segunda-feira, 31 de março de 2008

[Cron] O absurdo dos caixas preferenciais

Mais uma da série "Absurdos da Vida" e, por coincidência, novamente em um supermercado.

Não me levem a mal e não pensem que sou um cara todo certinho e santo. O primeiro, creio que não sou nunca, inclusive acredito que eu erre muito mais do que qualquer outra pessoa; o segundo, nunca fui. Já fiz algumas merdas na vida, mas da maioria me orgulho e não me arrependo.

Apenas gosto das coisas nos seus devidos lugares e não aprecio pessoas que procuram tirar proveito de outras que não são tão espertas. Porém, quando as espertinhas são pegas em flagrante, e posso presenciar o fato, meu dia está ganho.

Foi mais ou menos isso o que aconteceu hoje, mais ou menos às 22h, de uma segunda-feira nublada. Já revoltado com a situação dos carrinhos de supermercado, sempre vou às compras tarde da noite, no limite do horário de fechamento para não enfrentar filas imensas e pessoas estressadas.

Infelizmente, para minha tristeza (o que faz parte da vida, reconheço), todos os caixas estavam lotados e o caixa rápido, como de costume, é rápido apenas no nome, mesmo. Tédio e insatisfação consumados nos primeiros minutos de espera, eis que visualizo o tão cobiçado caixa preferencial, para gestantes, mulheres com crianças no colo, deficientes e idosos, quase vazio.

A razão pesa um pouco quando já são 22h, no começo maçante de mais uma semana. Penso em ir ao caixa, uma vez que há pessoas poucas pessoas, mas resisto a tentação e deixo a ética falar um pouco mais alto, uma vez que havia senhoras de idade e mães com filhos naquela fila.

Acabo caindo em um caixa normal, com uma estagiária em treinamento que, demora, pelo menos, 20 minutos para atender 3 pessoas com poucos produtos nas cestinhas de compras. É aí que, um pai e uma mãe, fanfarrões de marca maior, entram na fila do caixa preferencial, com um filho marmanjo de cerca de 17 anos de idade, fazendo graça ao simular carregar o filho nos braços para alegar que têm uma criança de colo. E, depois disso, a fila do caixa preferencial começou a encher como a do caixa rápido.

Quando, finalmente, consigo passar meus produtos, sendo o mais educado possível, falando "boa noite" e "como vai", ganhando a simpatia da atendente, eis que nos deparamos com uma cena engraçada, mas também, revoltante.

O casal bonachão estava quebrando o maior pau com a atendente do caixa preferencial porque ela não queria passar as compras deles. Por quê, vocês perguntam? Simplesmente, porque havia mais 4 pessoas na fila que faziam parte do público preferencial. Nada mais justo.

E, a partir daí, o bicho começa a comer solto, com discussão, vozes alteradas, chiliques, tudo da parte do casal fanfarrão. Enquanto isso, a atendente e o supervisor dela, que já havia sido acionado, não mudando o discurso. "Vocês não podem passar neste caixa, independente se quando vocês chegaram não havia ninguém atrás de vocês. Agora tem.", era a frase clara proferida pela coesa atendente. E o casal paspalho indignado ao extremo, como se tivessem razão na situação.

Coitado foi o filho dos dois, passando vergonha, sem saber onde se esconder frente a baiana rodada em pleno supermercado, no centro de atenção de todos os outros caixas. Lembro-me de escutar que ele queria entra em uma fila normal, como na que eu estava. Porém, os pais queriam tirar alguma vantagem, com o famoso jeitinho brazuca de ser, que tanto nos vangloriamos, mas que nem sempre ajuda a nosso favor.

Então, é aqui que mora a questão: por quê precisamos sempre tirar vantagem de tudo? Por quê esse casal entrou em um caixa preferencial sem fazer parte do público-alvo? Sendo que eu passei minha compra primeiro do que eles, sem contar o tempo do barraco a lá novela das 20h.

Não sei, não sou dono da verdade. Apenas tenho consciência de que isso é uma febre, com pais, mães, irmãos, até avós, e principalmente amigos tirando vantagem de outros porque eles simplesmente podem. Imaginem os desconhecidos, então. Que atitude mais sem nexo, sem postura correta... O que ganhamos com isso?

É onde tudo começa: ganhar no troco errado e não falar, ganhar na não cobrança do aluguel do filme, ganhar na esperteza de passar outra pessoa pra trás. E onde o mundo vai parar é o que me pergunto. Não sei a resposta, mas tenho certeza de que isso tudo se encaixa na mesma classe de atitudes que nossos amados políticos tanto fazem no Planalto e que tanto abominamos: sacanagem. Apenas em proporções menores.

Independente de gênero, número e grau, o crime é o mesmo tipo para todos, seja tirando vantagem aqui ou ali, o princípio é o mesmo, roubar no troco ou em milhões de dólares, furtar uma bala ou o lugar de alguém na fila, tudo começa de baixo para que que possamos fazer a coisa certa quando chegamos lá em cima. Ou a coisa errada, como fizemos lá trás.

Felipe Edlinger
31 de março de 2008

domingo, 30 de março de 2008

[Felipe's MFQ] The Bucket List

Edward Cole:
"Thom, three things to remember when you get older: never pass up a bathroom, never waste a hard on, and never trust a fart."

2007. Jack Nicholson in The Bucket List

[MovRev] Antes de Partir

(The Bucket List)

Directed by Rob Reiner

É sempre bom quando podemos ver um confronto, ou melhor, neste caso, uma reunião de dois monstros consagrados do cinema mundial. De um lado Jack Nicholson e do outro, Morgan Freeman, ambos excelentes e indescritíveis como intérpretes.

Apenas para exemplificar, Jack Nicholson trouxe a vida o Coringa (Batman, 1989), Jack Torrance (O Iluminado, 1980), Melvin Udall (Melhor é Impossível, 1997), George Hanson (Easy Rider, 1969), entre tantos outros personagens de uma carreira brilhante que considero até pecado mencionar apenas estes. A sua contra-parte nesta produção, Morgan Freeman, não deixa por menos: incorporou Hoke Colburn (Conduzindo Miss Daisy, 1989), William Somerset (Se7en, 1995), Ellis Boyd 'Red' Redding (Um Sonho de Liberdade, 1994), Eddie Dupris (Menina de Ouro, 2004), entre outros incontáveis tipos fantásticos.

E aqui, neste ótimo filme, fazem uma parceria de arrancar risos e lágrimas. Enquanto Sr. Nicholson pratica seu já tradicional humor ácido, irônico e sarcástico, com uma pitada de amargura, o Sr. Freeman mantém seu bom humor elevado, se mostrando boa praça como sempre, com uma atitude "bola-pra-frente" que espanta quaisquer sinais de pessimismo.

profissional, sem dar a mínima para a família, desde os seus 16 anos de idade, Carter temUm é Edward Cole (Jack Nicholson), bilionário do ramo hospitalar que desfruta a vida com tudo do bom e do melhor, o outro é Carter Chambers (Morgan Freeman), mecânico sofrido que preza muito pelo bem estar da família. Enquanto Edward somente se preocupa com dinheiro e sucesso profissional, não dando a mínima importância para sua família, Carter tem uma família maravilhosa, com três filhos bem sucedidos, porém trabalha como mecânico de automóveis por 45 anos.
A vida deles se coincidem quando ambos se descobrem em uma situação difícil: eles têm câncer terminal e, no máximo, de seis meses a um ano de vida restante. Eles são companheiros de quarto e enquanto Carter recebe visitas de todos de sua família, Edward somente conta com seu assistente.
Carter escreve uma lista chamada "A Lista das Botas", com tudo o que você gostaria de fazer antes de morrer. Então, Edward, que possui poder aquisitivo de sobra, faz uma proposta ao novo amigo para que realizem todos os itens daquela lista. E é aí que a aventura começa.

O diretor Rob Reiner capturou muito bem a essência da história em mostrar dois estranhos se tornando grandes amigos e procurando fazer a vida valer a pena para que deixem este plano com a sensação de dever cumprido. Ele já tem experiência em outras produções dramáticas, como em Conta Comigo, Louca Obsessão e Cine Majestic.

A partir da tal lista das botas, vemos a diferença entre metáforas e realidade, e as dificuldades que as pessoas encontram quando existe a possibilidade da primeira tomar corpo e forma e virar a segunda. É a personificação do Carpe Diem, tanto discutido em aulas de filosofia nas faculdades, mas dificilmente colocado em prática nas rotinas do cotidiano.

