...e assim caminha a humanidade...

"Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai atingí-la." (Salvador Dali)
"Et quacumque viam dederit fortuna sequamur." (Virgílio)
"Always think about a coloured tequila sunrise life." (Felipe Edlinger)
"Foda-se a balada, o que importa é a companhia." (Felipe Edlinger)
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quinta-feira, 31 de julho de 2008

[MovRev] Mandando Bala

(Shoot'Em Up)

Dirigido por Michael Davis

Fantástico! Eu nunca havia visto um filme tão agitado, rápido e de tirar o fôlego como este Mandando Bala. Praticamente um videoclipe de ponta a ponta, é ação incessante, na medida certa para quem gosta muito de filmes do gênero. Com suas perseguições e tiroteios, não chega a ser um clássico, mas com certeza vai satisfazer até os fãs mais exigentes.

Um homem, que atende simplesmente pelo nome de Mr. Smith (Clive Owen), vê uma mulher grávida sendo perseguida pelas ruas por um homem armado. Ele, relutantemente, resolve segui-la e salvá-la. Quando isso acontece, ele se vê no meio de um enorme tiroteio, com duas dezenas de atiradores. No meio do caminho, aliás, do tiroteio, ele realiza o parto do bebê e ainda sai ileso do quebra-pau. Infelizmente, a garota morre. Então, ao lado de Donna Quintano (Monica Bellucci), uma prostituta lactante, ele vai até o fundo do poço para descobrir o porquê de tantas pessoas estarem atrás do filho recém-nascido de uma mulher que ele nem ao menos conhece.

A razão de Mandando Bala ser tão bacana tem três pilares fundamentais: a) a direção esperta e certeira de Michael Davis, b) a atuação autêntica, mais uma vez, de Clive Owen, e c) a trilha sonora fantástica, de apelo pop, inteiramente conectada com as cenas de ação.

Michael Davis, responsável por algumas porcarias sem maior repercussão ao longo da carreira, consegue se redimir de todos os pecados ao acertar na mosca com uma produção ligeira e muito bem coreografada. A câmera nervosa do diretor segue a ação non-stop tão de perto que nos dá a sensação de ser colegas de pancadaria de Clive Owen, utilizando zooms incríveis e panorâmicas vertiginosas. E como não bastasse o excelente trabalho na direção, ele ainda ganha mais créditos por ser o autor do roteiro agitado. Não que seja um trabalho digno de Oscar, mas é show de bola!

Clive Owen é o cara! Dono de atuações viscerais, como em Sin City, Closer e Filhos da Esperança, ele já tem nas costas a série bacanésima de curtas da BMW, The Hire, em que interpreta um motorista em diversas cenas de perigo, sempre no comando do carro alemão. Com cara de mau humorado, ele não pára nunca e sempre tem uma saída para as piores ocasiões. O mesmo acontece aqui, em que nem por um mísero segundo, ele deixa de ter o comando da situação. E tudo de uma maneira quase irônica, que deixa um sorriso no rosto de quem assiste às suas peripécias.

A trilha sonora é um ponto altíssimo, que consegue elevar ainda mais a adrenalina das cenas de ação e acentuar os poucos momentos em que tiros não voam para todos os lados. Paul Oakenfold, Nirvana, Motorhead, AC/DC, Iggy Pop. Quer mais? Além da pauleira comendo solta, DJ Swamp e Midnight Movies fazem as vezes dos momentos mais calmos (que momentos mais calmos?).

A coisa boa é que o próprio filme não se leva muito a sério, tanto que as cenas de ação não param nem mesmo quando Clive Owen faz o parto de um bebê, transa com Monica Bellucci ou senta em um restaurante para tomar café. Algumas das cenas são hilárias que, de tão impossíveis, poderiam estar em uma comédia, mas que ganham um ar totalmente cool nas linhas de Michael Davis e na atuação de Clive Owen.

Os efeitos especiais são de primeira categoria, ainda mais porque, como dito antes, emolduram as cenas exageradas que complementam a graça do filme. Praticamente todas interligadas pelo mau humor e intolerância do Mr. Smith com as coisas mais idiotas. Nas palavras de Monica Bellucci, ele é "o cara mais nervoso do mundo".

Para completar, Paul Giamatti e Monica Bellucci preenchem os papéis de coadjuvantes deste programão, com grandes atuações. Ele, competente como em todas as suas produções e mau como poucas vezes visto. Ela, deliciosa e bela como nunca, mesmo no alto de seus 44 anos.

E depois de assistir a esse show de ação, vocês ainda vai ficar com vontade de comer cenouras. Não me pergunte o porquê, você saberá! =)

Nota: 8/10

Direção: Michael Davis
Roteiro: Michael Davis
Elenco: Clive Owen & Paul Giamatti & Monica Bellucci & Stephen McHattie
Estréia: Novembro de 2007
Gênero: Ação & Aventura
Duração: 86 minutos
Distribuidora: New Line Cinema
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por Felipe Edlinger
31 de julho de 2008
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quarta-feira, 30 de julho de 2008

[Web] Amigo de Fé

Independente das crenças e religiões, é extremamente importante ter alguém que te entenda e que esteja ao seu lado em todas as ocasiões. Nunca estamos sozinhos no mundo. Não pensei em dizer isso algum dia, mas a letra daquela música do Roberto Carlos, "Você meu irmão de fé", é mais do que verdadeira.

