...e assim caminha a humanidade...

"Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai atingí-la." (Salvador Dali)
"Et quacumque viam dederit fortuna sequamur." (Virgílio)
"Always think about a coloured tequila sunrise life." (Felipe Edlinger)
"Foda-se a balada, o que importa é a companhia." (Felipe Edlinger)
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segunda-feira, 23 de junho de 2008

[MovRev] 30 Dias de Noite

(30 Days of Night)

Dirigido por David Slade

Baseada em uma graphic novel, escrita por Steve Niles e ilustrada eximiamente por Ben Templesmith, 30 Dias de Noite é uma história de vampiros, porém, com uma originalidade, inteligência e modernidade que não se viam há muito tempo, deixando um pouco o tradicional "chupa sangue durante o dia e esconde-se à noite" de lado para apresentar uma trama inédita.

Existe uma cidadezinha, no extremo norte do estado americano do Alasca, chamada Barrow, que serve como base para exploração de petróleo. Além da característica temperatura de -20ºC, a cidade ainda tem a peculiaridade de mergulhar na escuridão total no mês de dezembro. É neste cenário perfeito que um bando de vampiros, liderados por Marlow (Danny Huston), resolve se fartar com o sangue dos habitantes locais, sem se importar em se esconder em função do amanhecer. A única força de resistência da cidade frente os seres da noite, é a pequena força policial local, liderada pelo xerife Eben Oleson (Josh Hartnett) e sua esposa Stella (Melissa George). Ao longo dos 30 dias de noite, os pouco sobreviventes do massacre tentam sobreviver como podem, com fome, frio e medo, rezando para que o próximo raio de sol não tarde a chegar.

Josh Hartnett estrela esta adaptação de história em quadrinhos de primeira categoria, que inclusive supera a obra em que se baseia. Ele está mais maduro do que nunca e emplaca um personagem adulto que nada tem dos seus personagens de filmes para adolescentes, como A Prova Final e 40 Dias e 40 Noites; ele dá seqüência a sua carreira de bons filmes, como Falcão Negro em Perigo, Dália Negra, Sin City e Xeque-Mate. Além de Hartnett, o bom Ben Foster (Alpha Doc, X-Men - O Confronto Final, Os Indomáveis) faz uma ponta, pequena mas intensa, como um andarilho que deseja entrar para a gangue dos vampiros. Completam o elenco, Melissa George, como a esposa de Eben, e Danny Huston, como o vampiro Marlow.

A graphic novel de Steve Niles é curta (certa de 80 páginas), rápida e um pouco mais difícil de se entender e interpretar do que normalmente as obras do gênero são. A história é bem mais do que é mostrado no filme e boas partes dos tais 30 dias são simplesmente cortados na HQ. No filme, ao contrário do que é visto nos quadrinhos, até para se fazer um longa metragem, a história é estendida para que o clima de terror e suspense seja mais bem trabalhado, incluindo toques de terror psicológico latente.

O clima sombrio coexiste com algumas cenas dignas de cartão postal, com bela fotografia e efeitos de iluminação, contrastantes, com a palidez presente durante a grande maioria da trama.

A inserção de novos personagens a aprofundamento de, praticamente, todos os já existentes, garante o preenchimento dos muito minutos extras que a transcrição ganhou para completar seus quase 120 minutos. A exclusão de um dos personagens importante dos quadrinhos foi acertada, uma vez que ele pouco agregava a trama (leia e assista para saber quem é...). As cenas de luta foram expandidas para que a ação também fosse um chamativo do longa, o que culminou em boas coreografias e "arranca-sangues" durante boa parte do filme.

Agora, se você está pensando em vampiros tradicionais, trate de esquecer todo o glamour mostrados em muitas produções do cinema, como Drácula de Bram Stoker, Entrevista com o Vampiro, ou os antigos filmes de terror de Bela Lugosi e Vincent Price. Aqui, eles estão mais para Nosferatu, do que para Lestat: são feios, cruéis, com todos os dentes pontiagudos e nem ao menos falam inglês, são realmente criaturas das trevas e não trazem nada de belo consigo.

O diretor David Slade traz um pouco de sua experiência com videoclipes e curta-metragens para essa adaptação de história em quadrinhos, que também bebe na fonte do seu suspense de estréia, o bom Menina Má.com, com a surpreendente Ellen Page (Juno).