Se alguém nunca se colocou pensando, raciocinando e refletindo se vale realmente a pena passar a vida toda com vínculos tão mesquinhos, como trabalho ou dinheiro, a história os dois amigos fará com que diferentes pensamentos nasçam e que a vida seja vista de uma maneira diferente, como se fosse a última chance de fazer algo que dá prazer e que valha a pena ser lembrado no dia derradeiro.
Com uma lista dessas em mãos, o que poderíamos colocar nela? Tudo o que quiséssemos ou apenas coisas factíveis? Seriam sonhos ou apenas vontades concretas e nada de devaneios? A verdade é que tudo diz respeito a sonhos e vontades, que são o combustível da alma de qualquer pessoa. No caso dos personagens do filme são: saltar de para-quedas, fazer tatuagem, dirigir um Shelby 350, ir ao Himalaia, fazer safari, subir as pirâmides, andar de moto na grande muralha da China. Sonhos e devaneios tão delirantes que, por que não, podem se tornar realidade um dia.

E todas essas vontades geram cenas agradabilíssimas como a que eles cantam In the Jungle, durante um safari na África, ou a que eles brigam saltando de para-quedas, ou ainda a conversa ao pôr do sol sentados no topo de uma pirâmide no Egito. O que nos leva as locações do filme, que são de deixar qualquer pessoa, especialmente aqueles viciados e desejosos de novas viagens, com água na boca: Egito, Índia, França, África, China, Tibet.

Durante três meses de convívio intenso, eles aprendem e ensinam mutuamente. Aprendem que o amor, no final, é o que nos prende a este plano e o importante é estar ao lado de quem você ama e nunca guardar rancor de pessoas que são importantes para você. É fazer aquilo que sempre tiver vontade de fazer e não deixar desejos e sonhos se desfazerem simplesmente por não tentar. E, acima de tudo, que nunca é tarde para encontrar o amor verdadeiro ou um grande amigo.

Um filme gostoso de se assistir, principalmente de se sentir no coração. As falhas de continuismo não quebram a beleza desta produção que transforma as disparidades de vidas em convergência de almas com um único objetivo em comum: fazer a vida valer a pena. As lágrimas descerão no final e nos farão refletir sobre o que queremos de nossa vida, porém em especial para os três últimos itens na lista que eles fizeram.

Os olhos, ao final da vida, estarão fechados, porém o coração estará aberto. Preparem os lenços.

Nota: 8/10


Felipe Edlinger
30 de março de 2008

[MovRev] American Pie 4: Tocando a Maior Zona

(American Pie presents Band Camp)

Directed by Steve Rash

Este é o primeiro filme da franquia American Pie sem os integrantes originais, dos primeiros filmes, que fizeram enorme sucesso no cinema, vídeo e televisão; e que abriu as portas de Hollywood para alguns atores, como Sean William Scott, Jason Biggs, Tara Reid e Mena Suvari.

O diretor Steve Rash tem certa experiência em comédias escolares adolescentes, tanto que já nos deu o "clássico" da Sessão da Tarde Namorada de Aluguel, com Patrick Dempsey. Levante a mão (aqueles que têm mais de 25 anos, por favor!) quem não se lembra da história de Ronald Miller, o nerd que quer ser popular e "aluga" Cindy Mancini, a garota mais popular do colégio, por um mês, em troca de um casaco de camurça novo. Mas de lá para cá, muita coisa mudou e não, necessariamente, para melhor.

Este AP4: Tocando a Maior Zona traz o irmão mais novo de Steve Stifler, Matt Stifler (Tad Hilgenbrinck), como protagonista. Matt, que quer provar que é digno da reputação do irmão (Stifler virou produtor de vídeos de garotas nuas), apronta das suas no colégio e, como punição, é mandado para um acampamento de bandas, onde fanfarras de diversas escolas disputam uma competição. Contrariado pela idéia, ele tem a brilhante idéia de fazer gravações de cenas sensuais e sexuais para sua versão do popular programa Girls Gone Wild: Bandeez Gone Wild, algo como "as garotas do acampamento de bandas ficaram malucas".

Porém, ao contrário da acidez de American Pie, esta é a historinha clássica do garoto desajuizado que sempre sacaneia a todos e, depois de algumas situações, vira bonzinho por causa da menina pela qual se apaixonada. Uma pena porque o humor descarado do Stifler anterior, com certeza, dava muito mais pano para a manga.

O personagem central, Matt Stifler, é um plágio sem medidas do personagem de Sean William Scott, nos outros três filmes da série. Sem originalidade alguma, Tad Hilgenbrinck faz as mesmas caras e bocas que já vimos anteriormente, sem contar as mesmas piadas, gírias, vocativos e trejeitos. Ao menos, é necessário reconhecer o mérito copioso do ator, que realmente consegue convencer como irmão de Steve.

Para não dizer que ninguém dos outros filmes está presente, Eugene Levy repete o papel do pai de Jim Levenstein, personagem principal das outras produções. Porém, continua sem jeito e sem graça alguma, o que felizmente não é acentuado devido aos seus menos de 10 minutos em cena. Chris Owen também está de volta como Chuck Sherman, desta vez como o tutor estudantil que manda Matt para o acampamento, utilizando a mesma piada boba e repetitiva do Sheminator.

Enquanto, nos outros filmes, Stifler era um coadjuvante que roubava, literalmente, todas as cenas nas quais aparecia e que, no final, virou o mais querido dos personagens, neste Tocando a Maior Zona, Stifler é o protagonista que não faz graça alguma com suas piadas forçadas.

É verdade que os personagens Chris 'Oz' Ostreicher (Chris Klein) e Kevin Myers (Thomas Ian Nicholas) eram totalmente descartáveis, mas sem o carisma e a escrotice de Sean William Scott, a ingenuidade e a insegurança de Jason Biggs e os atributos de Shannon Elizabeth, Tara Reid, Mena Suvari e Alyson Hannigan, esta produção não tinha a menor possibilidade de ser bem sucedida.

O fiapo de história e roteiro é apenas um pretexto para piadas ainda mais chulas do que as normalmente apresentadas desde o primeiro American Pie, sempre escatológicas, apelando cada vez mais, ultrapassando até o nível do "clássico" dos anos 80, Porky's. As piadas são descartáveis, principalmente pelo fato de não passarem de um rascunho ou cópia das que o verdadeiro e único Stifler fazia.

O que poderia sustentar um pouco seriam os protagonistas mas, como já dito, ele força demais a barra virando uma cópia mal feita do original. A outra protagonista, Arielle Kebbel, no papel de Elyse, contra-parte de Stifler, até é uma gracinha, mas é apenas uma amadora perto das outras que já passaram pela franquia.

Os outros personagens são, por demais, estranhos; não de uma maneira bacana, mas apenas estranhos. As meninas são esquisitas, como a que usa tatuagens e piercings e os meninos, ainda mais sem graça, como o nerd dos robôs, o gordão negro e o rapper japonês.

Infelizmente, esta produção degringolou o histórico de sucesso da série, e apenas adolescentes bobos acharão o filme bacana, por causa do "gatinho" Tad Hilgenbrink ou pela "gatinha" Arielle Kebbel. Uma perda de tempo.

Nota: 2/10

Felipe Edlinger
30 de março de 2008

sábado, 29 de março de 2008

[MovRev] Jumper

(Jumper)

Directed by Doug Liman

Quem nunca teve seus dias de garoto deslocado, seja na escola, em casa, no trabalho ou perto de alguma mulher? Quem nunca encarou dias de estranheza e descontentamento que, no final, nos fazem querer desaparecer? Eu já; e aposto que você, também.

E se você pudesse ter um único poder de super heróis, qual seria? Capacidade de vôo, visão de raio-x, super força, ultra velocidade, qual seria? O meu, provavelmente, seria o mesmo poder apresentado pelos personagens desta nova produção de Doug Liman.

Imagine alguém que possa estar em qualquer lugar do mundo, a qualquer momento, sem impedimentos, somente por desejar. Estar onde a diversão está, almoçar no topo da esfinge do Egito, pegar as melhores ondas em qualquer praia do planeta, morar em diversas cidades do mundo, conhecer lugares inimagináveis para pessoas comuns. Este é David Rice, um saltador.

David é um adolescente deslocado, de visual estranho, apaixonado por uma amiga de ginásio e rechaçado pelos colegas de escola. A mãe dele o abandonou aos 5 anos de idade e o pai não lhe dá a mínima atenção. Tudo parece ser do avesso na vida do garoto até que ele desenvolve o poder de, literalmente, saltar no espaço para qualquer lugar em que ele já tenha estado ou visto em fotos. Com esse poder, ele passa a viver a vida dos sonhos de qualquer pessoa, dono de seu próprio destino e vontade.
Porém, sua vida de aventuras irresponsáveis não dura muito e ele se depara com uma organização secreta, de pessoas nomeadas paladinos. Presentes no mundo desde tempos medievais, os paladinos acreditam que os saltadores não têm seu lugar no mundo e que a ordem natural das coisas não pode ser modificada. Conseqüentemente, os caçam por todos os cantos do globo.

