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terça-feira, 14 de outubro de 2008

[MovRev] O Reino Proibido

(The Forbidden Kingdom)

Dirigido por Rob Minkoff

Eis que, finalmente, presenciamos o encontro entre Jackie Chan e Jet Li. Para entender o que isto significa para os fãs do gênero, seria algo como Indiana Jones lutando lado a lado com Han Solo, ou Ronaldinho Gaúcho fazendo dupla de meia com Guarrincha. Ou ainda Steven Tyler dividindo os holofotes no vocal com Mick Jagger. Todos unanimidades em suas áreas, mas que, por uma razão ou outra, nunca fizeram nenhum trabalho juntos.

Pois então, depois de mais de 10 anos nos cinemas ocidentais (Jackie Chan estreou em 1995, com Arrebentando em Nova York, e Jet Li, em 1998, com Máquina Mortífera 4), as duas maiores lendas do cinema de artes marciais (com exceção, é claro, do eterno Bruce Lee) se encontram em um filme de fantasia e pancadaria.

Jason Tripitikas (Michael Angarano) é um enorme fã de filmes antigos de kung-fu, que é, como que por um passe de mágica, transportado para a China mítica. Lá, o Rei Macaco (Jet Li) perdeu seu cetro dourado e foi transformado em pedra pelo Imperador Jade (Collin Chou). Jason tem a missão, sem nem ao menos saber o porquê, de recuperar o tal cetro e devolvê-lo ao seu mestre. Para isso, em sua jornada, e conta com a ajuda de grandes mestres o kung-fu, como o Monge Silencioso (Jet Li), o Mestre Bêbado Lu Yan (Jackie Chan) e a música assassina Pardal Dourado (Yifei Liu).

Para o encontro entre os dois mestres das artes marciais, o visual urbano dos filmes americanos foi abandonado para se retomar o passado das produções de época asiáticas, que conquistaram o mundo pelas suas características oníricas e belos exageros de cores e formas.

Os cenários, os figurinos e as coreografias permanecem com o requinte de sempre dos grandes filmes dos astros do cinema oriental, como O Tigre e o Dragão, Herói e A Cada das Adagas Voadoras. Depois de O Tigre e o Dragão, virou praticamente padrão a riqueza de produção e preparação para a maioria dos filmes feitos no outro lado do mundo.

Os atores principais estão bastante caricatos, frente suas próprias obras, sendo que Jackie Chan está boa praça como sempre, interpretando mais uma vez um lutador bêbado (ele encarna um personagem parecido em Drunken Fist/ Drunken Master), onde se encontra a fonte de seu poder, e Jet Li está, mais uma vez, sisudo e sarcástico, também como de tradição, garantindo o contra-ponto na medida para a relação entre os dois ídolos das artes marciais.

A primeira luta entre Jackie Chan e Jet Li é um primor de coreografia e desenvoltura, que só quem sai ganhando são os fãs e espectadores. Diversas técnicas de lutas são simbolizadas pelos diversos animais que os dois lutadores encarnam no confronto. Mesmo dez anos mais velho do que Jet Li, jackie Chan, no alto dos seus 54 anos, mantém o mesmo nível do compatriota e, juntos, mostram porque têm hordas de fãs ao redor do mundo todo. Porém, uma unanimidade é que, as cenas de luta entre os dois astros, infelizmente, ficaram reduzidas frente às expectativas dos fãs.

Jet Li, aliás, mesmo lutando pouco, já garante 100% de melhorias em relação a sua participação na fraca segunda continuação da franquia A Múmia, com Brendan Frase, onde vivia a maior parte do tempo debaixo de efeitos especiais ou enormes quantidades de maquiagem. Neste O Reino Proibido, ele também passa boa parte do tempo coberto por maquiagem e figurino pesado, mas ainda é o mesmo Jet Li de sempre.

Voando de lá pra cá, os atores dão asas à imaginação do mundo fantástico do kung-fu. As cores acentuadas garantem a temperatura a trama, algo que já havia sido visto nos ótimos Herói e O Clã das Adagas Voadoras.

Partes dos monólogos de Jet Li formam uma ode de amor ao kung-fu, o que pode parecer piegas para alguns, mas mostra a paixão dos atores pela arte marcial, devidamente ressaltada pelo roteirista e pelo diretor do filme. Rob Minkoff extrapola a fantasia que já havia ensaiado em outros filmes menores como A Mansão Assombrada, com Eddie Murphy, os filmes do ratinho Stuart Little, e alguns curtas de Roger Rabbit. O mesmo vale para John Fusco, roteirista de mão cheia que já mostrou a que veio, com alguns pequenos clássicos como A Encruzilhada e Young Guns.

Parcialmente falado em Mandarim, O Reino Proibido continua o legado que O Tigre e o Dragão impôs a partir de 2000, quebrando uma regra não escrita: filmes gravados em outras línguas tendo repercussão de sucesso nos EUA.

Em termos, mesmo sendo bonita e bem produzida, a aventura de O Reino Proibido não é uma obra memorável e grandiosa, afora o encontro dos dois ídolos. De qualquer maneira, valeu a pena esperar tanto tempo para ver Jackie Chan e Jet Li juntos, mesmo que para uma única cena de luta mano-a-mano. A vontade mesmo, dos fãs, era de ter um filme inteiramente dedicado ao confronto entre as duas maiores celebridades do cinema marcial. Infelizmente, o resultado gerou um momento apenas para saciar toda essa vontade.

Nota: 7,8/10

Direção: Rob Minkoff
Roteiro: John Fusco
Elenco: Jet Li & Jackie Chan & Yifei Liu & Collin Chou & Michael Angarano
Estréia: Agosto de 2008
Gênero: Ação & Aventura
Duração: 113 minutos
Distribuidora: Lionsgate
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por Felipe Edlinger
14 de outubro de 2008
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