O autor da graphic novel, Steve Niles, assina o roteiro junto com o tarimbado Stuart Beattie, responsável, entre outros, pela série Piratas do Caribe, com Johnny Depp, e Colateral, com Tom Cruise, além de ter sido escolhido para escrever a adaptação do desenho oitentista Comandos em Ação (G. I. Joe) para o cinema.

A história em si é muito bem adaptada e transcrita para o novo tipo de mídia, o que não faz necessária a leitura da HQ original antes de ver o filme, que é compreensível por si só. Na verdade, a impressão causada é a reversa, com relação a quando um livro normalmente é adaptado para a telona. Neste caso, o produto final é melhor do que o original, em termos de história. Por outro lado, a ilustração de Ben Templesmith continua sem precedentes.

Como curiosidade, a história é seguida por Dias Sombrios e 30 Dias de Noite: Retorno à Barrow, volumes publicados pela Devir Livraria, no Brasil. Uma experiência nova e diferente das tradicionais, o que prova que sempre vale a pena buscar novos autores, sejam em bons livros ou no mundo fértil dos quadrinhos.

Nota: 8/10

Direção:
David Slade
Roteiro: Steve Niles & Stuart Beattie
Elenco: Josh Hartnett & Melissa George & Danny Huston & Ben Foster
Estréia: Dezembro de 2007
Gênero: Horror & Thriller
Duração: 113 minutos
Distribuidora: Columbia Pictures
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por Felipe Edlinger
23 de junho de 2008
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domingo, 22 de junho de 2008

[MovRev] Todo Mundo em Pânico

(Scary Movie)

Dirigido por Kenne Ivory Wayans

Quando as comédias pareciam ter chegado ao fim de todas as fórmulas, eis que os Irmãos Wayans deram uma grande boa dentro e reviveram o gênero de paródia de filmes de sucesso, com algo original e apenas um objetivo: sacanear os filmes de suspense dirigidos ao público adolescente.

O filme é uma coleção de situações non-sense e muito engraçadas que fizeram com que os espectadores entrassem rindo nos cinemas e saíssem gargalhando das salas, gargalhadas que se mantinham por dias a fio pela simples lembrança das piadas.

As piadas são dirigidas, é claro, a quem já assistiu todos os outros filmes de terror e suspense da época, como Eu Seu o que Vocês Fizeram no Verão Passado, Pânico e O Sexto Sentido, uma vez que se trata de uma paródia. Além das referências cinematográficas, ainda há espaço para piadas com o cotidiano dos americanos, que pouco brasileiros poderiam entender, como a série de comerciais da Budweiser, com o "wazzzup?" ao telefone. As sacanagens rendem até referência a Matrix, grande êxito dos cinemas no ano anterior ao lançamento dessa produção dos Wayans.

Algumas cenas tornaram-se antológicas para o gênero, como a de Carmen Electra correndo do assassino de calcinha e sutiã, sendo molhada pelos irrigadores de jardim, ou ainda a de Anna Faris gritando "o que você está esperando?", fala de Pânico enquanto um suicida tenta se decidir entre descer do telhado ou se atirar de lá (eventualmente, ele se atira).

Não espere nada coeso ou um roteiro adequado, tanto que não vale nem a pena tentar explicar o enredo do filme. Basta dizer que é uma compilação dos melhores momentos de produções de terror adolescente e que todos esses momentos são distorcidos e sacaneados, descaradamente.

A produção gerou inúmeros "admiradores" e cópias quase literais. Algumas razoáveis, outros sofríveis, como o contemporâneo Histeria - Entre em Pânico se você sabe o que eu fiz na última sexta-feira 13 (ufa!), mas nenhuma tão boa quanto a original.

Anna Faris viria a ser a estrela da série, estando presente em todos os 4 filmes já lançados e no quinto ainda a estrear, com direito a presença na série Friends, como Erica, mãe dos gêmeos de Chandler e Mônica. Alguns atores de "peso", com certa experiência em Hollywood, completam o elenco, como Dave Sheridan, Regina Hall, Shannon Elizabeth, John Abrahams, Carmen Electra e até os próprios irmãos Shawn Wayans e Marlon Wayans. Todos viriam a se enveredar pelo ramo da comédia pastelão, sem estabelecerem grandes carreiras no cinema, com exceção da própria Faris e dos Irmãos Wayans.

O diretor Keenen Ivory Wayans, irmão dos dois atores Shawn e Marlon, já dirigiu e produziu uma série de filmes de família, entre eles, Todo Mundo em Pânico 1 e 2, As Branquelas e O Pequenino.