Doug Liman, já experiente em dirigir alguns filmes considerados cool, faz deste Jumper mais uma atração descompromissada que mexe com a imaginação dos espectadores. É uma soma de várias características e fatores que o diretor, de apenas 43 anos, já apresentou em outros filmes, como Swingers - Curtindo a Noite, Vamos Nessa, Identidade Bourne e Sr. & Sra. Smith.

Hayden Christensen, que interpreta o protagonista David, finalmente começa a se livrar do estigma de Anakin Skywalker e Darth Vader, porém com personagens vazios e sem carisma. Apesar de já ter construído um personagem muito bom no ótimo Shattered Glass, ele ainda não encontrou seu lugar no mundo de Hollywood. Porém, para os que pensam que ele se mostra descontente com seu personagem na série de George Lucas, ele, pelo contrário, confessa em entrevista que tem consciência que, se não fosse pelo seu papel em Star Wars, poderia nem ao menos ter uma carreira.

Seu personagem não é nenhum santo e utiliza seus poderes apenas para benefícios próprios, inclusive para assaltar bancos e conseguir verba para suas mordomias ao redor do mundo. Sem escrúpulos no começo, David Rice está mais para um anti-herói do que para o típico personagem de histórias em quadrinhos. Afinal de contas, o que um moleque que sempre se ferrou na vida, é pobre e rejeitado faria se tivesse o poder que ele tem. Roubar bancos foi apenas uma forma de se garantir e que, com certeza, seria a primeira opção de muitos. Antes de viajar o mundo, claro.

As locações do filme não são menos do que fantásticas. Enquanto a trama começa na feia e poluída Detroit, nos Estados Unidos, os protagonistas saltam para Roma, Egito, Tóquio, Nova York, os Pólos, e até a uma ficcional Chechênia.

Os efeitos especiais, por sinal uma das boas vertentes de Doug Liman, são de primeira linha, com cenas de ação de tirar o fôlego, câmera rápida e pouco tempo para raciocinar, incluindo lutas entre os saltadores e paladinos e um passeio a la Velozes e Furiosos pelas ruas da capital japonesa.

O filme ainda conta com a presença da gracinha Rachel Bilson, a Summer da série sucesso-pop The O.C., fazendo o papel da menina pela qual o anti-heróis sempre foi apaixonado. Porém, ela também encontra dificuldades para escapar do estereótipo de Lil’ Miss Vixen, do seriado.

Quem parece estar querendo pagar algumas contas é Samuel L. Jackson, dono de uma carteira invejável de personagens (alguns toscos, é verdade...), que interpreta o vilão Roland, um paladino que caça saltadores há muito tempo. Se ele pensou que um vilão negro de cabelos brancos tingidos seria um personagem cool, pode ter se enganado fortemente.

O papel de destaque vai para Jamie Bell (do ótimo Billy Elliot) que faz Griffin, um saltador inconseqüente, pirado e ciente de sua missão no mundo: a de matar paladinos. Experiente, ele sabe os perigos que uma vida de saltos pode trazer para ele e resolve caçar os caçadores, utilizando seus poderes para desmantelar a organização.

No geral, um filme legal e uma diversão descompromissada de curtos 80 minutos. E, como ninguém é bonzinho o suficiente para não cometer nenhum pecado, vamos torcer pelos anti-heróis.

Nota: 6/10

Felipe Edlinger
29 de março de 2008

quinta-feira, 27 de março de 2008

[Web] Felino Ninja

O bom e velho cachorro nunca perderá seu espaço na minha casa e no meu coração, principalmente quando eles já fazem parte da família. Meus bons amigos sabem que odeio gatos de paixão, mas este aqui é ninjaaaaa!!!

quarta-feira, 26 de março de 2008

[Jokes] O Advogado Judeu

Uma instituição de caridade nunca tinha recebido uma doação de um dos advogados mais ricos da cidade, um judeu. O diretor da instituição decidiu ele mesmo ir falar com o advogado:
- Nossos registros mostram que o senhor ganha mais de R$ 3.000.000,00 por ano e mesmo assim nunca fez uma pequena doação para nossa caridade. O senhor gostaria de contribuir agora?
O advogado respondeu:
- A sua pesquisa apurou que minha mãe está muito doente e que as contas médicas são muito superiores à renda anual da aposentadoria dela?
- Ah, não, murmurou o diretor.
- Ou que meu irmão mais novo é cego e desempregado? - Continuou o advogado.
O diretor nem se atreveu a abrir a boca.
- Ou que o marido da minha irmã morreu num acidente e deixou-a sem um tostão e com cinco filhos menores para criar, sendo que um deles tem Down? - Falou o advogado judeu já com ar de indignação.
O diretor já se sentindo humilhado disse:
- Eu não tinha a menor idéia de tudo isso...
- E a sua pesquisa apurou que meu pai é diabético, cardiopata e que está na cadeira de rodas há mais de dez anos?
- Não senhor...
- E foi, por acaso, verificado que eu tenho dois sobrinhos surdos-mudos? - Perguntou o judeu. Silêncio do diretor.
- Além de tudo isso - disse o advogado - vocês já sabem que meu irmão mais velho pediu falência e perdeu todos os seus bens?
- Não, absolutamente não, senhor! - Respondeu o diretor totalmente envergonhado com o papelão que fazia.
- Pois então - disse o advogado - SE EU NÃO DOU UM TOSTÃO PARA ELES, POR QUE EU IRIA DAR PARA VOCÊS?!?!?!?!?!!??

domingo, 23 de março de 2008

[Cron] O absurdo dos carrinhos de supermercado

Hoje é domingo, pouco depois das 22h e acabei de chegar de um feriadão prolongado de Páscoa. Após uma deliciosa viagem ao litoral, enfrentamos a cansativa tarefa de retornar para casa junto de inúmeros outros trabalhadores que enfrentaram algumas horas para chegar à praia.

Depois de cansaço, impaciência das pessoas com o trânsito, buzinadas de final de semana, farofada na praia, abusos de motoristas embriagados (e outros nem um pouco), inconseqüências de jovens, adultos e idosos, irritação de todos os tipos de pessoas e irresponsáveis de todos os números, gêneros e graus, ainda tive a enorme força de vontade de fazer algo que normalmente fazemos nos dias de semana ou nas manhãs dos sábados: compras em supermercados.

Então resolvo adiantar um pouco a segunda-feira vindoura e fazer uma compra rápida, sem dor, sem filas e sem a lerdeza dos supermercados nos dias de semana.

A minha expectativa era única de supermercado vazio, assim como o estacionamento e os caixas para pagamento. Infelizmente, apenas 66% dela foram realizados. Quando me deparei com a situação do estacionamento do supermercado às 21h30 deste domingo, percebi que algo estava errado; não com o supermercado ou o estacionamento em sim, mas com a nossa sociedade.

Quase todas as vagas perto das entradas do estabelecimento estavam ocupadas, não por carros ou motos, mas por carrinhos de supermercado. Um carrinho atrás do outro, inclusive aqueles em que é possível colocar crianças para uma compra divertida com elas. A cena mais parecia um holocausto dos melhores filmes de Hollywood, quando as cidades foram abandonadas após um grande cataclismo. Era impossível estacionar um veículo de verdade devido a número absurdo desses acessórios de compras parados (jogados seria a palavra correta!) em lugares não devidos.

Independente se o lugar é um Carrefour, um Pão de Açúcar, um Extra ou quaisquer mercadinhos de bairro, a questão não é específica dos estabelecimentos, mas das pessoas que o utilizam e que fazem esse tipo de absurdo por onde passam.

Fiquei imaginando se seria falta de educação, ignorância, cara de pau, pressa ou pura filhadaputice, mesmo, que levam as pessoas a fazer isso. Utilizar um recurso praticamente público, que outras pessoas virão a utilizar da mesma maneira, e depois largá-los, como que não tivessem mais nenhum valor, no meio das ruas do estacionamento, no meio de outras vagas, até mesmo na entrada do supermercado, mas poucos nos devidos lugares.

Imaginei que talvez tivesse sido apenas um lapso de final de feriado, porém quando entro no supermercado, não consigo nem visualizar onde estão as cestinhas de compras, utilizadas por aqueles que não comprarão tantos produtos para utilizar um carrinhos de compras. Todas se encontravam jogadas em frente aos caixas ou nos corredores dentro do supermercado, menos no lugar destinados à elas.

Mais um sinal de desrespeito, sem contar a enorme quantidade de carrinhos vazios ou de carrinhos com alguns produtos abandonados nos corredores do estabelecimento.