[MovRev] Grandes Esperanças

(Great Expectations)

Dirigido por Alfonso Cuarón

As obras de Charles Dickens são atemporais. Também são estranhas, mas adoradas por todos. E há sempre uma liçãozinha de moral ao final de cada um de seus contos. Mundialmente conhecido por suas maiores obras, como Oliver Twist, A Christmas Carol, Um Conto de Duas Cidades e este Grandes Esperanças, essa regra praticamente não muda em cada uma de suas histórias.

Com inúmeras adaptações de seus contos para o cinema e televisão (mais de 250 para dar uma obra de grandeza), em especial A Christmas Carol (ou Canção de Natal, aquela da história dos três espíritos natalinos), ele, de tempos em tempos, recebe mais uma adaptação de seu trabalho. Porém, com este Grandes Esperanças a coisa é um pouco diferente. Com mais de 10 adaptações já na lista, este filme dirigido pelo ótimo diretor mexicano Alfonso Cuarón é uma releitura muito mais livre, aberta e interpretada do que seus semelhantes.

Aqui, Cuarón faz quase o qeu Baz Luhrmann fez com a obra de William Shakespeare em Romeu + Julieta, com Leonardo di Caprio e Claire Danes, porém, acentuando a parte mais sombria e estranha que ele já havia destacado um pouco em A Princesinha e que viria a ser seu teor em produções futuras, como Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e Filhos da Esperança. Enquanto Luhrmann mostrou o exagero de luzes e cores em Romeu + Julieta, estudo para seu Moulin Rouge!, de 2001, sem alterar os diálogos originais, Cuarón faz o mesmo pelo lado de Dickens, porém, acentuando os contrastes entre luzes e trevas.

Diferente dos dois Oscars do filme de 1946, este Grandes Esperanças é uma enaltação ao estranho e a ausência de lógica, como uma boa obra de Dickens é. Com cenários de beleza nada óbvia, a ambientação da obra em uma realidade retratada nas décadas de 1980 e 1990 muda a perspectiva da obra, mas não sua essência.

Finnegan Bell (Ethan Hawke) é um garoto humilde que, às vezes, trabalha como jardineiro para fazer algum dinheiro. Mora com a irmão Maggie (Kim Dickens) e com o namorado dela, Joe (Chris Cooper). Quando ele vai fazer um trabalho na man~soa da solteirona-maluca Ms. Dinsmoor (Anne Bancroft), ele se apaixona por Estella (Gwyneth Paltrow), menina rica e mimada com quem cresce junto, nutrindo uma paixão platônica arrasadora. Porém, em realidades diferentes, ele sempre fica a sombra da menina e nunca consegue concretizar seu sonho de tê-la em seus braços, servindo apenas para ser atiçado pela crueldade da garota. Separados por anos, depois da adolescência, um benfeitor anônimo o proporciona a oportunidade de ir trabalhar em Nova York, expor seus trabalhos de pintor e ser bem sucedido. E, dessa maneira, ele fica mais próximo de fazer com que Estella, criada para sentir desprezo pelos homens, se apaixone por ele.

Ethan Hawke sempre foi um camarada legal, com bons filmes no curriculum vitae que fazem parte da filmoteca de qualquer romântico que se preze, como Sociedade dos Poetas Mortos, Antes do Amanhecer e Ante do Pôr do Sol. E consegue mais uma vez com Grandes Esperanças, com um papel simples à primeira vista, mas que revela um personagem honesto e mais complexo do que poderia parecer em sua cega obsessão pelo eterno amor platônico.

Sua parceira de cena, a ex-senhora Brad Pitt, Gwyneth Paltrow, é uma graça de pessoa. Mesmo que muitas vezes seja vista como uma profissional "sem sal", ela tem suas qualidade como atriz, mesmo que o seu Oscar de Melhro Atriz por Shakespeare Apaixonado tenha sido um erro enorme da Academia, tendo em vista que Fernanda Montenegro também concorria pelo seu papel em Central do Brasil. Aqui, Paltrow está cruel, seca e etérea como a fonte da paixão do garoto Finn, gerando até certo desprezo e antipatia por parte dos expectadores.

Mas quem rouba a cena (ou as cenas), mesmo em papel secundário, é Anne Bancroft, a eterna Mrs. Robinson, como a solteriona amalucada Ms. Dinsmoor, tia de Estella, que foi abandona no altar, aos 42 anos, por seu noivo. E em uma ponta de luxo, Robert de Niro, sempre ele, se destaca como Lustig, um prisioneiro ajudado por Finn quando criança. Incorporando personagens de grande vigor e presença em cena, eles garantem o tom emocional à trama.

Extremamente teatral, como não poderia deixar de ser, o desenrolar da trama tem um "q" de onírico, principalmente por causa dos cenários, das tomadas mais intimistas e das situações absurdas. Praticamente recitado como uma peça, o filme deve muito à firmeza do diretor e à interpretação no ponto dos ótimos atores.

É uma história de amor como outra qualquer, mas de Dickens. A busca pelo inatingível, o desprezo pelo fácil, a luta pelo que se deseja e o insaciável desejo pelo amor, ou seja, tudo o que gera grandes esperanças. Não deixa de ser uma história crua e cruel (novamente, como toda história de Dickens), mas que vai encantar, e até assustar, alguns corações.

Nota: 7.5/10

Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Charles Dickens & Mitch Glazer
Elenco: Ethan Hawke & Gwyneth Paltrow & Chris Cooper & Anne Bancroft & Robert De Niro & Hank Azaria
Estréia: Maio de 1998
Gênero: Drama & Romance
Duração: 111 minutos
Distribuidora: Columbia TriStar
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por Felipe Edlinger
30 de julho de 2008
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domingo, 27 de julho de 2008

[MovRev] 60 Segundos

(Gone in 60 Seconds)

Dirigido por Dominic Sena

Nic, Nic, Nic. O que há de errado com você? Um ator de qualidade e competência para estrelar filmes de sucesso que cisma em tentar fazer filmes cool para um público mais abrangente e que, vira e mexe se mete em produções caras e ineficazes. A lista é longa, em especial os mais recentes, como O Sacrifício, Motoqueiro Fantasma e O Vidente. E como não poderia deixar de ser, esta refilmagem do filme de H.B. Halicki, de 1974.