A família em si é um sucesso no que se trata de comédias duvidosas. Eles já estrelavam, no começo da carreira, a série The Wayans Brothers, que durou 5 anos. Auto-suficientes, eles escrevem, dirigem e produzem suas produções, além de atuar nelas, que normalmente obtêm repercussão considerável nas bilheterias, mesmo quando se tratam de besterias homéricas, como As Branquelas e O Pequenino. Por outro lado, filmes bacaninhas, como Sem Sentido e O Sexto Homem, garantem a simpatia de seus trabalhos. Uma pena que a mesma originalidade não tenha perdurado pelos demais filmes da série.

Nota: 7/10
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por Felipe Edlinger
22 de junho de 2008
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quarta-feira, 18 de junho de 2008

[MovRev] Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

(Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street)

Dirigido por Tim Burton

Tim Burton é um cara deveras estranho, muito estranho. Dono de uma personalidade forte e bastante fora do comum, com gostos excêntricos, ele parece não mudar seu estilo cinematográfico e, além disso, parece levar para o mesmo caminho a própria esposa, a ótima Helena Bohan Carter, e seu alter-ego, o excepcional Johnny Depp. E todos nós deveríamos ser agradecidos por isso.

Esta enésima colaboração de Tim Burton com Johnny Depp aflorou dos dois um trabalho original, parecido e diferente de tudo o que já haviam feito antes. Parecido porque o tema central continua sendo um tanto quanto bizarro, sombrio e mórbido; diferente porque agora temos Tim Burton dirigindo um musical.

Aliás, musical é apenas um dos gêneros que esta produção poderia ser encaixada. Se alguém dissesse que Sweeney Todd é, na verdade, um filme de terror, eu acreditaria. Se dissessem suspense, romance, drama, ou ainda comédia, poderia concordar. É aqui que Tim Burton mostra seu incrível diferencial e prova que continua não se vendendo às fórmulas prontas de Hollywood.

E outro que continua não se vendendo, mesmo fazendo parte de mega-produções, como Piratas do Caribe, é Johnny Depp, que, pela primeira vez na carreira, solta a voz em uma produção, cantando como nunca poderia ser pensado e dando um show de categoria. Camaleão como nunca, ele está quase irreconhecível como o personagem central da trama, o barbeiro que busca sua vingança.

Depois de ser expulso de sua própria cidade, e ser separado de sua esposa e filha, pelo Juiz Turpin (Alan Rickman), Sweeney Todd, também conhecido como Benajamin Barker (Johnny Depp), retorna à Londres vitoriana, depois de 15 anos de exílio, para executar sua doce vingança. Sem levantar suspeitas, ele abre uma barbearia sobre a loja das "piores tortas de Londres" da Sra. Lovett (Helena Bohan Carter). Com ela como cúmplice, ele passa a assassinar os aristrocatas da cidade, que viram recheio para as tortas da Sr.a Lovett, que se tornam a sensação da cidade. E esse é o cotidiano que eles pretendem levar até o momento em que Todd planeja realizar sua vingança contra o famigerado Juiz, que hoje detém a guarda de sua filha.

Sweeney Todd é uma soma de excelências em, praticamente, todas as áreas da produção, começando pela sempre segura e eficaz direção de Tim Burton. Porém, grande parte do destaque do longa vem da direção de arte impecável, ganhadora do Oscar de 2007. A morbidez versus o pouco de vida que se encontra em pequenos detalhes da película garante um ar sombrio, porém, encantador.

Os cenário riquíssimos e muito bem desenvolvidos mostram muito mais do que os aparentes simples tons de cinza revelam. Isso sem contar com a maquiagem realista que conseguiu transformar ainda mais Johnny Depp e dar um novo ar sombrio e desleixado a Helena Bohan Carter.

Os atores em si, são de uma solidez que deixaria qualquer diretor satisfeito. É uma grande reunião de atores britânicos, com exceção do próprio Depp, que faz os olhos de qualquer cinéfilo brilhar de satisfação. Helena Bohan Carter demonstra a qualidade de sempre, munida de seu lado mais escuro. Sasha Baron Cohen, o ótimo e ultrajante comediante, traz uma pitada de comédia e levaza a produção como o barbeiro rival de Sweeney Todd; um papel perfeito, engraçado e mesquinho, como só ele consegue ser. Alan Rickman (uma unanimidade nos palcos e películas) e Timothy Spall (mais conhecido como o Peter Petigrew da série Harry Potter) esbanjam a eterna qualidade do teatro inglês. E, para completar o elenco, o surpreendente Edward Sanders, que interpreta o protegido de Todd e da Sra. Lovett, o garoto Toby; com apenas 14 anos, e estreando no cinema, ele emoldura o enredo com sua bela voz e cadência, sem demonstrar o mínimo de estridência, comum dos adolescentes.