Porém, ainda me surpreendi (quantas surpresas para um final de noite) quando estava procurando os produtos de minha lista de compras. Encontrei algumas mercadorias um pouco estranhas em lugares inusitados, como absorvente íntimo junto às sopas instantâneas, mouse de computador no meio dos amaciantes de roupas, e até extrato de tomates no meio de sabonetes. Bem, talvez seja apenas uma nova fragrância...

Quando penso um pouco mais à respeito disso tudo, um certo sentimento de raiva chega a me consumir devido a tamanha insuficiência cerebral por parte de algumas pessoas. Não creio que seja um problema social, de cores ou credos, mas sim, de educação pura e bom senso simples!

Algumas pessoas podem dizer que tudo isso é relativo, porém acredito que certas coisas sejam óbvias demais para não serem levadas em consideração. Pergunto-me ainda, se a casa de cada pessoa reflete seus atos. Se não, realmente é uma falta de respeito para com o próximo, o que já mostra um certo comportamento Neanderthal. Se sim, sinto muito, mas a pessoa infelizmente já deve ser um homem das cavernas.

Depois, o discurso que vemos todos pregarem é o da sustentabilidade, do respeito mútuo, do conceito de reciclagem e de fazer a sua parte. Se para coisas tão simples como esta de guardar carrinhos de compras e produtos em seus devidos lugares, após utilizá-los ou não comprá-los, as pessoas não o fazem, imaginem para para algo que implique no futuro do nosso pobre mundinho. Se me dissessem que fazem isso porque outras pessoas são pagas para arrumar suas bagunças, diria apenas que é o pensamento mais escroto que podem ter.

Se as pessoas se sentem bem quando alguém desfaz seu trabalho e depois precisam refazê-lo uma vez depois da outra, até darei razão para essas pessoas. Porém, duvido que um número minimamente considerável de pessoas se comporte dessa maneira.

O pior é saber que existem pessoas que pensam "ah, mas fui somente eu que fiz". Mas, na verdade, foi apenas ela e a torcida de um time de futebol toda. E, desta maneira, estaremos todos, com o perdão da palavra, ferrados! E tudo isso porque era um feriado, dia em que o movimento é bem menor do que os dias normais de semana.

Bem, como não adianta nada fazer discurso sem ação e, para completar meu raciocínio, não apenas fiz a minha parte em arrumar o que utilizei, como também levei mais três outros carrinhos, que se encontravam perto do meu carro, para a área deles. Cada um faz a sua parte, mas também nos vemos na necessidade de fazer a parte dos outros, também. Mais ou menos como dirigir defensivamente.

E no dia em que não existirem mais assaltos, ou seqüestros, ou ainda lixo sem ser reciclado; daí, talvez, apenas talvez, acredito que as pessoas não largarão mais produtos e carrinhos de supermercado fora de seus devidos lugares.

Felipe Edlinger
23 de março de 2008

sexta-feira, 21 de março de 2008

[MovRev] Harry Potter e a Ordem da Fênix

(Harry Potter and the Order of the Phoenix)

Directed by David Yates

O quinto livro do mega-sucesso mundial Harry Potter é um dos mais longos e cansativos da série, na opinião da grande maioria dos fãs. A obra é focada na realidade dentro de Hogwarts e no cotidiano dos alunos durante o período letivo na escola de magia e feitiçaria; pouco contato com o mundo exterior e poucas grandes aventuras são explicitados durante toda a trama. Todo esse tempo é utilizado para compor e delinear um pouco mais alguns dos personagens coadjuvantes da série, como o Professor Severo Snape, e para aprofundar alguns questionamentos dos personagens principais.

Talvez seja por isso que o filme tenha ficado tão legal e, ao mesmo tempo, tão mais adulto, uma vez que a "criançada" tem que lidar com situações mais independentemente, assumir riscos e tomar decisões importantes que podem influenciar no futuro de todos. Resumir um livro de 700 páginas, que não contém tanta ação como as obras anteriores, ficou muito mais fácil do que ter que povoar um filme de pouco mais de duas horas de duração com todas as histórias e batalhas que estávamos acostumados a ver.

A repetição das discussões abordadas no livro poderia gerar uma obra cansativa, mas o que ocorre aqui é exatamente o contrário porque todo o excesso foi cortado. Na totalidade da obra, não parece que muito foi perdido porque informações que são, na prática, dispensáveis, não duram muito tempo nas cabeças dos leitores, nem dos telespectadores.

Nesta aventura, Harry, após o conflito com o senhor das trevas, Lord Voldemort, no quarto volume da série, quando Cedrico Diggory foi morto, tenta convencer a todos de que aquele-que-não-deve-ser-nomeado realmente voltou à vida. O Ministério da Magia, na figura do Ministro Cornélio Fudge, faz tudo a seu alcance para negar o fato, inclusive desmoralizar Harry Potter e Alvo Dumbledore. O garoto, ao lado de seus fiéis escudeiros, Ron Weasley e Hermione Granger, tem que aguentar as provocações e provações durante mais um ano escolar, com o peso e a desconfiança de todos que o cercam.
Em mais uma atitude desesperada do Ministério, Dolores Umbridge é nomeada nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas. Quando ela se recusa a ensinar magia prática aos alunos, Harry e mais alguns amigos resolvem treinar por conta própria, com Harry como professor, criando o "Exército de Dumbledore".
A cada dia que passa, os poderes de Lord Voldemort crescem e o que os espera no final é um grande embate entre as forças do bem e as forças do mal.

O bruxinho mais famoso da literatura e do cinema definitivamente entrou em uma fase mais sombria de sua vida, quando os poderes do mal vêm à tona e seu elo com o grande vilão se revela mais forte do que nunca. Todo o clima pesado e assustador do quinto livro de J.K. Rowling é repassado para este filme soturno e adulto, à seu modo. As aventuras deixam de ser meramente um entretenimento infantil, uma vez que as crianças que leram os livros praticamente cresceram juntas com os personagens centrais da trama e, hoje em dia, são adolescentes.

David Yates, diretor mais conhecido pelos seus trabalhos na televisão britânica, consegue capturar tão bem o clima da obra literária que já foi confirmado na direção dos próximos "O Enigma do Príncipe" (ano 6) e a primeira parte de "As Relíquias da Morte" (ano 7). A obra tem uma diferença muito grande se comparada aos trabalhos de Chris Columbus com os primeiros dois filmes, mesmo porque os primeiros livros também eram mais ingênuos. Seu trabalho muito se assemelha com a realização de Alfonso Cuarón, com "O Prisioneiro de Azkaban".
A trama é bem simples se comparada com os outros filmes da série, uma vez que nada de reviravoltas acontecem, é uma história bem linear, eficiente em mostrar a realidade do universo da magia e feitiçaria de Harry Potter e a ascensão dos poderes do mal de Lord Voldemort e dos Comensais da Morte.

Os efeitos especiais e coreografia continuam afiados e são inúmeras as cenas que nos fazem vibrar com a materialização de realidades somente imagináveis pela autora dos bestsellers. Os cenários e figurinos continuam fantásticos e a maquilagem permanece como um dos destaques da produção. Junto com a fotografia impecável (ainda mais por causa das locações), apenas qualificam a produção ainda mais como um ótimo entretenimento.

As crianças (não mais crianças porque algumas delas já se encontram na faixa dos 18 anos de idade) estão melhorando a cada produção e desenvolvendo cada vez mais seus dons artísticos e de interpretação. Daniel Radcliffe está novamente eficiente como Harry Potter, enquanto Rupert Grint está mais maduro e não mais caricato como o engraçado Ron Weasley, e Emma Watson está uma graça como Hermione Granger, uma vez que ela já é uma mocinha, ou melhor, uma bela adolescente, deixando transpirar um pouco mais de sensualidade para sua personagem, a eterna cdf, amiga do protagonista.

As figurinhas carimbadas, então, merecem apenas aplausos porque são poucas as produções que conseguem reunir tamanho elenco de feras no porte de Ralph Fiennes, que conseguiu dar a face do mal a Lord Voldemort, Gary Oldman, que personifica Sirius Black, padrinho de Harry, com paixão e coração, Michael Gambon, como o doce e poderoso Alvo Dumbledore, e Alan Rickman, sempre perfeito como o asqueroso e odiável Severo Snape.

Mas, apesar de todo esse esquadrão de "monstros" do cinema e teatro, ninguém tem como discordar que, se este filme tem um dono, essa pessoa é Imelda Staunton, intérprete da Professora Dolores Umbridge, grande responsável pela censura e pelo pesadelo instaurados em Hogwarts pelo Ministério da Magia. Dona de uma carreira respeitável com quase 70 filmes no currículo, nomeada ao Oscar e a mais de 30 prêmios, sendo ganhadora de mais de 15 deles, ela entrega uma performance impressionante e odiável, ao mesmo tempo, transformando seu personagem em um dos mais irritantes que já apareceram no universo de J.K. Rowling.
Ela consegue, com sua postura prepotente, com suas roupas rosas e cerâmicas de gatinhos na parece e, acima de tudo, com seu riso forçado e cínico, ser muito mais detestável do que o próprio Professor Snape, eterno carrasco de Harry e seus amigos.

