domingo, 30 de março de 2008

[MovRev] Antes de Partir

(The Bucket List)

Directed by Rob Reiner

É sempre bom quando podemos ver um confronto, ou melhor, neste caso, uma reunião de dois monstros consagrados do cinema mundial. De um lado Jack Nicholson e do outro, Morgan Freeman, ambos excelentes e indescritíveis como intérpretes.

Apenas para exemplificar, Jack Nicholson trouxe a vida o Coringa (Batman, 1989), Jack Torrance (O Iluminado, 1980), Melvin Udall (Melhor é Impossível, 1997), George Hanson (Easy Rider, 1969), entre tantos outros personagens de uma carreira brilhante que considero até pecado mencionar apenas estes. A sua contra-parte nesta produção, Morgan Freeman, não deixa por menos: incorporou Hoke Colburn (Conduzindo Miss Daisy, 1989), William Somerset (Se7en, 1995), Ellis Boyd 'Red' Redding (Um Sonho de Liberdade, 1994), Eddie Dupris (Menina de Ouro, 2004), entre outros incontáveis tipos fantásticos.

E aqui, neste ótimo filme, fazem uma parceria de arrancar risos e lágrimas. Enquanto Sr. Nicholson pratica seu já tradicional humor ácido, irônico e sarcástico, com uma pitada de amargura, o Sr. Freeman mantém seu bom humor elevado, se mostrando boa praça como sempre, com uma atitude "bola-pra-frente" que espanta quaisquer sinais de pessimismo.

profissional, sem dar a mínima para a família, desde os seus 16 anos de idade, Carter temUm é Edward Cole (Jack Nicholson), bilionário do ramo hospitalar que desfruta a vida com tudo do bom e do melhor, o outro é Carter Chambers (Morgan Freeman), mecânico sofrido que preza muito pelo bem estar da família. Enquanto Edward somente se preocupa com dinheiro e sucesso profissional, não dando a mínima importância para sua família, Carter tem uma família maravilhosa, com três filhos bem sucedidos, porém trabalha como mecânico de automóveis por 45 anos.
A vida deles se coincidem quando ambos se descobrem em uma situação difícil: eles têm câncer terminal e, no máximo, de seis meses a um ano de vida restante. Eles são companheiros de quarto e enquanto Carter recebe visitas de todos de sua família, Edward somente conta com seu assistente.
Carter escreve uma lista chamada "A Lista das Botas", com tudo o que você gostaria de fazer antes de morrer. Então, Edward, que possui poder aquisitivo de sobra, faz uma proposta ao novo amigo para que realizem todos os itens daquela lista. E é aí que a aventura começa.

O diretor Rob Reiner capturou muito bem a essência da história em mostrar dois estranhos se tornando grandes amigos e procurando fazer a vida valer a pena para que deixem este plano com a sensação de dever cumprido. Ele já tem experiência em outras produções dramáticas, como em Conta Comigo, Louca Obsessão e Cine Majestic.

A partir da tal lista das botas, vemos a diferença entre metáforas e realidade, e as dificuldades que as pessoas encontram quando existe a possibilidade da primeira tomar corpo e forma e virar a segunda. É a personificação do Carpe Diem, tanto discutido em aulas de filosofia nas faculdades, mas dificilmente colocado em prática nas rotinas do cotidiano.

Se alguém nunca se colocou pensando, raciocinando e refletindo se vale realmente a pena passar a vida toda com vínculos tão mesquinhos, como trabalho ou dinheiro, a história os dois amigos fará com que diferentes pensamentos nasçam e que a vida seja vista de uma maneira diferente, como se fosse a última chance de fazer algo que dá prazer e que valha a pena ser lembrado no dia derradeiro.
Com uma lista dessas em mãos, o que poderíamos colocar nela? Tudo o que quiséssemos ou apenas coisas factíveis? Seriam sonhos ou apenas vontades concretas e nada de devaneios? A verdade é que tudo diz respeito a sonhos e vontades, que são o combustível da alma de qualquer pessoa. No caso dos personagens do filme são: saltar de para-quedas, fazer tatuagem, dirigir um Shelby 350, ir ao Himalaia, fazer safari, subir as pirâmides, andar de moto na grande muralha da China. Sonhos e devaneios tão delirantes que, por que não, podem se tornar realidade um dia.

E todas essas vontades geram cenas agradabilíssimas como a que eles cantam In the Jungle, durante um safari na África, ou a que eles brigam saltando de para-quedas, ou ainda a conversa ao pôr do sol sentados no topo de uma pirâmide no Egito. O que nos leva as locações do filme, que são de deixar qualquer pessoa, especialmente aqueles viciados e desejosos de novas viagens, com água na boca: Egito, Índia, França, África, China, Tibet.

Durante três meses de convívio intenso, eles aprendem e ensinam mutuamente. Aprendem que o amor, no final, é o que nos prende a este plano e o importante é estar ao lado de quem você ama e nunca guardar rancor de pessoas que são importantes para você. É fazer aquilo que sempre tiver vontade de fazer e não deixar desejos e sonhos se desfazerem simplesmente por não tentar. E, acima de tudo, que nunca é tarde para encontrar o amor verdadeiro ou um grande amigo.

Um filme gostoso de se assistir, principalmente de se sentir no coração. As falhas de continuismo não quebram a beleza desta produção que transforma as disparidades de vidas em convergência de almas com um único objetivo em comum: fazer a vida valer a pena. As lágrimas descerão no final e nos farão refletir sobre o que queremos de nossa vida, porém em especial para os três últimos itens na lista que eles fizeram.

Os olhos, ao final da vida, estarão fechados, porém o coração estará aberto. Preparem os lenços.

Nota: 8/10


Felipe Edlinger
30 de março de 2008

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