O roteiro de John Logan, muito bem adaptado do musical homônimo que estreou na Broadway, em 1979, retrata com fidelidade todo o drama que rendeu inúmeros prêmios a obra musical original. Nada menos poderia se esperar de alguém que deu vida as tramas de O Aviador, O Último Samurai, Gladiador e Um Domingo Qualquer.

Mas não se enganem com os cenários macabros da Londres representada no filme, ou ainda com o doce sangue que escorre a cada cena em que Sweeney Todd avança com seu plano de vingança. O Demoníaco Barbeiro da Rua Fleet é, na verdade, uma história de amor como outra qualquer, porém, do ponto de vista de alguém que não é, em nada, convencional. Uma pequena obra prima!

Nota: 9/10
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por Felipe Edlinger
18 de junho de 2008
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terça-feira, 17 de junho de 2008

[Web] Raspadinha do Corinthians

Continuando a série "Desgraça Corinthiana é pouca e eu gosto", eis a mais nova promoção do time alvi-negro do s/ nº da Marginal Tietê.

Nada melhor do que uma sacanagenzinha depois do fiasco na final da Copa do Brasil. E os torcedores ainda achavam que o "Timão" conseguiria ganhar do Sport, na Ilha. Inocência, inocência.

domingo, 15 de junho de 2008

[MovRev] O Incrível Hulk

(The Incredible Hulk)

Dirigido por Louis Leterrier

Esqueça Eric Bana. Esqueça Ang Lee. Esqueça, principalmente, o monstro verde-esmeralda sem expressão e bobo da imperdoável produção de 2003. Talvez, valha mais a pena lembrar apenas de Lou Ferrigno da saudosa versão para televisão do "herói" mais poderoso da Marvel Comics.

Felizmente, Edward Norton, fissurado por histórias em quadrinhos e pelo personagem do gigante verde, conseguiu convencer os estúdios Marvel a fazer uma releitura sobre a história do Dr. Bruce Banner e seus problemas com a radiação gama.

O segundo filme da Marvel Studios trouxe mais de tudo aquilo já visto em Homem de Ferro: ação da pesada, efeitos especiais excelentes, sem ser o principal foco da atenção, elenco estrelar extremamente eficiente, roteiro adequado, nada de exageros e bom humor. Sim, muito bom humor. Tudo na medida certa para apresentar mais um de seus famosos personagens.

Dr. Bruce Banner (Edward Norton), durante um projeto militar ultra-secreto, sofre um acidente com radiação gama, que altera seu organismo e metabolismo e o transforma em uma criatura além da simples imaginação humana, a qual chamaram de O Incrível Hulk. Cansado de tentar achar a cura e ser perseguido ao mesmo tempo, ele abandona sua vida de cientista, assim como renega a sua namorada Betty Ross (Liv Tyler), e se refugia nas favelas do Rio de Janeiro para tentar achar a cura para sua doença. Quando ele é encontrado pelo exército norte-americano e cai novamente na estrada, mais uma vez fugindo, ele tenta, de uma vez por todas, achar a cura para seus problemas. Porém, o General Ross (William Hurt) coloca em seu encalço Emil Blonsky, militar ávido por confrontos físicos e ação, que acaba levando o embate para o lado pessoal e não medirá esforços para acabar com O Incrível Hulk.

Edward Norton é sempre bem vindo em uma produção. Deve ser a glória para um estúdio de cinema poder contar com ele, assim como deve ser um alívio para toda a equipe de produção, do diretor ao roteirista. Tanto que seu envolvimento com a trama não se restringe em atuar; sempre que possível, ele dá pitacos na direção e principalmente no roteiro. Ele é um multi-talentos que fez Liv Tyler se sentir "meio burra" (palavras da própria atriz), tanto que irá estrelar, produzir, dirigir e escrever seu próximo filme Motherless Brooklyn. Ele coloca o sangue pra ferver, literalmente, no papel do Dr. Banner, atormentado pela sombra verde que carrega todos os dias. Em contraste com seus papéis introspectivos, ele resgata a raiva que já vimos em A Outra História Americana, porém sem perder sua ternura natural.

Liv Tyler está charmosa e deliciosa como sempre, mesmo depois de ter tido um filho em 2004, fazendo frente a Betty Ross de Jennifer Connely, da produção de 2003. Ao menos nesse quesito, ambos filmes estavam bem servidos.

