
Directed by Ridley Scott
É inevitável comparar uma outra obra do diretor Ridley Scott, comandante deste Cruzada, com esta produção. Talvez, algumas pessoas devam ter ouvido falar de um tal filme pequeno chamado Gladiador, com um certo "desconhecido" Russell Crowe.
Se o diretor queria mais um filme épico no currículo, ele conseguiu, e foi só. Ele compete contra uma versão muito melhor dele mesmo, datada da virada do milênio. Se forem colocadas na ponta do lápis todas as qualidade das duas produções, é mais do que óbvio que a saga de Maximus Aurelius sairia vencedora do embate. Começando pelo enredo e pelo elenco, a disputa seria até injusta.
A história gira em torno de Balian de Ibelin (Orlando Bloom), um ferreiro que acabou de perder mulher e filho, em uma aldeia medieval. Quando Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), um nobre cavaleiro, se revela seu desconhecido pai, Balian inicialmente descarta a possibilidade de seguir com ele mas, como não possui mais motivação na vida e está quase perdendo sua fé, ele resolver tentar vida nova. Com a morte de seu pai, ele herda, por direito, todos os seus bens e passa a morar perto de Jerusalem, a terra sagrada dos muçulmanos, ocupada à força pelos cristãos há séculos. Lá, ele se depara com intrigas que culminam em uma guerra sangrenta contra os muçulmanos, liderados por Saladin. Na luta entre os dois povos, resta saber pelo que luta o coração e a alma dos cavaleiros.
Apesar da fotografia fantástica, com paisagens e planos maravilhosos, a aventura parece apenas mais uma superprodução histórica, baseada em fatos reais. O grande pesar da produção é contar uma história confusa e de maneira muito rápida, que dificulta a assimilação pelo público. Enquanto na outra obra do diretor, os personagens são muito bem definidos, com papéis delimitados, e com enredo bem elaborado, esta não cumpre o mesmo papel.
As cenas de batalha deixam a desejar e parecem muito mal ensaiadas, principalmente para quem já viu Gladiador, Coração Valente ou Ben-Hur. Os lutas parecem carecer de coreografia, realismo e vontade, sendo reduzidas a um aglomerado de figurantes com armaduras e sangue escorrendo.
A trama corre muito rápida e o personagem central de Orlando Bloom evolui muito rápido para se tornar o herói que se pretende mostrar durante o filme. Infelizmente, muitas pontas ficam soltas e muito se é cortado (ao menos, parece), deixando o roteiro com enormes furos.
Na verdade, é a típica história de liderança, mostrando um homem comum que guia seu povo rumo a um objetivo em comum, longe de seus opressores. Porém, o próprio protagonista não passa o carisma de um grande líder para o espectador, comprometendo o crédito da história.
Orlando Bloom tem porte de grande ator e se comporta como um grande ator, porém, simplesmente, não o é. Apesar de ser bonito e ter participado de produções enormes, de grande apelo comercial e que renderam uma legião de fãs, além de mares de dinheiro, ele ainda parece insosso, quando liderando (Coincidência? Não, irônico e proposital da minha parte...) um filme de grande porte, como protagonista.
É muito mais fácil ser um coadjuvante de luxo, com papéis bacanas, de outros verdadeiros grandes atores, como Jonnhy Depp (trilogia Piratas do Caribe) e Viggo Mortensen e Ian McKellen (trilogia O Senhor dos Anéis).
O que também me deixa chateado são os papéis atribuídos para bons atores como Liam Neeson e Jeremy Irons, praticamente fazendo pontas na produção. E, ainda mais, a cretinice dos ditos vilões da história, atribuídos a Brendan Gleeson (Harry Potter e o Cálice de Ouro) e ao, então gordinho, Marton Csokas. E o pior é a participação de Edward Norton como o Rei Baldwin, atrás de uma máscara durante toda sua participação, e apenas reconhecido devido a sua voz indefectível.
Uma produção que tem suas qualidades, porém apenas nas partes técnicas. Poderia ser muito melhor se o diretor, e também produtor, não tivesse ficado tão desleixado para aprovar alguns dos absurdos vistos em cena.
Nota: 5.5/10
Felipe Edlinger
18 de março de 2008
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