
Dirigido por David Hackl
Quatro anos atrás, fomos apresentados à um novo formato de filmes de terror. A obra que introduziu a nova onda de tramas sobre serial killers, foi Jogos Mortais, uma fita que eu somente poderia classificar como genial. Com uma temática diferente dos padrões de filmes do tipo, Jogos Mortais trouxe um assassino em série com justificativas mais humanas para seus atos de barbárie que, nem por isso, deixavam de ser absurdas.
Filme alternativo por natureza, a trama estrelada por Cary Elwes, Danny Glover e Monica Potter, criou um efeito dominó entre os fãs do gênero e virou cult movie imediato. A repercussão rápida fez com que as poucas salas de cinema em que era exibido à época do lançamento lotassem e as vendas dos DVDs estourassem assim que o filme chegou às lojas.
A fórmula tensão crescente + armadilhas elaboradas + final surpreendente fez o mundo conhecer o talento dos jovens James Wan e Leigh Whannell (ambos com 27 anos em 2004), grandes amigos que se conheceram no Instituto de Tecnologia de Melbourne, Austrália. Wan dirigiu e escreveu, ao lado de Whannell, o primeiro filme Jogos Mortais, enquanto o amigo protagonizou a obra.
Porém, no cinema, o sucesso tem seus pontos forte e fracos. Neste caso, a máquina registradora de Hollywood resolveu investir na franquia, o que se tornou algo bom e ruim para os fãs. Jogos Mortais se tornou uma referência para várias outras produções que queriam beber na mesma fonte, com expectativas de igual sucesso, como Armadilhas Mortais, Stay Alive - Jogo Mortal e Jogos Sangrentos, todos de 2006, porém, sem o mínimo da genialidade do original.
Além disso, cinco Halloweens depois do primeiro filme, nos deparamos com o quinto da série, que ainda promete muitos outros pela frente. Pessoalmente, como escrito acima, considero o primeiro filme uma obra genial, partindo do princípio que era original e alternativo. O segundo filme ainda contava com o talento de Leigh Whannell no roteiro e manteve os fãs bastante atentos porque foi possível continuar a trama de maneira lógica. Porém, o terceiro, mesmo com o talento de Wan e Whannell, se mostrou cansativo e repetitivo, o que já antecipava o fundo do poço da série, com o quarto e quinto episódios. Sem a presença efetiva dos criadores da série, as seqüências foram decaindo de qualidade (em todos os sentidos) até este descartável Jogos Mortais V.
Os fãs mais bobos do gênero sempre dirão "o filme é bom", "a trama é diferenciada" ou "o roteirista conseguiu se superar", mas a verdade única é que Jogos Mortais V simplesmente tenta reescrever tudo aquilo que vimos nos primeiros filmes, só que sob uma nova ótica. É uma tentativa de ainda manter o personagem Jigsaw ativo e, possivelmente, justificar mais algumas seqüências descartáveis para os próximos anos.
Os pontos altos dos filmes anteriores nem ao menos são utilizados aqui, como as mortes extremamente elaboradas e a quantidade de sangue jorrando na tela. Nesta continuação, existe uma tentativa de se (re) explicar os crimes cometidos por Jigsaw, utilizando os dois personagens principais de Jogos Mortais IV, o Detetive Hoffman (Costas Mandylor) e o Agente Strahm (Scott Patterson).
Os atores são fracos, incluindo os do filme anterior, a direção de David Hackal é incerta e capenga (ele foi promovido de Designer de Produção para Diretor!), e o roteiro é bastante forçado, dos amigos Patrick Melton e Marcus Dunstan, que fizeram, também, o filme anterior, e a "trilogia" Banquete no Inferno, que tem o terceiro filme programado para 2009. Bem produzido (eis que aparecem os Srs. Wan e Whannell), Jogos Mortais V pensa que é um filme grande, mas é, no final, um grande filme B, ao contrário do original que era quase um filme B reconhecido, mas que ganhou conceito e se tornou uma referência.
Não carece dizer do que se trata a trama, todo mundo já sabe. É mais uma daquelas histórias em que uma porção de gente morre, o mocinho tenta pegar o bandido e, no final "surpreendente", em meio a uma reviravolta, o bandido se safa mais uma vez.
Uma pena que algumas obras diferenciadas acabam recebendo seqüências desnecessárias (com exceção do ponto de vista dos cofres dos estúdios). O ponto é esperar pelo próximo Dia das Bruxas para ver qual será a nova "surpresa" da temporada. Mas, levando-se em consideração que já se foram cinco filmes e, ainda por cima, criaram uma seqüência para o clássico Garotos Perdidos, só nos resta esperar pelo pior. Quem sabe, meus filhos cheguem a assistir a pré-estréia de "Jogos Mortais XXV - O Retorno do Namorado da Filha de Jigsaw".
Nota: 4,7/10
Direção: David Hackl
Roteiro: Patrick Melton & Marcus Dunstan
Elenco: Tobin Bell & Costas Mandylor & Scott Patterson & Betsy Russell
Estréia: Outubro de 2008
Gênero: Thriller
Duração: 92 minutos
Distribuidora: Lionsgate
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por Felipe Edlinger
20 de novembro de 2008
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por Felipe Edlinger
20 de novembro de 2008
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