Os bons coadjuvantes de luxo como Tim Blake Nelson, William Hurt e a própria Liv Tyler, garantem os rostos conhecidos, a identificação do público de massa e o nível da produção. Mas é Tim Roth que, mais uma vez, chama a atenção como o antagonista. Aqui, ele encarna Emil Blonski (agente da KGB nos quadrinhos) que se tornaria um dos maiores inimigos do gigante verde, o Abominável. Ele já mostrou que sabe o que faz com personagens marcantes em Cães de Aluguel e Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, e, principalmente, no Planeta dos Macacos de Tim Burton, quando encarnou, de maneira incrível, o vilão General Thade.

O diretor Louis Leterrier não tem grande experiência mas ganha os parabéns pela direção agitada e rápida, e muito segura, que transporta a linguagem quadrinesca para as telonas. Desde os créditos iniciais, com o já tradicional logo da Marvel emoldurado pelas páginas dos quadrinhos sendo viradas, e a introdução ágil de como o Dr. Banner se tornou O Incrível Hulk, ele segura muito bem as pontas de uma produção de porte, que em nada se parece com suas produções anteriores, Carga Explosiva e Cão de Briga. E seu trabalho é muito bem visto por atores, tanto que Liv Tyler assinou o contrato para o filme simplesmente por saber que Ed Norton e o diretor Leterrier estavam envolvidos.

Se a direção é acertada, alguém que parece já ser prata da casa é o roteirista Zak Penn, autor de, nada menos do que, cinco roteiros de filmes de super-heróis da Marvel Comics: X2, Elektra, Quarteto Fantástico, X-Men: O Confronto Final, além deste O Incrível Hulk. Ele é tão considerado pelo estúdio que já foi anunciado como roteirista de um filme-sonho de qualquer fã de quadrinhos: Os Vingadores (The Avengers), anunciado para 2011.

E falando em Os Vingadores, a Marvel Studios sabe como garantir a atração e fidelidade dos fãs de carteirinha de seus super-heróis, seja na participação de atores "escondidos", como o próprio Lou Ferrigno (o Hulk do seriado da década de 1970) e o criador mestre dos quadrinhos Stan Lee (em sua aparição tradicional), seja nos tesouros escondidos em seus novos filmes, como o escudo do Capitão América e a citação da S.H.I.E.L.D., em Homem de Ferro, e o soro do supersoldado e o nome de Nick Fury (diretor da S.H.I.E.L.D.) em O Incrível Hulk. Ou ainda, nas aparições de personagens não tão escondidos assim, como a presença de Tony Stark (Robert Downey Jr.) no filme do monstro esmeralda.

E o melhor, nada de cães-hulk e efeitos sem graça, como vistos na penúltima versão do herói, praticamente apenas um estudo de como se fazer a coisa certa no mundo das adaptações de quadrinhos. Apesar dos efeitos do primeiro filme terem sido produzidos por uma certa Industrial Light & Magic, o segundo é, de longe, muito mais realista e bem finalizado. E nada de ação gratuita e dramatização na produção anterior de Ang Lee; muito pelo contrário, assim como em Homem de Ferro, a ação é homeopática, mas muito bem ministrada, eficazmente alternada com cenas elucidativas para não deixar nenhum fã, muito menos os não-nerds, perdidos na história. E Hulk não é aquele monstro incontrolável, mas sim um ser incompreendido que vê no rosto de sua amada Betty Ross (Liv Tyler), um pedaço da paz que tanto deseja.

Se Blade fez renascer os filmes de heróis de quadrinhos, Homem de Ferro foi outro recomeço, desta vez de versões melhores e anabolizadas (no bom sentido) dos clássicos da Marvel Comics. Mais firmeza, mais fidelidade, mais realismo, mais ação e mais emoção em ver os heróis do papel em vida (quase) real. E cuidado, porque Hulk esmaga!

Nota: 8/10
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por Felipe Edlinger
15 de junho de 2008
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sábado, 14 de junho de 2008

[Cool] A Bíblia de acordo com o Google Earth

As famosas passagens da Bíblia, livro mais vendido em todos os tempos, já foram imaginadas e repensadas de todas as maneiras possíveis por inúmeros artistas, ao longo dos últimos dois milênios. Porém, nada foi parecido como isto aqui.

O trabalho foi encomendado ao grupo de criativos The Glue Society, de Sydney, Australia, como uma forma de utilizar a tecnologia para mostrar, de forma realista, eventos que podem ou não ter acontecido.

