...e assim caminha a humanidade...

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domingo, 23 de março de 2008

[Cron] O absurdo dos carrinhos de supermercado

Hoje é domingo, pouco depois das 22h e acabei de chegar de um feriadão prolongado de Páscoa. Após uma deliciosa viagem ao litoral, enfrentamos a cansativa tarefa de retornar para casa junto de inúmeros outros trabalhadores que enfrentaram algumas horas para chegar à praia.

Depois de cansaço, impaciência das pessoas com o trânsito, buzinadas de final de semana, farofada na praia, abusos de motoristas embriagados (e outros nem um pouco), inconseqüências de jovens, adultos e idosos, irritação de todos os tipos de pessoas e irresponsáveis de todos os números, gêneros e graus, ainda tive a enorme força de vontade de fazer algo que normalmente fazemos nos dias de semana ou nas manhãs dos sábados: compras em supermercados.

Então resolvo adiantar um pouco a segunda-feira vindoura e fazer uma compra rápida, sem dor, sem filas e sem a lerdeza dos supermercados nos dias de semana.

A minha expectativa era única de supermercado vazio, assim como o estacionamento e os caixas para pagamento. Infelizmente, apenas 66% dela foram realizados. Quando me deparei com a situação do estacionamento do supermercado às 21h30 deste domingo, percebi que algo estava errado; não com o supermercado ou o estacionamento em sim, mas com a nossa sociedade.

Quase todas as vagas perto das entradas do estabelecimento estavam ocupadas, não por carros ou motos, mas por carrinhos de supermercado. Um carrinho atrás do outro, inclusive aqueles em que é possível colocar crianças para uma compra divertida com elas. A cena mais parecia um holocausto dos melhores filmes de Hollywood, quando as cidades foram abandonadas após um grande cataclismo. Era impossível estacionar um veículo de verdade devido a número absurdo desses acessórios de compras parados (jogados seria a palavra correta!) em lugares não devidos.

Independente se o lugar é um Carrefour, um Pão de Açúcar, um Extra ou quaisquer mercadinhos de bairro, a questão não é específica dos estabelecimentos, mas das pessoas que o utilizam e que fazem esse tipo de absurdo por onde passam.

Fiquei imaginando se seria falta de educação, ignorância, cara de pau, pressa ou pura filhadaputice, mesmo, que levam as pessoas a fazer isso. Utilizar um recurso praticamente público, que outras pessoas virão a utilizar da mesma maneira, e depois largá-los, como que não tivessem mais nenhum valor, no meio das ruas do estacionamento, no meio de outras vagas, até mesmo na entrada do supermercado, mas poucos nos devidos lugares.

Imaginei que talvez tivesse sido apenas um lapso de final de feriado, porém quando entro no supermercado, não consigo nem visualizar onde estão as cestinhas de compras, utilizadas por aqueles que não comprarão tantos produtos para utilizar um carrinhos de compras. Todas se encontravam jogadas em frente aos caixas ou nos corredores dentro do supermercado, menos no lugar destinados à elas.

Mais um sinal de desrespeito, sem contar a enorme quantidade de carrinhos vazios ou de carrinhos com alguns produtos abandonados nos corredores do estabelecimento.

Porém, ainda me surpreendi (quantas surpresas para um final de noite) quando estava procurando os produtos de minha lista de compras. Encontrei algumas mercadorias um pouco estranhas em lugares inusitados, como absorvente íntimo junto às sopas instantâneas, mouse de computador no meio dos amaciantes de roupas, e até extrato de tomates no meio de sabonetes. Bem, talvez seja apenas uma nova fragrância...

Quando penso um pouco mais à respeito disso tudo, um certo sentimento de raiva chega a me consumir devido a tamanha insuficiência cerebral por parte de algumas pessoas. Não creio que seja um problema social, de cores ou credos, mas sim, de educação pura e bom senso simples!

Algumas pessoas podem dizer que tudo isso é relativo, porém acredito que certas coisas sejam óbvias demais para não serem levadas em consideração. Pergunto-me ainda, se a casa de cada pessoa reflete seus atos. Se não, realmente é uma falta de respeito para com o próximo, o que já mostra um certo comportamento Neanderthal. Se sim, sinto muito, mas a pessoa infelizmente já deve ser um homem das cavernas.

Depois, o discurso que vemos todos pregarem é o da sustentabilidade, do respeito mútuo, do conceito de reciclagem e de fazer a sua parte. Se para coisas tão simples como esta de guardar carrinhos de compras e produtos em seus devidos lugares, após utilizá-los ou não comprá-los, as pessoas não o fazem, imaginem para para algo que implique no futuro do nosso pobre mundinho. Se me dissessem que fazem isso porque outras pessoas são pagas para arrumar suas bagunças, diria apenas que é o pensamento mais escroto que podem ter.

Se as pessoas se sentem bem quando alguém desfaz seu trabalho e depois precisam refazê-lo uma vez depois da outra, até darei razão para essas pessoas. Porém, duvido que um número minimamente considerável de pessoas se comporte dessa maneira.

O pior é saber que existem pessoas que pensam "ah, mas fui somente eu que fiz". Mas, na verdade, foi apenas ela e a torcida de um time de futebol toda. E, desta maneira, estaremos todos, com o perdão da palavra, ferrados! E tudo isso porque era um feriado, dia em que o movimento é bem menor do que os dias normais de semana.

Bem, como não adianta nada fazer discurso sem ação e, para completar meu raciocínio, não apenas fiz a minha parte em arrumar o que utilizei, como também levei mais três outros carrinhos, que se encontravam perto do meu carro, para a área deles. Cada um faz a sua parte, mas também nos vemos na necessidade de fazer a parte dos outros, também. Mais ou menos como dirigir defensivamente.

E no dia em que não existirem mais assaltos, ou seqüestros, ou ainda lixo sem ser reciclado; daí, talvez, apenas talvez, acredito que as pessoas não largarão mais produtos e carrinhos de supermercado fora de seus devidos lugares.

Felipe Edlinger
23 de março de 2008

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