
Directed by Andy & Larry Wachowski
Os irmãos Wachowski (da trilogia Matrix) fizeram a lição de casa. Como legítimos fãs das aventuras da família Racer, eles estudaram a obra de Tatsuo Yoshida e conseguiram transpor para a película todos os aspectos do desenho animado sensação da década de 1960, que continua fazendo sucesso até hoje. E não deixaram de lado nem um pouco da tecnologia que os deixaram famosos com sua mitologia da Matrix.
Também autores do roteiro, montaram uma trama coesa, simples e com uma história com início, meio e fim (será?) que não deixaria nem novos nem antigos fãs com um ponto de interrogação sobre a cabeça. E, claro, incluindo o mistério do Corredor X. Mostraram o bom trabalho de sempre que, apesar de se resumir basicamente a série de Neo, Trinity e companhia, também já adaptou o excelente V de Vingança, graphic novel de Alam Moore, para as telonas.
Speed Racer (Emile Hirsch) é um jovem que pensa apenas em uma única coisa: corridas de automóveis. Ele vem de uma família de aficionados pelo esporte, entre eles o próprio pai, Pops Racer (John Goodman), o irmão mais velho, Rex (Scott Porter), e o irmão mais novo, Gorducho (Paulie Litt). Ele tem em seu irmão mais velho o ídolo que serve de exemplo para todos. Depois que seu irmão morre em uma corrida clandestina, ele resolve se tornar um piloto tão bom quanto ele era para homenageá-lo. Quando um grande patrocinador tenta contratá-lo para arrumar os resultados das corridas, ele se nega a correr fora da equipe Racer Motors. Após alguns problemas de sabotagem, Speed se une ao Corredor X (Matthew Fox) para desmascarar as Indústrias Royalton e seus esquemas de trapaças.
Um dos grandes pilares que os Irmãos Wachowski conseguiram para o filme, e que acaba sustentando toda a trama, é o excelente elenco, em especial, que compõe a Família Racer. O surpreendente Emile Hirsch (Um Show de Vizinha, Na Natureza Selvagem) encontra a alma de Speed Racer e é fiel ao personagem original. Completando a família, Susan Sarandon é a mãe de Speed e o sempre ótimo John Goodman é Pops Racer, patriarca da família. Christina Ricci interpreta Trixie, namorada de Speed e Matthew Fox, o Doutor Jack Shepperd, da série Lost, interpreta o misterioso Corredor X. A interpretação de todos é de primeira categoria, mas a semelhança física de todos eles é algo que também ajuda a criar uma atmosfera adequada para quem já era fã do desenho.
Porém, o grande atrativo é, na verdade, os efeitos especiais, reunidos de uma maneira que nunca haviam sido vistos. Nada é inteiramente novo, uma vez que filmes como Uma Cilada para Rogger Rabbit, A Fantástica Fábrica de Chocolates (2006) e Sin City, entre outros, também já utilizaram parcialmente a mesma linguagem visual que os Wachowski utilizaram nesse filme.
Mas a experiência é única, com tantas cores, neons e luzes refletindo de um lado para o outro, em velocidade mach 3, rápida demais para os meros olhos humanos. Parece um grande parque de diversões depois de uma boa dose de ácido lisérgico. E o efeito demora a passar. É a criação de um enorme anime (termo utilizado para os desenhos animados japoneses), porém, com atores de verdade. Não, a intenção dos diretores não era simplesmente criar um filme com os personagens do desenho, mas colocar os atores dentro do anime.
Os cenários mirabolantes, totalmente fora da nossa realidade, são bastante coesos com a fábula do Speed Racer original, deixando qualquer um com o maxilar aberto frente os ambientes digitais criados pela equipe de efeitos especiais. Os carros, então, são um espetáculo a parte, em particular o próprio Mach 5 e o número 9, carro do Corredor X, com ar retrô e detalhes modernosos.
Para os saudosistas, pode parecer uma reprodução dos antigos jogos Micro Machines e Rock 'n' Roll Racing, com um toque recente de HotWheels. Inclusive, já fui presenteado com uma miniatura do carro do protagonista. Ueba!
O único porém é o excesso dos excêntricos Irmãos Wachowski. O filme inteiro parece muito do mesmo, depois de uma hora de efeitos mirabolantes. Com 135 minutos de tudo o que foi dito acima, a atração começa a cansar e o impacto passa a ser um pouco mais negativo do que positivo. É preciso ter paciência, ainda mais porque as cenas de corrida, inicialmente interessantes, acabam girando em cima de uma mesma variável: "jogue o outro fora da pista e ganhe a corrida" ou "destrua Speed Racer". Por outro lado, não tente justificar que as manobras de Speed e companhia não respeitam as leis da física ou "partes integrantes da nossa realidade"; o desenho não era assim e o filme muito menos o é. Seria a mesma coisa assistir a Missão: Impossível e tecer um comentário dizendo que as cenas de ação são absurdas.
Os puristas irão gostar, assim como os novos fãs que não conheciam o desenho. Independente disso, parece que alguma coisa ficou faltando, ou que há algo sobrando. Acredito que seja a segunda opinião. Talvez seja um filme longo demais, ainda mais para os desenhos "curtinhos" de 30 minutos. Talvez o visual canse, mesmo. Talvez seja muita informação ao mesmo tempo para o espectador. Talvez. Tire sua própria conclusão.
Um grande peso contra a produção reside na campanha de marketing de massa da Warner Brothers, que colocou Speed Racer entre os mais esperados da temporada. O excesso de lobby e de expectativa criada apenas contribuíram para que eu saísse do cinema com o seguinte pensamento: "é legal, mas não tão bom quanto anunciaram". Só espero que minha expectativa incrivelmente exacerbada quanto a Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não me deixe equivalentemente decepcionado.
Nota: 6.5/10
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por Felipe Edlinger
21 de maio de 2008
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por Felipe Edlinger
21 de maio de 2008
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