Alguns desses eventos são: Adão e Eva no Paraíso, A Cruxificação, A Arca de Noé no Monte Ararat e A Divisão do Mar Vermelho em dois por Moisés.

Uma idéia brilhante e inspirada que pode render prêmios ao grupo. Muito bacana! E por sinal, o web-site deles (http://www.gluesociety.com/) também é de tirar o chapéu; idéia simples mas de extremo bom gosto.

Link: http://www.creativereview.co.uk/crblog/the-bible-according-to-google-earth

terça-feira, 10 de junho de 2008

[MovRev] Um Maluco no Golfe

(Happy Gilmore)

Dirigido por Dennis Dugan

Sempre adorei as comédias de Adam Sandler, em especial as que são o mais pastelão possível, a mais besteirenta possível e a mais sem-noção possível. Esta é a segunda comédia protagonizada por Sandler (a primeira é Billy Madison - Um Herdeiro Trapalhão, que viria a ser o nome de sua produtora) e seu primeiro grande sucesso, depois das peripécias do Saturday Night Live, o grande celeiro de comediantes da televisão norte-americana.

Deste filme pra cá, inúmeras comédias do mesmo padrão nasceram para encantar (ou seria deliciar) seus indecorosos fãs. Afinados de Amor, O Rei da Água, O Paizão, entre muitas outras, basicamente contêm os mesmos quesitos: piadas baixas, palavrões, um protagonista normalmente bobo e situações muito, mas muito esdrúxula.

Happy Gilmore (Adam Sandler) é um jogador de hockey frustrado, que não consegue jogar com os profissionais devido à sua falta de qualidade esportiva e sua agressividade exacerbada. Banido do esporte, quando descobre que sua avó não pagou os impostos dos últimos 20 anos e que vai perder a casa, ele se vê obrigado a fazer alguma coisa para conseguir o dinheiro. Descoberto por Chubbs Peterson (Carl Weathers), uma lenda do golfe, ele começa a jogar o nobre esporte devido a potência de sua tacada. Porém, ele apenas quer o dinheiro das premiações para ajudar sua avó. A tacada de Gilmore pode ser impressionante, mas sua técnica e, principalmente, sua atitude e comportamento merecem restrições por parte da Organização dos campeonatos. E enquanto ele tenta ganhar o dinheiro necessário, ele encontra um rival à altura: Shooter McGavin (Christopher McDonald), jogador profissional e grande campeão dos torneios.

O rol de situações estranhas e hilárias é acompanhado de personagens tão bizarros quanto o próprio personagem do protagonista. Além do violento e sem-noção Happy Gilmore de Sandler, alguns outros personagens merecem destaque, não por qualquer qualidade (existe alguma?), mas pela bizarrice como são apresentados. O rival de Gilmore, Shooter McGavin (Christopher McDonald) é um esboço mal feito do "grande" David Hasselhoff, "astro" da "série" S.O.S. Malibu, de 1989 à 2000. Enquanto isso, Carl Weathers, o eterno rival de Rocky Balboa, Apollo Creed, encarna o treinador de Gilmore, uma lenda do golfe que perdeu uma mão comida por um crocodilo. Isso sem contar com o gigante Richard Kiel (o Jaws da série James Bond) que faz um antigo chefe de Gilmore, que carrega um prego fincado na cabeça, resultado de uma das brincadeiras do personagem de Adam Sandler. Joe Flaherty, comediante de quinta, que participa de tudo aquilo que lhe oferecem, de filmes da TV a seriados ruins, completa o time de estranhos.

O diretor Dennis Dugan virou parceiro de Sandler desde este Um Maluco no Golfe, tendo dirigido também O Paizão, Eu os Declaro Marido e... Larry e o recente Zohan - O Agente Bom de Corte. Não que ele tenha grandes predicados na direção mas parece que se tornou um especialista em comédias desse tipo (que também fazem a alegria dos fãs), sendo responsável, também, por Um Ninja da Pesada, Segurança Nacional, Os Esquenta-Bancos, entre outros.

Assim como em boa parte de seus longas, Sandler é co-responsável pelo roteiro, o qual parece ter sido escrito para ele, como ator. Tirando este comentário mais do que idiota e lógico, a "magia" das produções da Billy Madison Productions começou aqui e se estende até hoje em quase todas as obras desse comediante de porte. E, se tudo continuar bem, estará presente em muitos de seus filmes vindouros. Sempre com a assinatura de Sandler, claro!

