
Directed by Doug Liman
Quem nunca teve seus dias de garoto deslocado, seja na escola, em casa, no trabalho ou perto de alguma mulher? Quem nunca encarou dias de estranheza e descontentamento que, no final, nos fazem querer desaparecer? Eu já; e aposto que você, também.
E se você pudesse ter um único poder de super heróis, qual seria? Capacidade de vôo, visão de raio-x, super força, ultra velocidade, qual seria? O meu, provavelmente, seria o mesmo poder apresentado pelos personagens desta nova produção de Doug Liman.
Imagine alguém que possa estar em qualquer lugar do mundo, a qualquer momento, sem impedimentos, somente por desejar. Estar onde a diversão está, almoçar no topo da esfinge do Egito, pegar as melhores ondas em qualquer praia do planeta, morar em diversas cidades do mundo, conhecer lugares inimagináveis para pessoas comuns. Este é David Rice, um saltador.
David é um adolescente deslocado, de visual estranho, apaixonado por uma amiga de ginásio e rechaçado pelos colegas de escola. A mãe dele o abandonou aos 5 anos de idade e o pai não lhe dá a mínima atenção. Tudo parece ser do avesso na vida do garoto até que ele desenvolve o poder de, literalmente, saltar no espaço para qualquer lugar em que ele já tenha estado ou visto em fotos. Com esse poder, ele passa a viver a vida dos sonhos de qualquer pessoa, dono de seu próprio destino e vontade.
Porém, sua vida de aventuras irresponsáveis não dura muito e ele se depara com uma organização secreta, de pessoas nomeadas paladinos. Presentes no mundo desde tempos medievais, os paladinos acreditam que os saltadores não têm seu lugar no mundo e que a ordem natural das coisas não pode ser modificada. Conseqüentemente, os caçam por todos os cantos do globo.
Doug Liman, já experiente em dirigir alguns filmes considerados cool, faz deste Jumper mais uma atração descompromissada que mexe com a imaginação dos espectadores. É uma soma de várias características e fatores que o diretor, de apenas 43 anos, já apresentou em outros filmes, como Swingers - Curtindo a Noite, Vamos Nessa, Identidade Bourne e Sr. & Sra. Smith.
Hayden Christensen, que interpreta o protagonista David, finalmente começa a se livrar do estigma de Anakin Skywalker e Darth Vader, porém com personagens vazios e sem carisma. Apesar de já ter construído um personagem muito bom no ótimo Shattered Glass, ele ainda não encontrou seu lugar no mundo de Hollywood. Porém, para os que pensam que ele se mostra descontente com seu personagem na série de George Lucas, ele, pelo contrário, confessa em entrevista que tem consciência que, se não fosse pelo seu papel em Star Wars, poderia nem ao menos ter uma carreira.
Seu personagem não é nenhum santo e utiliza seus poderes apenas para benefícios próprios, inclusive para assaltar bancos e conseguir verba para suas mordomias ao redor do mundo. Sem escrúpulos no começo, David Rice está mais para um anti-herói do que para o típico personagem de histórias em quadrinhos. Afinal de contas, o que um moleque que sempre se ferrou na vida, é pobre e rejeitado faria se tivesse o poder que ele tem. Roubar bancos foi apenas uma forma de se garantir e que, com certeza, seria a primeira opção de muitos. Antes de viajar o mundo, claro.
As locações do filme não são menos do que fantásticas. Enquanto a trama começa na feia e poluída Detroit, nos Estados Unidos, os protagonistas saltam para Roma, Egito, Tóquio, Nova York, os Pólos, e até a uma ficcional Chechênia.
Os efeitos especiais, por sinal uma das boas vertentes de Doug Liman, são de primeira linha, com cenas de ação de tirar o fôlego, câmera rápida e pouco tempo para raciocinar, incluindo lutas entre os saltadores e paladinos e um passeio a la Velozes e Furiosos pelas ruas da capital japonesa.
O filme ainda conta com a presença da gracinha Rachel Bilson, a Summer da série sucesso-pop The O.C., fazendo o papel da menina pela qual o anti-heróis sempre foi apaixonado. Porém, ela também encontra dificuldades para escapar do estereótipo de Lil’ Miss Vixen, do seriado.
Quem parece estar querendo pagar algumas contas é Samuel L. Jackson, dono de uma carteira invejável de personagens (alguns toscos, é verdade...), que interpreta o vilão Roland, um paladino que caça saltadores há muito tempo. Se ele pensou que um vilão negro de cabelos brancos tingidos seria um personagem cool, pode ter se enganado fortemente.
O papel de destaque vai para Jamie Bell (do ótimo Billy Elliot) que faz Griffin, um saltador inconseqüente, pirado e ciente de sua missão no mundo: a de matar paladinos. Experiente, ele sabe os perigos que uma vida de saltos pode trazer para ele e resolve caçar os caçadores, utilizando seus poderes para desmantelar a organização.
No geral, um filme legal e uma diversão descompromissada de curtos 80 minutos. E, como ninguém é bonzinho o suficiente para não cometer nenhum pecado, vamos torcer pelos anti-heróis.
Nota: 6/10
Felipe Edlinger
29 de março de 2008
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