Isso, sem contar que ela faz (boa parte do mérito é do roteiro, também) quase todos os outros personagens adultos do filme virarem figurantes de luxo, como Brendan Gleeson (Professor Alastor Moody), Maggie Smith (Professora Minerva), Julie Walters (Sra. Weasley), Jason Isaacs (Lucius Malfoy), Emma Thompson (Professora Trelawney), Warwick Davis (Professor Flitwick), Robbie Coltrane (Rúbeo Hagrid), Helena Bohan Carter (Bellatrix Lestrange), entre outros grandes do cinema e do teatro britânicos.

Mesmo não sendo tão bom quanto o terceiro e o quarto filmes da série, HP e a Ordem da Fênix é uma adaptação muito de parte da obra que vem cativando leitores de todas as idades em todos os cantos do globo. Resta agora a ansiedade da espera pela adaptação de "O Enigma do Príncipe" e "As Relíquias da Morte", dois livros de porte parecido, porém com muito mais história, ação e informação para serem transcritas. E, até onde vejo pelos livros, quase nada será descartável.

Nota: 7,5/10

Felipe Edlinger
21 de março de 2008

terça-feira, 18 de março de 2008

[MovRev] Cruzada

(Kingdom of Heaven)

Directed by Ridley Scott

É inevitável comparar uma outra obra do diretor Ridley Scott, comandante deste Cruzada, com esta produção. Talvez, algumas pessoas devam ter ouvido falar de um tal filme pequeno chamado Gladiador, com um certo "desconhecido" Russell Crowe.

Se o diretor queria mais um filme épico no currículo, ele conseguiu, e foi só. Ele compete contra uma versão muito melhor dele mesmo, datada da virada do milênio. Se forem colocadas na ponta do lápis todas as qualidade das duas produções, é mais do que óbvio que a saga de Maximus Aurelius sairia vencedora do embate. Começando pelo enredo e pelo elenco, a disputa seria até injusta.

A história gira em torno de Balian de Ibelin (Orlando Bloom), um ferreiro que acabou de perder mulher e filho, em uma aldeia medieval. Quando Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), um nobre cavaleiro, se revela seu desconhecido pai, Balian inicialmente descarta a possibilidade de seguir com ele mas, como não possui mais motivação na vida e está quase perdendo sua fé, ele resolver tentar vida nova. Com a morte de seu pai, ele herda, por direito, todos os seus bens e passa a morar perto de Jerusalem, a terra sagrada dos muçulmanos, ocupada à força pelos cristãos há séculos. Lá, ele se depara com intrigas que culminam em uma guerra sangrenta contra os muçulmanos, liderados por Saladin. Na luta entre os dois povos, resta saber pelo que luta o coração e a alma dos cavaleiros.

Apesar da fotografia fantástica, com paisagens e planos maravilhosos, a aventura parece apenas mais uma superprodução histórica, baseada em fatos reais. O grande pesar da produção é contar uma história confusa e de maneira muito rápida, que dificulta a assimilação pelo público. Enquanto na outra obra do diretor, os personagens são muito bem definidos, com papéis delimitados, e com enredo bem elaborado, esta não cumpre o mesmo papel.

As cenas de batalha deixam a desejar e parecem muito mal ensaiadas, principalmente para quem já viu Gladiador, Coração Valente ou Ben-Hur. Os lutas parecem carecer de coreografia, realismo e vontade, sendo reduzidas a um aglomerado de figurantes com armaduras e sangue escorrendo.

A trama corre muito rápida e o personagem central de Orlando Bloom evolui muito rápido para se tornar o herói que se pretende mostrar durante o filme. Infelizmente, muitas pontas ficam soltas e muito se é cortado (ao menos, parece), deixando o roteiro com enormes furos.

Na verdade, é a típica história de liderança, mostrando um homem comum que guia seu povo rumo a um objetivo em comum, longe de seus opressores. Porém, o próprio protagonista não passa o carisma de um grande líder para o espectador, comprometendo o crédito da história.

Orlando Bloom tem porte de grande ator e se comporta como um grande ator, porém, simplesmente, não o é. Apesar de ser bonito e ter participado de produções enormes, de grande apelo comercial e que renderam uma legião de fãs, além de mares de dinheiro, ele ainda parece insosso, quando liderando (Coincidência? Não, irônico e proposital da minha parte...) um filme de grande porte, como protagonista.
É muito mais fácil ser um coadjuvante de luxo, com papéis bacanas, de outros verdadeiros grandes atores, como Jonnhy Depp (trilogia Piratas do Caribe) e Viggo Mortensen e Ian McKellen (trilogia O Senhor dos Anéis).

O que também me deixa chateado são os papéis atribuídos para bons atores como Liam Neeson e Jeremy Irons, praticamente fazendo pontas na produção. E, ainda mais, a cretinice dos ditos vilões da história, atribuídos a Brendan Gleeson (Harry Potter e o Cálice de Ouro) e ao, então gordinho, Marton Csokas. E o pior é a participação de Edward Norton como o Rei Baldwin, atrás de uma máscara durante toda sua participação, e apenas reconhecido devido a sua voz indefectível.

Uma produção que tem suas qualidades, porém apenas nas partes técnicas. Poderia ser muito melhor se o diretor, e também produtor, não tivesse ficado tão desleixado para aprovar alguns dos absurdos vistos em cena.

Nota: 5.5/10

Felipe Edlinger
18 de março de 2008

sábado, 15 de março de 2008

[MovRev] Rocky Balboa

(Rocky Balboa)

Directed by Sylvester Stallone

Assim como em Rambo IV, fiquei com certo receio com relação a este Rocky Balboa, quanto Sylvester Stallone, já sessentão, resolve reviver seu maior personagem, dentre seus mais de 50 filmes. Felizmente, tudo não passou apenas de desconfiança, e garanto que este é o melhor filme da série, junto com o original.

É sempre bom ouvir a música tema do filme, novamente, principalmente em uma produção inédita, e ver que Stallone não esqueceu a personalidade e o coração do personagem, que continua um tanto quanto bruto, porém simples e simpático como antes, o traz à tona o Rocky Balboa de antigamente.

Stallone, mais uma vez, escreve e dirige a produção do filme do lutador da Philadélphia, que conquistou o mundo por duas vezes. Com exceção da direção do quinto filme, que ele mesmo considera o pior da série (e realmente é), ele assinou todos os outros com a diração e roteiro. O primeiro filme levou o Oscar de melhor filme com méritos, tendo competido com os excelentes Todos os Homens do Presidente, Rede de Intrigas e Taxi Driver.

Neste sexto filme, apesar da destacada performance de Sylvester Stallone, o que merece os louros do sucesso é o roteiro escrito por ele. Com certeza, o maior acerto da produção, não possui pontas soltas (com exceção de que, até agora, não entendi o que aconteceu com o problema que Rocky tinha cabeça no quinto filme, que o impedia de lutar e que o poderia até matar) e transmite um carisma sem precedentes na série.

Na história, Rocky vive uma vida normal como dono de seu restaurante Adrian's, onde rala duro para mantê-lo bem freqüentado. O boxeador de coração mole vive sozinho e sonha com as glórias do passado, porém a vida é cruel com algumas pessoas, quando lhes dá muita coisa na juventude e na velhice as toma de volta. Eis, então, que uma simulação de computador coloca Mason Dixon, o atual e desprestigiado campeão dos pesos pesados, lutando contra o lendário Garanhão Italiano, Rocky Balboa. Quando o Rocky virtual derrota o campeão por nocaute, os fãs ficam em polvorosa e os empresários de Dixon vêm uma oportunidade de aumentar o carisma do lutador e ganhar uma grana preta em uma luta de exibição entre eles. Depois de desconversar, Rocky aceita o desafio e começa a treinar para a luta de sua vida.

Sly acertou na trama do filme ao não focar no lutador, em cenas de luta ou em superação como desportista mas, sim, ao priorizar a vida do personagem, os acontecimentos do dia a dia, as intempéries que assolam alguns amigos e a vida dele com as vitórias do passado.

Ele capturou a alma do personagem de uma maneira muito mais carismática e convincente do que em todos os outros filmes, inclusive o primeiro. Enquanto em Rocky - Um Lutador, ele mostra a garra de um rejeitado em virar alguém na vida, desafiando campeões e superando limites, neste Rocky Balboa ele é simplesmente alguém que luta para viver uma vida ordinária, dia após dia, sem muitas emoções além das histórias que conta a seus clientes no restaurante. Sem a esposa Adrian, já falecida, e sem o filho Robert Jr., que não o considera, ele vive uma rotina traquila da casa para o restaurante e depois o caminho de volta.

