, em 2001, Uma Odisséia no Espaço.

A caracterização de época e a fotografia ganham grande importância com as cores desbotadas e pastéis de um futuro insípido e estéril, quando a sociedade é controlada e padronizada para que anomalias não surjam e poluam o pseudo mundo perfeito.

Voltando a Tom Cruise, ele interpreta, em seu melhor, o papel de herói de ação, atirando, esmurrando, fingindo, fugindo, extraindo um olho, virando a situação a seu favor, etc, etc, etc. Já o vimos sendo um personagem bacana em Cocktail e Negócio Arriscado, ou um personagem com incertezas em Magnolia, Vanilla Sky e De Olhos Bem Fechados. Aqui, ele é uma mistura dos dois tipos, mesclando tristeza e pesar na interpretação, causados pela perda do filho pequeno, da qual se culpa até hoje, com roupas e apetrechos bacanas e agilidade de herói cool.

O contraponto vem de Colin Ferrell, eficiente como o antagonista (até certo ponto) do personagem de Cruise. Sarcástico e prepotente, ele é a medida exata para tentar mandar John Anderton para a cadeia. É tão assertivo que nos deixa com raiva, devido à sua persistência.

Mas o show, mesmo, fica por conta de Tom Cruise, que lidera toda a ação na produção, e Steven Spielberg, que indica o caminho correto para o herói.

Nota: 8/10

Felipe Edlinger
01 de outubro de 2007

[Felipe's MFQ] Jurassic Park

Dr. Ian Malcolm:
"I'm simply saying that life finds a way."

1993. Jeff Goldblum in Jurassic Park
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