Nicolas Cage é Randall "Memphis" Raines, um especialista em roubo de carros que está afastado da cidade há seis anos. Porém, quando seu irmão Kip Raines (Giovani Ribisi, sem graça alguma), enroscado até o pescoço com um novo mafioso do pedaço, precisa de ajuda, ele corre em seu auxílio e deixa a aposentadoria de lado. Para salvar a pele do irmão, ele tem que conseguir uma façanha enorme, mesmo para o maior ladrão de carros de todos os tempos: roubar 50 carros top de linha em apenas 3 dias. porém, ele não pode fazer nada sozinho e consegue reunir antigos amigos para um último trabalho.

Nicolas Cage, Giovani Ribisi, Angelina Jolie, Delroy Lindo, Timothy Oliphant, Robert Duvall. Atores de calibre grosso e uma porção de carros esportivos de encher os olhos. Não adiantou, mesmo com tantos atrativos, parece que a nova aventura de Randall Raines em uma noite não colou muito. Mesmo com ação rápida, carros em alta velocidade e perseguições de tirar o fôlego, a trama é insossa para um filme que tinha tudo para ser mais um ícone de filmes de carros.

O original consegue ser muito mais charmoso, com direção, roteiro e atuação de H.B. Halicki, que somente fez filmes de carros, que rendeu, inclusive, o roteiro desta produção atual. Coincidente e infelizmente, ele morreu em uma cena de dublês, durante as filmagens da seqüencia do 60 Segundos original, em 1989. E este aqui não tem a principal atração do primeiro, uma cena de perseguição de 40 minutos em que 93 carros são destruídos. Coisa que era (pasmem!) o principal atrativo do filme em sua estréia, três décadas atrás. Impressionante! =)

Todo o charme e atmosfera bacana que apareceu em Velozes e Furiosos (o primeiro claro, não as duas continuações meia-boca), com o carismático Vin Diesel, não aparece por aqui. Nicolas Cage com cabelos claros e arrepiados apenas não é pior do que os implantes de Motoqueiro Fantasma. Angelina Jolie, que tem tudo para ser atração em qualquer filme, está sem graça e deslocada como uma ex-namorada do personagem de Nic Cage. Até mesmo Vinnie Jones, ex-jogador bruto de futebol que despontou nos filmes do inglês Guy Ritchie, marido da Madonna, não consegue o mesmo ar bacana e descolado de suas "performances" anteriores. E Timothy Oliphant em um papel de mocinho é simplesmente errado; ele sempre será o anti-herói.

Dominic Sena, oriundo dos videoclipes de Janet Jackson, apesar de emplacar um filme bacana com Kalifornia, não repetiu o mesmo neste 60 Segundos. Depois dele, conseguiu um produto diferenciado com Swordfish - A Senha, de 2001. Também, com John Travolta, Hugh Jackman, Hale Berry, Don Cheadle, Sam Shepard e Vinnie Jones, o trabalho de "fazer porcaria" fica um pouco mais difícil. Mas depois deste, nada mais até agora.

O roteiro, baseado no original de H.B. Halicki, não consegue empolgar, com exceção das poucas cenas de perseguições, como a final de Nicolas Cage versus Delroy Lindo.

A trilha sonora é um dos poucos pontos que não merecem críticas, além de um comentário do tipo "excelente!". Inclui sucessos de The Cult, Moby, Groove Armada, The Chemical Brothers, Ice Cube, DMX. De rap a música eletrônica, consegue emoldurar muito bem as cenas de ação que permeiam as melhores (?) partes da trama.

O destaque, realmente, vai para os carros de Randall Raines. De Ferraris a Mercedes Benz modernosas, passando por Hummer, Jaguar e Cadillac, a coleção de máquinas é um colírio para os olhos de quem gosta de quatro rodas. A pérola é Eleanor, principal carro a ser roubado por Nicolas Cage, um Mustang Shelby GT-500, de 1967. Para tanta coisa fora do lugar, uma simples corrida dentro do clássico tesouro vale a viagem.

Nota: 4/10

Direção: Dominic Sena
Roteiro: H.B. Halicki & Scott Rosenberg
Elenco: Nicolas Cage & Giovanni Ribisi & Angelina Jolie & Delroy Lindo & Timothy Olyphant & Robert Duvall & Vinnie Jones
Estréia: Agosto de 2000
Gênero: Ação & Crime
Duração: 117 minutos
Distribuidora: Touchstone Pictures
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por Felipe Edlinger
27 de julho de 2008
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sábado, 26 de julho de 2008

[Felipe's MFQ] The Dark Knight

The Joker:
"I believe... whatever doesn't kill you, simply makes you... Stranger..."

"Y'see, madness, as you know, is like gravity. All it takes is a little...push."

"The only sensible way to live in this world is without rules!"

"You either die a hero, or you live long enough to see yourself become the villain."

