...e assim caminha a humanidade...

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"Foda-se a balada, o que importa é a companhia." (Felipe Edlinger)
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domingo, 23 de setembro de 2007

[MovRev] Meu Cachorro Skip

(My Dog Skip)

Directed by Jay Russell

Quem nunca teve um cachorro que marcou uma parte de nossas vidas, que foi nosso amigo, escutou nossos anseios e nossos medos? Quem nunca teve um cachorro que dormiu aos nossos pés, que latia feliz quando chegávamos em casa e que nos dava um amor sincero em troca de nada?

Eu tive, e continuo tendo; e aposto que inúmeras outras pessoas passaram pela mesma experiência.
Talvez, seja por isso que este filme tão honesto toque tão fundo nossos corações, trazendo à tona a alma de criança que todos nós temos.

Apesar da pouquíssima experiêcia na direção, Jay Russell nos deu um presente inestimável, que fala sobre a vida, valores, sentimentos e pessoas. Amigos, mais precisamente.

Baseado em fatos reais, é a história da infância de Willie Morris (Frank Muniz, da série Malcolm) no estado americano do Mississipi, na década de 40. Willie é um garoto franzino e deslocado, que não tem amigos, até o momento em que ganha de presente o cãozinho Skip, um Terrier branco, com manchas caramelo.

A partir daí, sua vida provinciana muda consideravelmente quando tem que lidar, sempre em companhia de Skip, com os fatos inevitáveis da vida, sejam eles alegres ou tristes. É junto ao cachorrinho que ele vislumbra a descoberta do amor, a quebra de preconceitos, a perda da inocência e a consequente evolução de um garoto de apenas 9 anos de idade.

O bom elenco de apoio ajuda a reconstruir a realidade simples e, ao mesmo tempo, conturbada em que vive o pequeno garoto, contando com Kevin Bacon, amargurado como o pai de Willie, que perdeu uma perna na Guerra, Diane Lane, a mãe compreensível que somente quer que o filho tenha uma infância agradável, e Luke Wilson, o vizinho mais velho, e ídolo da garotada, que volta traumatizado da Segunda Grande Guerra. O formidável cachorro Enzo, que faz Skip, também é um dos responsáveis pelo filme parecer tão plausível.

As situações do filme podem parecer simplórias para nós, adultos, mas fazem toda a diferença em um mundo de criança. Para quem está acostumado com as provações do dia a dia, talvez um jogo de baseball não signifique muito, ou ainda para quem se ache um grande conquistador, a inocência do primeiro contato com o sexo oposto pode parece uma história de ninar. Mas para quem tem a alma jovem e honesta, todos os momentos são dignos de aprendizado e reflexão.

No final, é tudo sobre o inadiável futuro, a passagem da infância para a adolescência e, finalmente, para a fase adulta. Um caminho sem volta, mas que deixa resquícios em nosso interior. São lembranças do passado, saudades e experiências que nunca mais nos trarão o mesmo gosto inocente e descompromissado de um passeio pelo campo com os amigos.

São sentimentos sobre amor, amizade e morte que nos provam que existem coisas na vida que não podemos mudar, mas sim aprender a conviver com elas. Com relação a amigos, tenho certeza de que eles não morrem, mesmo quando se vão, eles permanecem vivos dentro de nossos corações e ativos em nossas mentes. As grandes histórias podem enfraquecer conforme o tempo passa, mas nunca são esquecidas.

É impossível não sorrir e rir com este filme, assim como também é improvável não chorar copiosamente em algum momento da história, principalmente no final. Posso dizer que todas as vezes em que o assisto, passo por um turbilhão de emoções e sentimentos que, invariavelmente, acabam em sinceras lágrimas pelo rosto.

Este é um filme para a família. Para as crianças, sem dúvidas, mas principalmente para os mais velhos, para aqueles que se distanciaram um pouquinho da fase mais deliciosa de nossa existência.

Assista-o em um sábado à tarde, faça pipoca e compre Guaraná. E, de preferência, chame os grandes amigos para assistirem juntos.

Nota: 8/10

Felipe Edlinger
23 de setembro de 2007

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