Sly prova que a história não acaba quando a velhice chega, mas sim que todos têm a possibilidade e a chance de um novo início, seja na carreira, no amor, na família, nos amigos, na sociedade, na vida, em si. Ele mostra o renascer de tudo na vida do lutador, dos afetos com uma velha conhecida (que era novinha quando ele lutava) à reaproximação com entes queridos e o saciar dos desejos da alma.

Ele está ótimo como o lutador que envelheceu e que se tornou sábio com o tempo e com a experiência, mesmo que ainda continue com um pouco de teimosia e com o sangue italiano fervente como sempre, mas com um coração cada vez mais maduro, bom e esperançoso.

Novamente, vemos a série de treinamentos empolgantes do desportista, que deixam os fãs com vontade de lutar, também, com direito a uma reconfiguração da mais famosa cena de seus filmes, quando ele sobe a escadaria do Museu de Arte da Filadélfia, que se tornou um dos marcos do cinema. Além disso, o filme contém cenas de flashback de todos os outros filmes, com exceção do quinto, por razões já colocadas aqui.

Burt Young volta como o querido Paulie, assim como Tony Burton, como Duke, que o ajudam na sessão de treinamentos. Milo Ventimiglia, mais conhecido como o Peter Patrelli da série Heroes, interpreta de maneira eficiente o filho que tem dificuldades em lidar com o fato de o pai ter sido um grande campeão. O lutador, campeão do mundo dos meio-pesados (na vida real), Antonio Tarver, agrega realidade à produção como o antagonista da trama, Mason Dixon.

A cena derradeira da luta do filme é de uma enorme qualidade, que não faz feio perto de nenhuma das outras dos filmes anteiores (vs. Apollo, vs. Clubber Lang, vs. Draco, vs. Tommy Gunn) e, talvez, seja até melhor do que a maioria delas. A coreografia é excelente e torna verossímil a luta entre o velha guarda e o jovem dínamo. Os efeitos em preto e branco conferem um tom de desespero e arte para o embate, enquanto os ângulos de cena favorecem o Garanhão Italiano e não nos deixa perder a esperança durante os quase 15 minutos de luta.

Curiosidade que a última cena foi a primeira a ser gravada porque Stallone estava no auge de sua forma física, surpreendente (não tem como não achar isso) para um astro com a idade dele. Vide Arnold Schwarzenegger, um ano mais novo que Sly.

Isso tudo mostra que a velha guarda está sempre disposta a provar, mais uma vez, que tem seu valor, e que pode enfrentar um último desafio. É apenas uma questão de vontade, confiança e de fé. Um filme emocionante com uma atuação e história dignas da grandeza do personagem. Surpreendente e cativante.

Nota: 8/10

Felipe Edlinger
15 de março de 2008

domingo, 9 de março de 2008

[MovRev] Escrito nas Estrelas

(Serendipity)

Directed by Perte Chelsom

Serendipity significa, de acordo com a protagonista do filme, uma feliz descoberta por acidente. Com base nisso, então contarei uma pequena história: desde que assisti esse filme pela primeira vez, venho procurando por todos os cantos o DVD para comprar, de lojas especializadas à lojas virtuais, até sebos e lojas de usados, porém nunca consegui encontrar uma cópia sequer, por mais incrível que possa parecer, ainda mais nos dias de hoje com estoque infindáveis na internet. Até que, um dia qualquer, seis anos depois, o encontrei em uma liquidação do tipo ponta de estoque por 12,90, quando eu nem ao menos esperava acontecer.

O fato é que gostei tanto desse filme, que ele se tornou um dos meus favoritos pela trama simpatissíssima, acalentadora de corações apaixonados (assim como o meu) ou que querem se apaixonar perdidamente (assim como o meu), com um clima água com açúcar e de mágica e química latente e fácil de sentir.

John Cusack é Jonathan Trager, um editor da ESPN, que conhece a psicóloga britânica Sara Thomas (Kate Beckinsale), durante suas compras de Natal, em plena Nova York. Ambos procuravam pelo presente perfeito para seus amores e acabam, por coincidência, escolhendo o mesmo par de luvas pretas, ao mesmo tempo. Seus corações e mentes se conectam no primeiro olhar e eles passam uma noite inacreditável durante um dia de inverno na cidade.
A questão é que Sara, que acredita em destino, não crê que era o momento para eles ficarem juntos e, após muita insistência de Jonathan, resolve fazer a prova para descobrir se o destino os quer juntos. Ela, então, pede para que ele escreva o nome e telefone dele em uma nota de USD 5.00, que é passada adiante, enquanto ela escreve nome e telefone dela em um livro de segunda mão, que também é passado adiante, em uma loja de livros usados. Caso eles achem os dados um do outro, significa que, aí sim, o destino deseja que eles virem um casal.
Porém, isso não acontece e, alguns anos depois, eles vivem vidas separadas até o momento em que começam, cada um em seu canto, a se questionar sobre a vida e sobre o que teria acontecido se eles tivessem ficado juntos.

Se você acredita ou não em destino, fatos ou sinais da vida, este filme é um prato cheio para quem quer sonhar. Independente de crença pessoal, é um filme que deixa um traço de felicidade descompromissada e sincera no rosto de cada um. Se a vida é um conjunto de coincidências, não importa, o que importa é que a felicidade sempre bate à nossa porta, uma vez ou outra, e as oportunidades não podem ser perdidas por meros preciosismos.

As situações nas quais os dois personagens se colocam são deliciosas e tão descontraídas, alegres e apaixonadas que deixam qualquer coração saltitando de felicidade e satisfação. Nunca uma comédia romântica foi tão comédia e tão romântica como esta, o que aumenta, em muito, as chances do filme ganhar um lugar na prateleira de muita gente. Já ganhou um na minha.

A trama se passa, em sua maioria, na cidade de Nova York, que é apresentada da maneira mais charmosa e romântica possível, fazendo frente à Londres de Um Lugar Chamado Notting Hill. É impossível não sentir simpatia por um filme que mostra a Grande Maça como este mostra: interiores de lojas tradicionais de departamento na época do Natal, bares aconchegantes, pista de patinação no Central Park, corais de trombones, o tradicional hotel The Waldorf Astoria, ou ainda uma cena de Jonathan deitado no meio de um lago congelado, observando as estrelas.

John cusack (Alta Fidelidade, Procura-se um Amor que goste de Cachorros, Queridinhos da América) é, definitivamente, um de meus atores favoritos, assim como o de mais um quintilhão de cinéfilos. Seu personagem boa praça, bacana e cool cativa à todos que vêm seus filmes. Neste, o desespero e a insanidade de seu personagem, por encontrar o tal livro com os dados de Sara,
vale o preço do filme, mesmo se fosse o mais caro da loja.

Já Kate Beckinsale (Pearl Harbor, O Aviador, Click) está linda como sempre, ainda mais neste filme quando ela tinha apenas 28 anos. Com uma presença marcante e cativante, e um jeitinho simpático demais que faz qualquer marmanjo gamar e cair de paixões, ela não só conquista John Cusack, como a todos da platéia.

O carisma da dupla principal talvez tenha sido a maior sacada, ou pura coincidência, da produção.

E a musicalidade do filme é fantástica e deliciosa, criando o clima perfeito para cada cena vista na tela. Entre os destaques estão músicas charmosas e românticas (eita palavra bonita!!!), como Never a Day (Wood), Moonlight Kiss (Bap Kennedy), January Rain (David Gray), Waiting in Vain (Annie Lennox), entre muitas outras, além de algumas engraçadinhas como Cool Yule (Louis Armstrong).

O diretor Peter Chelsom não tem muita experiência em produções como esta e, talvez o seu filme mais conhecido seja Sempre Amigos, com Sharon Stone. Porém, ele consegue a sonoridade perfeita para deixar casais jovens e velhos, adultos e idosos sonhadores, com os olhos grudados na tela, com um sorriso no rosto e uma palpitação no coração.

Nota: 8/10

Felipe Edlinger
09 de março de 2008

[Felipe's MFQ] Serendipity

Dean Kansky:
"Do you remember the philosopher Epictetus? Remember what he said? He said 'If you want to improve, be content to be thought foolish and stupid'. That's what you've done."

2001. Jeremy Piven in Serendipity

sexta-feira, 7 de março de 2008

[MovRev] O Diabo Veste Prada

(The Devil Wears Prada)

Directed by David Frankel

Puro e simples, direto ao ponto: o filme é realmente muito bom, e faz direito a todo o frissón que causou desde sua estréia no cinemas. Dois fatores para tal: 1) a linda e cativante Anne Hathaway e 2) a exuberante Meryl Streep que é, bem, Meryl Streep.