2008. Heath Ledger in The Dark Knight

[MovRev] Batman - O Cavaleiro das Trevas

(The Dark Knight)

Dirigido por Christopher Nolan

Com certeza, o melhor filme do ano até o momento, o que provavelmente irá se confirmar quando o final de dezembro chegar! E sem sombra de dúvidas, um dos grandes filmes de crime de todos os tempos, lado a lado com Os Bons Companheiros e Los Angeles - Cidade Proibida. Se a Academia não for preconceituosa, a arte vista neste Cavaleiro das Trevas pode render premiações em inúmeras categorias, como melhor filme, direção de arte, maquiagem, direção, som, figurino, e claro, melhor ator para Heath Ledger.

Sou grande fã de histórias em quadrinhos da Marvel Comics, porém tenho que reconhecer que a DC Comics mandou muito bem agora, mesmo com todas as boas (e cada vez melhores) produções da rival, agora como um estúdio de cinema oficial. Quem tinha suspeitas de como a DC iria reagir à enorme leva de boas adaptações da Marvel, pode ficar muito mais tranqüilo, mesmo depois do fracasso de Superman Returns.

Christopher Nolan conseguiu mais uma vez. Além de já ter capturado a verdadeira essência do cavaleiro das trevas em Batman Begins, ele extrapola os limites, tem todos os sentidos, com esta nova história do homem-morcego. Ainda mais porque o filme não é um mero filme de quadrinhos, mas sim, um filme dramático, gótico, emocional, sobre crime, corrupção, vingança e raiva. Nosso Batman aqui é alguém violento, sozinho, raivoso, de poucos amigos e que quer descontar de alguma maneira sua raiva com a vida, mas que sempre tem um contraponto para balancear a vida como um todo. É a eterna briga entre o bem e o mal, o certo e o errado, o adequado e o conveniente, que habita o peito de Bruce Wayne.

Os Nolan, Christopher na direção, e Jonathan na roteirização, repetem a maestria do seu trabalho em conjunto, com o qual já fomos premiados em outras pequenas obras de arte, como o espetacular Amnésia (2000) e o estrelar O Grande Truque (2006).

Após os acontecimentos de Batman Begins, Bruce Wayne (Christian Bale) continua sua saga como o Batman, pelas ruas da violenta Gothan City. Apesar de querer inspirar as pessoas para o bem, ele percebe que sua postura como um vigilante mascarado apenas está as levando a um comportamento mais violento do que antes. Antes sozinho na luta contra a criminalidade, agora ele conta com o suporte do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), que luta por uma cidade mais segura e disputa o amor de Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal) com Bruce Wayne. Continuamente ajudado pelo mordomo Alfred (Michael Caine) e por Lucius Fox (Morgan Freeman), ele segue firme em sua tarefa de expurgar os bandidos de sua cidade. Porém, um novo criminoso, psicótico e extremamente perigoso, surge do nada e coloca a realidade de pernas para o ar. Atendendo pela simples alcunha de Coringa (Heath Ledger), ele espalha terror por todos os cantos por onde passa, mostrando ao homem-morcego que o mal existe simplesmente por existir.

Se Batman Begins já era um filme à beira da perfeição, com algumas exceções mais conflitantes, este é o MELHOR filme de personagens de histórias em quadrinhos de todos os tempos, sem nenhuma sombra de dúvidas. Lado a lado com Sin City, Homem Aranha 2, HellBoy e o primeiro Superman, Batman - O Cavaleiro das Trevas se mantém à frente de todos os outros por um diferencial latente: é perfeito em todas as categorias. Além de ser uma transcrição perfeita da atmosfera e do caráter do personagem, ele é um filme que não pode ser apenas classificado como uma adaptação de uma HQ.

A direção de arte de Simon Lamont, que também supervisionou o mesmo departamento na produção de Batman Begins, é impecável, incriticável em qualquer quesito. A reprodução de uma Gothan City caótica e com medo, sempre sombria e chuvosa, chegou no ponto em que os mais ardorosos dos fãs gostariam de ver. E que satisfaz, inclusive, até aqueles que não têm contato com a história do personagem, e apenas buscam diversão para uma terça-feira à noite. A representação e o clima de uma cidade que se entrega ao desespero por ter em suas veias um maníaco assassino sem escrúpulos à solta é irretocável.

Com base em um roteiro extremamente coeso e diálogos afiados e assustadores, o elenco é composto de um grupo de atores, grandiosos por natureza, diga-se de passagem, que não apresenta falha alguma, durante todo o longa. Todos os personagens foram muito bem incorporados, deixando bem claro como um filme deve ser encarado e interpretado. Além dos personagens principais, que entregam as melhores interpretações em filmes do vigilante, os coadjuvantes demonstram tamanha tranqüilidade e conforto em seus papéis que parecem ter nascido para o papel. Michael Caine volta como o mordomo Alfred, assim como Gary Oldman como o Tenente Gordon, com a competência de grandiosíssimos atores que são. Morgan Freeman como Lucius Fox está um pouco mais presente na trama, com destaque também para Eric Roberts, como o mafioso Salvatori Maroni e Nestor Carbonell (Lost), como o prefeito de Gothan City. Maggie Gyllenhaal aparece como a ex-namorada de Bruce Wayne, Rachel Dawes, papel que foi de Katie Holmes, em Batman Begins; mesmo sem o mesmo sex-appeal da amiga, ela também está afiadíssima. Aaron Eckhart aparece como Harvey Dent, promotor público honesto da cidade e futuro criminoso Duas Caras, mostrando que pode até ganhar de lambuja uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

Christian Bale está novamente no papel do justiceiro noturno, encarnando novamente a mais bacana e adequada versão do Batman, de todos os tempos. Ainda mais à vontade na nova armadura de morcego, ele melhora sua interpretação para mostrar a raiva e a rispidez do herói. Porém, mesmo com um trabalho de primeira linha, com Bale tendo no sangue o comportamento e filosofia do cavaleiro das trevas, o Batman virou, praticamente, um coadjuvante perto do Coringa de Heath Ledger.