Nota: 6/10
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por Felipe Edlinger
10 de junho de 2008
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segunda-feira, 9 de junho de 2008

[MovRev] P.S. Eu Te Amo

(P.S. I Love You)

Dirigido por Richard LaGravenese

Eis aqui uma história de amor não usual que não se encontra no lugar comum das produções do tipo. Uma idéia muito bem trabalhada que toca o espectador, em principal, as mulheres, devido a imensidão do amor demonstrado pelo personagem de Gerard Butler.

Holly (Hilary Swank) e Gerry (Gerard Butler) formam um jovem casal que não encontram medidas para seu amor. Mesmo após brigas e desencontros, a paixão eterna que um nutre pelo outro é muito mais forte do que qualquer desavença. O único problema é que ele morre precocemente de câncer cerebral. Ela fica desesperada e jogada no mundo, sem a mínima idéia de como seguir em frente, mesmo com as tentativas de ajuda de amigos e parentes. Inesperadamente, ele deixou uma série de cartas instrutivas para ajudar a sua eterna paixão a superar sua morte. Dessa maneira, ele a conduz apaixonadamente, como sempre, a uma vida em que ele não estará mais presente.

Hilary Swank, ganhadora de dois Oscar de melhor atriz (Meninos Não Choram e Menina de Ouro), está mais uma vez convincente em seu papel. Ela mostra toda a agonia e desespero de alguém que perdeu a coisa que mais faz sentido na vida, o eterno ser amado.

Porém, o escocês Gerard Butler, com mais uma interpretação visceral e sincera, desta vez mais cômica do que dramática, é quem rouba a cena neste bom drama. Depois de 300 e Fantasma da Ópera, sua simpatia rústica cativa mais uma vez quem vê seus filmes e os faz degustar outro personagem intenso e apaixonado, ainda mais na pele de um irlandês bonachão e engraçado.

Apesar da dramaticidade, algumas cenas trazem situações hilárias, que se tornam ainda melhores devido ao deboche e bom humor do Gerry de Gerard Butler. Enquanto a Holly de Hilary Swank faz a vez da pessoa pessimista e reclamona, ele é o contraponto ideal, sempre vendo a vida com otimismo e encarando todos os desafios e problemas com mente aberta e um sorriso no rosto.

O timing de comédia-dramática é muito bom, com excelentes protagonistas (Butler e Swank) e coadjuvantes, como Kathy Bathes, Gina Gershon (o clone mais bonito de Amy Winehouse) e Jeffrey Dean Morgan. A exceção fica por conta de Lisa Kudrow, que mais uma vez, praticamente encarna sua personagem mais famosa, a Phoebe, da série Friends.

O roteiro, por sua vez, é de primeira grandeza. Bem amarrado, une bem as diversas cenas da trama, contando a tentativa de Holly em dar a volta por cima da morte do marido, utilizando-se de flashbacks de maneira profissional e objetiva. Um ótimo trabalho de Richard Lagravenese, responsável por A Princesinha, As Pontes de Madison, O Espelho tem Duas Faces e O Encantador de Cavalos, que, inclusive, assina uma direção firme, convincente e eficaz.

Às vezes, o amor pode ser tão imenso que a mera possibilidade de a pessoa amada não mais existir simplesmente torna o próprio sentimento impossível de ser carregado. Às vezes, o amor ultrapassa gerações, outras, até a morte. Ela, se degladia com a chance de não mais amar seu marido; ele resiste à morte, por meio das cartas, para se manter junto à esposa por, ao menos, mais algum tempo. Quer maior prova de amor? Para assistir junto de alguém que se gosta muito.

Nota: 7.5/10
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por Felipe Edlinger
09 de junho de 2008
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domingo, 8 de junho de 2008

[Web] Restaurante-Banheiro

Coisa de chinês! Ou será koreano? É literalmente de cagar... =)














[Web] Porque cães mordem os donos...

Ok, os cães são os melhores amigos dos homens, correto? Porém, algumas pessoas parecem querer provar o contrário... Brincadeira, alguns são até extremamente imaginativos e originais! O Yoda, da série Star Wars e o Fofo, da série Harry Potter são verdadeiras obras de arte. Hahaha!!!










segunda-feira, 2 de junho de 2008

[MovRev] Karate Kid II

(The Karate Kid - Part II)

Dirigido por John G. Avildsen

Inevitavelmente, uma continuação do estrondoso sucesso Karate Kid foi realizada. Para felicidade geral dos fãs, a qualidade foi mantida no mesmo nível do filme original, sempre focado nas pessoas, e não nas lutas, como todos esperavam ao ver a primeira produção.