Para aqueles que pensam que a moda é apenas uma coisa banal que fabrica desejos e atribui status, meus parabéns, você acertou em cheio. Porém, assim como a publicidade, é um indústria poderosa que dita as regras de boa parte do mundo moderno, com tendências e regras que são obsessões para quem aprecia o tema, criando egos inflados e conflitos de marca maior.

Anne Hathaway é Andrea Sachs, jovem recém formada em jornalismo, que consegue o emprego que toda garota (e garotos) fã de moda gostaria de ter, o de segunda assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep). Cínica, egoísta, egocêntrica e poderosa, Miranda é a executiva da revista de moda Runway. Ela é conhecida por abominar e maltratar todas as outras pessoas a sua volta, e faz exatamente a mesma coisa com a nova funcionária, que resiste duramente aos mal tratos e humilhações do cotidiano para provar que poder vencer os desafios e superar as expectativas da grande megera.

Meryl Streep, mais uma vez, está maravilhosa em um papel que lhe rendeu outra indicação ao Oscar (desses ela já tem dois, um por A Escolha de Sofia e outro por Kramer vs. Kramer). Sua personagem transpira prepotência e maldade, mas de uma maneira que não é, necessariamente, fácil de odiá-la. Ela não é estúpida, mas uma arrogante discreta e que demonstra seu poder com o mínimo gesto. Porém, não poupa esforços para rebaixar as pessoas e mostrar sua superioridade; e isso tudo, sem perder a classe e a elegância. Os gestos, os olhares, as poucas palavras deixam bem claro quem manda no lugar.

Anne Hathaway é a mesma de Diário de Princesa 1 e 2 e é uma versão mais nova de Liv Tyler com Penélope Cruz, ou seja, uma menina linda com talento latente. Vem melhorando a cada filme que faz e neste fez jus ao destaque dado pela mídia internacional. Ela é a garota simpática e linda que não se importa com o que os outros do ramo da moda se importam: glória, pedestais e holofotes. Ela apenas quer fazer um bom trabalho como jornalista.

Para quem curte a área, o filme é um banquete para os olhos. Na verdade, até mesmo para quem não entende nada de moda, é impossível não se deslumbrar com os protagonistas (aliás, todos os personagens, praticamente) desfilando o tempo todo com modelos Armani, Gucci, Dulce & Gabbanam Chanel, Valentino, Louis Vuitton, Calvin Klein e, claro, o Prada do título da produção.

O filme é baseado em uma história real, de Lauren Weisberger, que foi assistente de Anna Wintour, a editora-chefe da revista Vogue América. Fica complicado até imaginar trabalhar na vida real com uma pessoal do porta da personagem de Meryl Streep, sem perder as estribeiras ou ter um derrame cerebral.

A personagem central de Anne Hathaway evolui ao longo da trama como uma nave espacial sendo lançada no Cabo Canaveral. Ela passa de mocinha bonitinha com roupas mal combinadas de segunda mão, com franjinha e rosto cru, para uma mulher arrasadora, sexy, com longas e exuberantes madeixas e maquilagem digna de desfiles de moda; tudo exaltado ainda mais pelos belos olhos grandes e castanhos da atriz, assim como a maravilhosa boca carnuda, que qualquer mulher gostaria de ter e qualquer homem gostaria de beijar. Um arraso.

As beldades que desfilam pela tela também recheiam a produção com imensa beleza e leveza, mesmo que cercadas de inveja, competição danosa e desespero de todos pelo alcance da excelência na moda. Outros coadjuvantes, de bom talento, também colaboraram com seus devidos papéis. Emily Blunt é Emily, a também graciosa, porém ambiciosa primeira assistente de Miranda; Stanley Tucci é Nigel, um dos acessores de Miranda que sempre fica a sombra dela; Adrian Grenier é o dedicado namorado de Andrea, Nate, que fica em segundo plano quando ela aceita o emprego na revista; Simon Baker é outro executivo do ramo jornalístico que joga seu charme para cima de Anne e a ajuda em algumas oportunidades. E ainda contamos com a nossa Gisele Bundchen fazendo uma ponta e interpretando muito mais em 2 minutos do que tudo o que ela não fez em seu outro filme, Taxi.

Um excelente filme, com uma história e roteiro excelentes, com excelentes intérpretes. E, como diria a personagem de Meryl Streep: "Isso é tudo!".

Nota: 8/10

Felipe Edlinger
07 de março de 2008

quinta-feira, 6 de março de 2008

[MovRev] Escola de Rock

(School of Rock)

Directed by Richard Linklater

Qualquer filme com Jack Black já tem meu voto de confiança para ser eleito como um bom filme e, provavelmente, cult, cool, bacana, ou qualquer outro adjetivo para alguma coisa que gostamos e que sempre queremos rever e contar e indicar aos nossos amigos.

Apesar de uma carreira extensa com mais de 70 filmes, Jack Black apareceu realmente como o Barry de Alta Fidelidade, com John Cusack, baseado no romance homônimo de Nick Hornby. A partir daí, construiu uma carreira sólida com filmes como Orange County - Correndo Atrás do Diploma, King Kong, O Amor é Cego, Nacho Libre (meu favorito), O Amor Não Tira Férias, entre tantos outros.

Seus personagens são sempre marcantes, com gags típicas de cada arquétipo que ele cria para as produções nas quais se envolve. Com senso de humor legítimo e original, muitas vezes ácido irônico e sarcástico, ele consegue, com seu carisma, um espaço cativo junto ao seu público. Ponto pra ele.

Somado ao experiente diretor Richard Linklater, que domina as técnicas de direção e entregou alguns filmes já cult, também, como Jovens, Loucos e Rebeldes, Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol, A Scanner Darkly, entre outros, conseguem colocar comédia simpática e honesta em um roteiro bacaninha com história simples e facilmente digerível pelo grande público.

Dewey Finn (Jack Black) é um roqueiro aficcionado, que é expulso de sua própria banda de rock. Revoltado, não consegue grana para pagar sua parte do aluguel, porém vive como um vagabundo que dorme o dia todo, anda sem tomar banho e não faz nada para mudar de vida. Quando ligam para convocar seu amigo e colega de apartamento, Ned Schneebly (Mike White) para ser professor substituto em uma escola tradicional, ele resolve tomar o lugar do amigo para fazer algum dinheiro. Lá descobre pequenos talentos para a música e resolver montar sua própria banda de rock 'n' roll com as crianças que deveria educar.

O personagem escrotão e criança de Jack Black conquista o coração de qualquer um com seu estilo debochado e bonachão de ser. Folgado ao extremo, e muito vagabundo, ele tem o poder de cativar a audiência mesmo sendo um idiota total. E são poucos os atores que podem se dar ao luxo de ter tamanho talento para comédia.

As cenas de ensaios musicais são o máximo e nos fazem ter vontade de sair tocando todos os instrumentos musicais por aí a fora. Guitarra, baixo, teclados, bateria. A empolgação de Black realmente cativa a todos, uma vez que ele mesmo é músico na sua banda de rock Tenacious D; suas caras e bocas deixam claro que ele se diverte enquanto trabalha.

Todas as crianças, na faixa de 10 a 12 anos, surpreendem na atuação e transbordam talento, sem contar que todos são músicos de verdade e tocam seus instrumentos de maneira extraordinária. Destaque para Miranda Cosgrove, a mandona estudadente Summer que faz o papel de empresária da banda, Brian Falduto, o aluno com algumas tendências suspeitas, que vira o estilista do grupo, e Maryam Hassan, uma das back vocals da turma, que tem uma voz incrível e poderosa para uma criança de 10 anos.

O filme é, praticamente, uma aula de música e história da música, de Led Zeppelin à Steve Nicks, de produção à efeitos especiais e estrutura de uma banda de rock. Groupies, seguranças, back vocals, técnicos de efeitos, estilista.

Como coadjuvante, Joan Cusack faz o papel de Rosalie Mullins, diretora da escola, que é vista por todos como uma ditadora repressora. E é preciso apenas Jack Black para derreter todo o gelo e colocar a catedrática professora para dançar e relaxar ao som de rock 'n' roll.

A coleção de músicas é, com certa obviedade devido ao tema, um dos pontos altos deste filme com musicalidade a flor da pele. Estão presentes clássicos como The Who, The Doors, Led Zeppelin, T-Rex, Cream, The Ramones, No Vacancy e Steve Nicks, a favorita do personagem de Joan Cusack, com Edge of Seventeen. Além deles, ainda cumprem tabela novos talentos, como The Darkness e The Black Keys.