E falando em Coringa, Heath Ledger está monstruoso, irreconhecível e magistral. Acima de tudo, fez algo que parecia impossível: colocou Jack Nicholson (e o Coringa dele de 1989) em um carrossel e disse "fica aí porque você é uma criancinha mimada". Com cicatrizes assustadoras e manias totalmente fora de si, dá para entender o porquê dele se sentir tão exaurido de forças ao término das filmagens, o que culminou (supostamente) em sua morte acidental por overdose de remédios calmantes. Fazendo uso de línguas e caretas exageradas, ele é tão poderoso e intenso em sua interpretação que mete medo em qualquer um. Dá para ver que o sangue dele é verde e que não é apenas a maquiagem que o transforma no inimigo mais feroz e cruel do homem-morcego. Ele transpira seu personagem como pouco se vê no cinema, talvez atualmente apenas com Daniel Day Lewis. Heath ledger era o que havia de melhor na nobre arte.

Finalmente, o Coringa (ou qualquer outro vilão das graphic novels) foi concebido para o cinemão como ele aparece originalmente: sádico, sarcástico, psicótico, caótico ou, melhor, convergindo todo o mal que existe, simplesmente por existir. Deixemos de lado o palhaço George Romano, da antiga série televisiva, e Jack Nicholson. O Coringa definitivo é esse australiano mais do que competente. Eterno. Outro ponto algo do personagem, e do Nolan roteirista, é não tentar discutir as origens do vilão, encarando-o como o mal que está sempre a nossa espreita, apenas está ali. É o inimigo que não se consegue vencer, sempre um passo a frente da lei e da justiça, que encontra no seu antagonista sua razão de viver.

Um dos poucos filmes que dou nota 10, parelho com Caçadores da Arca Perdida e O Império Contra-Ataca, cada um à sua maneira. Um exemplo de como se fazer correto o que deve e merece ser correto. Um trabalho esmerilhado ao extremo que já deixa muitos fãs, mesmo com seus poucos dias de carreira. Digno dos astros. Digno dos fãs. Muito obrigado Christopher Nolan e que Deus o tenha, Heath Ledger.

Nota: 10/10

Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan & Jonathan Nolan
Elenco: Christian Bale & Heath Ledger & Aaron Eckhart & Michael Caine & Maggie Gyllenhaal & Gary Oldman & Morgan Freeman & Eric Roberts & Nestor Carbonell
Estréia: Julho de 2008
Gênero: Ação & Crime & Drama
Duração: 152 minutos
Distribuidora: Warner Bros. Pictures
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por Felipe Edlinger
26 de julho de 2008
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[MovRev] A Fantástica Fábrica de Chocolate

(Charlie and the Chocolate Factory)

Dirigido por Tim Burton

Amo o trabalho de Tim Burton, isso é fato. Gosto do seu lado sombrio e estranho sobre a vida. Mas, principalmente, pelo fato de que, mesmo nas mais hediondas e lúgubres histórias, ele consegue encontrar lugar para colocar romance, paixão e amor, de maneira nem um pouco óbvia, mas marcante.

Foi assim com Edward, Mãos de Tesoura, O Estranho Mundo de Jack, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, A Noiva Cadáver, Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet. E, com certeza, perdurará ainda por muitas outras de suas futuras produções, como Alice in Wonderland, sua releitura para o clássico de Lewis Carrol.

O trabalho de Burton é único, seguindo sempre (ou quase) as características do alternativo, do fantástico, do impossível e da ausência de razão. Mas seu trabalho é uma arte. E é isso que vemos em sua releitura/ remake de A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Agora, cá entre nós, é preciso saber apreciar o que esse gênio faz porque, caso contrário, esta produção poderá parecer apenas um filme estranho, ruim e sem fundo educacional, exatamente o oposto da obra original de Gene Wilder, também baseada no livro de Roald Dahl, de 1964.
Porém, enquanto o filme estrelado por Wilder era óbvio em suas intenções, o de Burton, como toda sua obra, é uma gema bruta que sempre precisa ser lapidada para ser entendida.

A Fantástica Fábrica de Chocolate, versão 2005, é um filme que trata sobre os mesmos assuntos que a obra de 1971: abandono, amor, redenção, e o mais óbvio, alguns dos pecados capitais, enaltecidos em cada uma das outras quatro crianças que participam da visita a tal fábrica de chocolates. O único porém é que o filme de Burton é ácido e cruel, como a vida costuma, normalmente, ser, e não uma viagem setentista como seu antecessor.

Charlie (Freddie Highmore) é um garoto pobre que vive em uma pequena e surrada casa com o pai (Noah Taylor), a mãe (Helena Bonham Carter) e os avós. Sonha dia e noite com a fantástica fábrica de chocolates de Willy Wonka (Johnny Depp), que fica na mesma cidade em que mora. Recluso há tempos em sua própria fábrica, Willy Wonka faz uma promoção em que cinco crianças poderão visitar as instalações de sua fárbica por um dia inteiro, bastando apenas encontrar um tíquete dourado em uma das barras de chocolate Wonka. As cinco crianças escolhidas e seus acompanhantes fazem um tour pela grande empresa de Wonka, que vai escolher uma delas para ganhar um prêmio especial ao final do dia.