Porém, desta vez, o foco do filme não é Daniel LaRusso, ou Daniel-san, mas sim a vida de desencontros e tristezas remotas do Sr. Kesuke Miyagi, e sua juventude em Okinawa, no Japão.

Após receber uma carta com notícias da doença de seu pai, Miyagi (Pat Morita) decide viajar ao Japão para rever seu pai pela última vez. Daniel LaRusso (Ralph Macchio), que não aguenta ficar longe do mestre, resolve acompanhá-lo até sua terra natal. Lá chegando, Miyagi revê seu grande amor de juventude, Yukie (Nobu McCarthy, que faleceu em 2002, em Londrina, no Paraná) e, também, seu ex-melhor amigo, Sato (Danny Kamekona). Enquanto Daniel-san se engraça com Kumiko (Tamlyn Tomita), Miyagi tenta se reconciliar com Sato, que o culpa por tê-lo desonrado, ao deixar Okinawa e ir para a América.

Ralph Macchio está idêntico ao seu personagem do primeiro filme, tanto em personalidade quanto no próprio aspecto físico; os dois anos que separam os dois longas parecem não terem causado nenhum envelhecimento ao ator, que continua com cara e corpo de moleque de 17 anos (apesar dos 25 anos, à época do filme), ao contrário do terceiro filme, quando ele aparece rechonchudo.

Pat Morita continua cativante como Miyagi, mestre carateca de Daniel. Dessa vez, assombrado por fantasmas do passado, que fizeram sua vida mudar, ele busca a redenção tentando consertar erros de sua juventude. De qualquer maneira, seja refletindo sobre suas ações ou ensinando Daniel-san a lutar, ele ensina mais uma vez que lutas sempre são o último recurso para acertar os ponteiros com outra pessoa.

Com o mesmo diretor do primeiro filme, a essência da história é muito parecida; apenas não é possível compreender como a mesma pessoa responsável pelos dois primeiros filmes da série, conseguiu fazer, também, o terceiro, que só não é mais fraco do que o quarto, com Hillary Swank (!). A culpa nem ao menos pode ser colocada no roteiro porque Robert Mark Kamen escreveu todos os quatro filmes.

Filmado no Havaí, tem belíssima fotografia, com lindas panorâmicas de paisagens costeiras e pores-do-sol, além da composição das cenas com ornamentos tipicamente japoneses, que enfeitam toda a trama do filme.

A trilha sonora é profunda e resgata o bom gosto da suave música oriental para emoldurar o tema do perdão e do reconhecimento da verdadeira amizade, no lugar da famigerada honra. Para os momentos "Daniel-san", Peter Cetera canta Glory of Love, música indicada ao Oscar de Melhor Canção e considerada uma das músicas mais tocadas nas rádios naquele ano.

Apesar dos altos e baixos do filme, a continuação continua sendo um sucesso menor das tardes de sábado, mas que sempre vale a pena ver de novo. Um filme tocante, ainda mais do que o primeiro, porém, sem a mesma inovação e emoção do original. De qualquer maneira, uma produção terna, com ritmo cadenciado e calmo, e cheio de "música" para tocar o espírito.

Nota: 6/10
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por Felipe Edlinger
02 de junho de 2008
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domingo, 1 de junho de 2008

[Web] Atenção às Placas

"Proibido Darth Vader com carrinho de bebê."



"Run, Superman."



"Mulheres, do lado esquerdo. Robôs, do lado direito."



"Proibido dançar Bee Gees."



"Faixa exclusiva para homens-marshmellow."



"Não cumprimente o pingüim."



"Carregue o espectro canino com cuidado."



"Ao ser perseguido por uma árvore de Natal, corra como o Diabo."



"Proibido discutir com uma foca ao flutuar."



"Área de acesso para bonequinhos de bolo de casamento."



"Ao avistar uma onda, incline-se como um idiota."



"Atenção: sujeito portando sombra disforme."



"Permitido dançar Macarena próximo as escadas."



"Proibido correr ao roubar um atum."



"Não sirva seu filho como alimento para a marmota mutante."



"Proibido brincar de lutinha com o elefante."



"Em caso de genitais em chamas, mantenha-se atrás do retângulo branco."



"Messias em treinamento."



"Perigo: aviões quicando."



"Criatura do Mal nos próximos 5 km."



"Desça acompanhado por sua chama de estimação."



"Deslize ao carregar seu coelhinho de estimação."



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