Uma comédia para animar a galera e encher o coração de alegria e, acima de tudo, a alma com a chama do rock 'n' roll. Com direito a mosh de Jack Black e tudo o mais.

Nota: 7.5/10

Felipe Edlinger
06 de março de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

[MovRev] Kung Fu Futebol Clube

(Siu lam juk kau / Shaolin Soccer)

Directed by Stephen Chow

Em 2002, recebi um vídeo pela internet que mostrava jogadores de futebol fazendo acrobacias e malabarismos em campo, durante uma partida. Lembro-me que achei o máximo os efeitos especiais daquela brincadeira. Mas, no final, fiquei sabendo que era um filme de verdade, dirigido por um dos mais talentosos diretores de Hong Kong.

Aquele trecho de filme era parte desta produção muito boa, chamada, em inglês, Shaolin Soccer que, infelizmente (mais uma vez!), recebeu um título cretino no mercado brasileiro, Kung Fu Futebol Clube. Uma pena que apenas pude ver o filme, oficialmente, em 2004, quando ele finalmente foi lançado no Brasil. A vergonha reside no fato de ter sido lançado diretamente em vídeo, sina da maioria dos filmes asiáticos que não têm Jackie Chan ou Jet Li como estrelas.

Com vários sucessos na carreira, seja dirigindo ou atuando, e sendo um dos atores asiáticos mais populares depois de Jackie Chan, Stephen Chow comanda com maestria esse filme sobre arte marcial shaolin e... futebol! E diverte o público com comédia honesta, história simples e situações engraçadíssimas. Apenas para constar, ele chegaria a um estrelato ainda maior, na América, com seu filme de 2004, Kung-Fusão (título cretino de novo!!!).

Stephen Chow, também ator em todos os seus filmes, é "Poderosa Perna de Aço" Sing, lutador detentor dos conhecimentos shaolin de luta marcial, que quer disseminar sua arte para o mundo. Junto com outros amigos lutadores e "Perna de Ouro", ex-estrela do futebol chinês (e aleijado), que estavam encostados pelos cantos da cidade, ele participa de um campeonato de futebol, no qual utilizam todas as suas habilidades e técnicas de mestres shaolin para se sagrarem campeões.

Fã confesso de Bruce Lee, Chow começou a desenvolver habilidades no estilo de luta Wing Chun, uma das especialidades de Lee. Com isso, e mais seu timing para comédia, teve matéria prima suficiente para fazer seus filmes, que conquistaram as maiores bilheterias de Hong Kong. Neste Kung Fu Futebol Clube, a incorporação de efeitos especiais em CGI contribuiu para gerar as cenas mais bacanas dos jogos.

Além das cenas de luta contarem com coreografias muito bem ensaiadas e executadas, por todos os atores, as situações inusitadas de comédia, em que eles se colocam são tão engraçadas que só vendo, mesmo. As reproduções das partidas conseguem ser muito convincentes, mesmo com todas as firulas shaolin com que são apresentadas. Antes o meu time de coração tivesse atacantes com a mesma habilidade...

A galeria de personagens não deixa pra menos e é um dos destaques do filme, com tantos personagens únicos. Unicamente esdrúxulos. Começando com o próprio Stephen Chow, que tem o poder shaolin de um super chute. Além dele, ainda são apresentados "Cabeça de Ferro", que trabalha em uma casa noturna; "Camisa de Ferro", que trabalha com estatística; "Mãos de Relâmpago", que está desempregado; "Peso Leve", um gordão que vive comendo e trabalha em um supermercado; e "Perna Enganchadora", que vive como lavador de pratos.

Juntos, eles eram um time de jovens mestres de artes marciais, donos de técnicas únicas. Após resistência inicial dos amigos, que contrariavam o uso dos ensinamentos sagrados em um esporte com propósitos comerciais, os seis, mais alguns antigos rivais, se transformam na equipe Kung Fu.

Como em todo filme de Stephen Chow, ainda são apresentadas cenas e números musicais, e paródias de produções de outros gêneros, que também garantem a graça do filme até o final, quando jogam/ lutam contra o Time do Mal. Destaque para algumas músicas "clássicas", como Celebration e (óbvio!) Kung Fu Fighting.

Destaque mesmo é para as cenas de jogos entre o time Kung Fu e as outras equipes, como a primeira que nem sabe o que os atingiu, a equipe de mulheres de bigode, e o último confronto contra o time de jogadores produzidos e modelados pela ciência. Além disso, o diretor consegue misturar muito bem pretensas cenas de drama como piadas imediatas para quebrar o clima totalmente. Ponto para a comédia!

Para nós, brazucas de plantão, que não estamos acostumados com a língua chinesa, é apenas mais um motivo para achar graça porque, preconceitos e brincadeiras a parte, o idioma falado se torna engraçado para quem não entende nada do que estão falando. E para quem gostar, recomendo, sinceramente, que assistam a produção mais famosa de Chow, Kung-Fusão (título cretinooooooo!!!).

Nota: 7.5/10

Felipe Edlinger
05 de março de 2008

terça-feira, 4 de março de 2008

[PP] Criatividade em Embalagens

Mais uma da série Criatividade. E dá-lhe publicitários!!!







[MovRev] Jamaica Abaixo de Zero

(Cool Runnings)

Directed by Jon Turteltaub

Não tenho como negar que um dos filmes que sempre me emocionaram, quando eu era criança, foi este simpático Jamaica Abaixo de Zero. E, para falar a verdade, continua me emocionando.

Nunca fui nenhum destaque nos esportes quando criança, ao contrário de alguns conhecidos que "comiam a bola", mas sempre idolatrei meu país com orgulho imensurável. Tanto que fantasiava participar de uma competição importante representando a minha bandeira.

Sonhava em concretizar o ideal do esporte por si só, ver a nobreza dos homens e a importância da competição saudável. Apesar de, após participar de inúmeros campeonatos e torneios quando adolescente e adulto, e ver que a realidade pouco tinha a ver com os sonhos, continuava com as filosofias dos ideais, da superação de limites, do espírito de equipe e da honra pela equipe e, acima de tudo, pelo minha nação.

E tudo isso se refletiu, em algum momento de minha vida, neste filme, que conta a história verídica do primeiro time jamaicano de trenó tentando conquistar um lugar nas competições das Olimpíadas de Inverno. Quando Derice Bannock vê suas chances de conquistar um ouro olímpico se desfazerem após se envolver em um acidente bobo nas eliminatórias dos 100 metros rasos, ele vislumbra uma nova oportunidade de consumar seu grande sonho, só que desta vez em uma Olimpíadas de Inverno, dirigindo um trenó sobre o gelo.

A simpatia dos cinco protagonistas, com o falecido John Candy interpretando o treinador do inusitado time jamaicano, garante o charme e a graça desta produção dos estúdios Disney. O obstinado e perseverante Derice (Leon Robinson), o engraçado e destrambelhado Sanka (Doug E. Doug), o mimado Junior (Rawle D. Lewis) e o brutamonte Yul Brenner (Malik Yoba) formam o quarteto-comédia que busca, na improvável missão de se classificar para as XV Olimpíadas de Inverno de Calgary, Canadá, seu lugar ao sol.

Jon Turteltaub, diretor de carteirinha dos estúdios Disney (Duas Vidas, A Lenda do Tesouro Perdido), consegue recriar uma história que poderia ser considerada como lição de moral, cheia de passagens peculiares de contos de motivação e auto-ajuda. Mas a comédia é tão leve que nada chega a ser comprometido devido ao tom natural da história verdadeira dos quatro amigos da ilha de Bobby Marley.

As situações cômicas tiram risadas até dos mais carrancudos espectadores e fica praticamente impossível não torcer pelos destemidos heróis. Inclusive, algumas das cenas são tão emocionantes que até fazem lágrimas brotarem nos olhos.

A trilha sonora é um episódio a parte de tão deliciosa que é, contando com sucessos de Jimmy Cliff, Wailing Souls, Diana King, tiger e Super Cat. Isso sem contar com o instrumental empolgante do alemão Hans Zimmer, outra celebridade do cinema (Piratas do Caribe, Batman Begins, Madagascar, entre tantos outras produções).

E confesso que todas as vezes em que assisto à produção não consigo me conter e ficar sem chorar na cena final, em que desvalorizados viram iguais, e párias se tornam heróis.

Definitivamente, uma produção com todos o padrão de qualidade Walt Disney, para toda a família, dos garotos sonhadores aos adultos de coração mole. E para os de coração duro, também, que, consequentemente, amolecem como manteiga.

Nota: 6/10

Felipe Edlinger
04 de março de 2008

segunda-feira, 3 de março de 2008

[PP] Criatividade em Ônibus

Bom, pode ser verdadeiro ou não, mas convenhamos, que é criativo, ah, isso é.