A direção de arte das produções de Tim Burton surpreendem, inclusive, os fãs de suas obras. O figurino desta foi indicado ao Oscar, com méritos. A maquiagem dá aos personagens um ar parte onírico, parte futurista. Os cenários são de uma grandeza inconcebível. É verdade que as tecnologias de hoje são muito mais avançadas que as de outrora, as técnicas evoluíram, mas com relação ao filme original, seria como comparar o Playcenter com a Disney World, as proporções são abismais e justificáveis.

Não que a obra de Gene Wilder não seja boa, muito pelo contrário, ela tem seus devidos méritos, mas seu público-alvo, com certeza, é outro. O original de 1971 é um filme lindo, extremamente doce, mesmo quando as crianças se demonstram não merecedoras da confiança de Willy Wonka. Aqui, é óbvio que temos muito menos açúcar misturado na água.

Ninguém mais perfeito para interpretar os anseios e idéias de Tim Burton do que seu alter-ego Johnny Depp, mais uma vez fabuloso, em mais um personagem bizarro. Seu Willy Wonka é quase um sadista, com visual andrógino, passado nebuloso e acidez na ponta da língua. Não falei? Ácido! Nada para crianças.

Todo o elenco tem grande destaque, equilibrando um pouco mais em favor da obra, o que normalmente acontece em função de Depp. Até mesmo porque ele encontra um pequeno grande concorrente em Freddie Highmore, de 13 anos à época, em seu quarto trabalho para o cinema e segunda colaboração com Depp (a primeira foi Em Busca da Terra do Nunca, no ano anterior). Ainda há espaço para eficientes Noah Tayor, como o pai de Charlie, Helena Bonham Carter (esposa de Burton), como a mãe de Charlie, e o excelente David Kelly, como o avô Joe. Christopher Lee faz uma ponta como o Dr. Wonka, pai de Willy, de fora do original. E o keniano Deep Roy é o responsável pela cara e visual de todos os oompa loompas.

A obra é mais bem adaptada do livro de Roald Dahl do que a de Wilder, o que inclui muito mais sobre os oompa loompas e sobre o próprio passado de Willy Wonka, deixando a história um pouco mais adequada para os adultos do que para as crianças (de novo, como todas as obras de Burton).

É como uma história de de ninar, porém com um apelo um pouco mais pesado como como O Cravo Brigou com a Rosa, ou Nana Nenê que a Cuca vem Pegar. Com o propósito de educar, mas de dar medo.

Nota: 8/10

Direção: Tim Burton
Roteiro: Roald Dahl & John August
Elenco: Johnny Depp & Freddie Highmore & David Kelly & Helena Bonham Carter & Noah Taylor & Deep Roy & Christopher Lee
Estréia: Julho de 2005
Gênero: Comédia & Aventura
Duração: 115 minutos
Distribuidora: Warner Bros. Pictures
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por Felipe Edlinger
26 de julho de 2008
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sexta-feira, 25 de julho de 2008

[MovRev] O Caçador de Pipas

(The Kite Runner)

Dirigido por Marc Forster

Tenho que ser honesto em dizer que, quando li O Caçador de Pipas, bestseller mundial imediato do escritor afegão Khaled Hosseini, obra a qual este filme transcreve para a telona, não achei lá essas coisas que todos estavam pintando de dourado. Com certeza, é uma obra literária muito bem escrita, bem amarrada e competentemente gerada para fazer emocionar. Porém, a movimentação em prol da obra e os comentários de Deus e o mundo me deixaram um pouco impaciente antes mesmo de conhecer a história, o que me fez não gostar tanto da história de Amir e Hassan.

Por outro lado, tenho que reconhecer que tanto o livro de Hosseini, quanto o filme de Marc Forster são competentes e muito bem realizados. Portanto, não serei injusto pela minha primeira opinião parcialmente influenciada.

Amir (Khalid Abdalla, quando adulto, e Zekeria Ebrahimi, quando criança) é o filho único de Baba (Homayoun Ershadi), um afegão rico e abastado que garante ao filho uma vida de mordomias, em uma nação assolada pela pobreza, mesmo que não demonstre afeto pelo mesmo. Junto com eles, vivem Ali (Nabi Tanha) e Hassan (Ahmad Khan Mahmoodzada), pai e filho hazaras (espécie de casta social baixa nos países muçulmanos), que são tratados por Baba como pessoas da própria família. Amir e Hassan são amigos inseparáveis, com devoção sem contestamento de Hassan a Amir, eles fazem tudo juntos, curtindo a infância como devem fazer as crianças. Porém, a certa altura, algo muito ruim acontece e a amizade dos dois estremece. Com a Guerra adentrando o Afeganistão, Baba e Amir fogem de sua terra natal, tomada pelos russos, para irem a América, tendo em vista a terra das oportunidades dos Estados Unidos. Com a fuga para outro continente, Amir deixa toda sua história para trás e constrói uma nova vida longe de seu passado. porém, muitos anos depois da Guerra ter acabado, seu passado retorna e ele tem que, finalmente, enfrentá-lo de frente.

O Caçador de Pipas é um drama forte, que deixou seu público literário chocado e faz o mesmo com boa parte de seus espectadores. Existe mensagens explícitas em sua história que não deixam a mente ficar quieta por um instante; um mix de choque, repugnamento e asco. Mas também há a presença do amor, da amizade e da superação das dificuldades que faz o contraponto para todo o horror demonstrado na história de Amir.

A qualidade técnica do filme é evidente, com cenários fantásticos, filmados na China (uma vez que o Afeganistão continua em eternos conflitos, internos e externos), que traduzem perfeitamente (do ponto de vista de um ocidental) a realidade do país, em sua prosperidade e quando assolado pela Guerra Fria. Os efeitos especiais são apenas utilizados quando necessários, mesmo porque a trama não os requer de maneira acentuada. O mesmo ponto de vista que mostra a vastidão e imensidão da vida, mostra a devastação e a solidão do ser humano. Coisa de quem tem o dom.

E quem tem o dom é, sem dúvidas, o diretor Marc Forster, responsável por ótimos filmes, como o etéreo Mais Estranho que a Ficção e o devastador A Última Ceia, além de pequenas obras de arte, como o maravilhoso Em Busca da Terra do Nunca e o estranho mas ótimo A Passagem. Dono de um currículo invejável, ele desta vez trabalha uma obra já consagrada, no lugar das histórias criadas para suas obras. De uma maneira ou de outra, ele continua com a mesma competência de sempre em garantir que a história seja passada a diante, quase intacta, com as emoções cabíveis e interpretações de porte.

Por outro lado, o roteiro do já experiente David Benioff (A Última Hora, Tróia, A Passagem) deixa alguns elementos importantes do livro de fora da trama, o que compromete um pouco o desenrolar da história e pode não deixar a melhor das impressões em quem assiste ao filme, sem ter lido o livro antes. Apenas para exemplo, o peso nas costas de Amir após sua fuga do Afeganistão não é devidamente demonstrado e não faz a ligação entre as duas metades da vida do garoto (Afeganistão e América, contada em flashbacks). Talvez, tenha sido um dos únicos pontos importantes deixados de fora para que a história fosse traduzida de maneira mais eficiente. Mas ainda assim, funciona. Vamos torcer para que em X-Men Origins: Wolverine, seus dotes de escritor estejam mais afiados, principalmente porque os fãs serão muito mais ferrenhos depois do nível de excelência de Batman - O Cavaleiro das Trevas.

Além de tudo isso, a produção teve uma ousadia enorme, com relação a sua campanha mundial de lançamento, que foi ter toda a sua trama realizada com diálogos em pashtu, língua oficial do Afegahistão. Não que nós, brasileiros, não estejamos acostumados a ler legendas, mas os americanos praticamente não sabem o que isso significa.

E para manter a qualidade da língua, Marc Forster chamou bons atores de outras nacionalidades para representar seus personagens principais, como o protagonista Khalid Abdalla (Amir adulto), Shaun Toub (Rahim Khan) e Homayoun Ershandi (Baba). Apesar das nacionalidades diferentes, todos falam fluentemente a língua original do Afeganistão. São todos eficientes e nenhum se destaca mais do que o necessário, mantendo uma eqüidade durante toda a produção. Não é um filme para brilhantismos de intérpretes, mas sim da história. Mais um ponto para Forster.

Por outro lado, se um destaque merece ser reconhecido, cabe as duas crianças Zekeria Ebrahimi e Ahmad Khan Mahmoodzada, como os jovens Amir e Hassan, respectivamente. Sem nenhum experiência prévia nos cinemas, os garotos de 12 e 14 anos (mais do que aparentam e representam) conseguem transcrever com firmeza e fidelidade os comportamentos dos personagens literários.

Como dito, O Caçador de Pipas é um filme cru, bastante chocante, em partes pelas imagens, em parte pelo confronto de culturas que pode parecer absurdo à primeira vista. Costumes e concepções de vida fazem parte da personalidade de cada um e, muitas vezes, a mera menção de algo contrário já é o suficiente para garantir um certo constrangimento. Mas é algo que depende de cada um. Como uma obra cinematográfica, poderia ter sido mais sútil em determinadas horas e mais enfático em outras.

E antes que alguém possa perguntar, como já aconteceu inúmeras vezes, a história retratada no romance não é real e não representa a vida do escritor Khaled Hosseini, apesar de parecer plausível de acontecer, depois que lemos o livro. Tragédia e redenção, ódio e amor, vergonha e arrependimento, todos os componentes para um drama estão na cara do espectador, para sensibilizar e emocionar. E é o que o filme consegue, ao menos com relação a grande maioria das pessoas, para quem tenha lido o livro ou para quem experimentou o filme em primeiro lugar. Infelizmente, eu já havia sido contaminado com o vírus do "não pode ser tudo isso que estão falando".

Nota: 7.5/10

Direção: Marc Forster
Roteiro: David Benioff & Khaled Hosseini
Elenco: Khalid Abdalla & Atossa Leoni & Shaun Toub & Zekeria Ebrahimi & Ahmad Khan Mahmoodzada & Homayoun Ershadi
Estréia: Janeiro de 2008
Gênero: Drama
Duração: 128 minutos
Distribuidora: DreamWorks SKG
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por Felipe Edlinger
25 de julho de 2008
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quarta-feira, 23 de julho de 2008

[MovRev] Fakers

(Fakers)

Dirigido por Richard Janes

Diretores britânicos costumam ser bacanas, como Guy Ritchie, marido de Madonna, e Danny Boyle. Filmes britânicos costumam ser cool, como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Snatch, Cova Rasa, Trainspotting e tantos outros pela terra da rainha à fora. Mesmo com reconhecimento de crítica (que muitas vezes não vale nada!), diretores e filmes ingleses viram celebridades devido a intensa propaganda boca-a-boca, que repercute um novo bom trabalho.

Este Fakers, sem tradução para o português, mas algo como Falsários, tem muito das atrações desses filmes ingleses mais cultuados: trama engraçada, história cheia de reviravoltas, sacadas espertas, interpretações despojadas, parcelas de ação non-stop, câmera angulosa e filmagem cheia de efeitos de câmera. E o que não poderia faltar, aquele sotaque britânico quase ininteligível e, praticamente, inconfundível.

Nick Edwards (Matthew Rhys) é um peixe-pequeno da máfia londrina que deve 50 mil libras a um chefão do crime local. Jurado de morte caso não pague a dívida nos próximos quatro dias, ele não consegue encontrar uma maneira de quitar sua dívida. Sua sorte parece mudar quando ele percebe o dom do irmão de sua ex-namorada em copiar desenhos. Ao encontrar o último rascunho do artista italiano Antonio Fraccini, dentro de uma maleta de pintura, eles falsificam os rascunhos para revendê-los para galerias de arte e alcançar a quantia devida aos mafiosos. Porém, no meio do caminho, ele ainda tem que enfrentar a ganância da sua ex-namorada, a polícia, negociadores de arte e, claro, os próprios mafiosos.

Fakers é um filme charmoso ao seu próprio nível, atém mesmo porque tem o jeitão de um típico filme de baixo orçamento. Apesar do estilo de direção já ser consagrado, como comprovado nos filmes do Sr. Madonna, Guy Ritchie, e o tema não ser nenhuma novidade (Incógnito, de 1997, com Jason Patricl, já tratava da falsificação de pinturas famosas, porém, de nível muito maior, um Rembrandt), a produção consegue reter o interesse e a atenção do público, sem maiores esforços.

Praticamente a única realização de Richard James como diretor de longa-metragens, ele consegue a proeza de realizar um bom trabalho logo na primeira tacada, coisa que poucos podem fazer, apesar de todos quererem. É ajudado ainda pelo roteiro de Paul Gerstenberger, também como resultado de um trabalho de marinheiro de primeira viagem. Prova de que os britânicos transpiram talento para a arte pop.

Os atores principais são todos nascidos na Inglaterra, garantindo a essência do humor local, neste filme, que, particularmente, me agrada e muito. Participantes de produções menores, conseguem seu lugar ao sol nos papéis de protagonistas pela primeira vez.

A música colabora em muito com a atmosfera de comédia, com efeitos sonoros que fazem rir apenas pelo estímulo do sentido da audição.

O efeito pop é uma parte que amarra o coração dos espectadores como, por exemplo, utilizar um carrinho charmoso, como o que acontece em Saída de Mestre, onde um Mini Cooper é utilizado, Aqui, a presença é do concorrente, o SMART, um carrinho bacaninha e muito agradável. Assim como o carro, o filme é de pequeno porte, porém, muito simpático.

Nota: 6/10

Direção: Richard Janes
Roteiro: Paul Gerstenberger
Elenco: Matthew Rhys & Kate Ashfield & Tom Chambers & Tony Haygarth & Art Malik
Estréia: Novembro de 2004
Gênero: Comédia & Crime
Duração: 85 minutos
Distribuidora: ContentFilm International
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por Felipe Edlinger
23 de julho de 2008
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terça-feira, 22 de julho de 2008

[MovRev] Tartarugas Ninjas - O Retorno

(TMNT)

Dirigido por Kevin Munroe

Era uma vez quatro tartaruguinhas perdidas no esgoto da cidade de Nova York. Afetadas por resquícios nucleares, elas sofrem uma transformação e viram tartarugas mutantes e são treinadas na arte ninja, pelo mestre Splinter, um rato também mutante que vive as margens da humanidade. Bonitinhas e muito bem humoradas, elas lutam contra o Destruidor e Krang para salvar o planeta Terra de constantes ameaças.

Agora, deixe de lado a série de desenhos animados engraçadinha das décadas de 1980 e 1990, clássica das manhãs de Show da Xuxa. Faça uma força para não se lembrar dos filmes lançados na década de 1990, com os bonecões fantasiados; esqueça o Destruidor enlatado e o monstrengo Krang. Já era Rocksteady e Bebop, os bichos mutantes atrapalhados e imbecis.
Desta vez, pense no clima dos quadrinhos originais das Tartarugas Mutantes Adolescentes Ninjas, ou TMNT em inglês. O quê? Você não sabia que as Tartarugas Ninjas são baseadas em uma revista underground de história em quadrinhos? Ok, sem problemas, desta vez passa!

Esta animação do diretor e roteirista Kevin Munroe, estreante na função em longa-metragens de animação (e qualquer outro longa-metragem, para falar a verdade), supera as espectativas dos fãs e caracteriza o melhor produto dos répteis nas últimas décadas. Depois dos filmes-comédia da década de 1990, essa reprodução mais fiel das TMNT originais bota para quebrar e recupera todo o clima original dos personagens, que já foi ensaiado na última adaptação para desenhos.

Desenvolvedor de videogames, o diretor também trouxe muito do mundo dos consoles para a produção, o que a fez ganhar, e muito, em "jogabilidade" e ação, fazendo com que ficasse mais digerível pelos que procuravam pelo quebra-pau das Tartarugas. Com um estilo de animação ligeiro e bem desenvolvido, o filme da Imagi Animation Studios não faz feito frente a nenhuma grande empresa da indústria da animação, como Pixar e DreamWorks. Tanto que a futura nova versão de Astro Boy, a ser dublada por Fred Highmore, será animada por eles.

As quatro tartarugas não são mais mostradas como extremamente divertidas, como as do antigo desenho, mas muito mais carrancudas e sisudas como as das produções mais recentes, e de acordo com os quadrinhos originais. Leonardo continua o líder, porém mais incisivo; Rafael ainda é o temperamental, cada vez mais raivoso com a liderança de Leo. Donatello e Michelangelo fazem a dupla mais descolada e divertida, sendo Donny o abobalhado inventor e Mike, o estabanado e ingênuo.

Leonardo (voz de James Arnold Taylor) foi embora e vive exilado, enviado por Splinter (Mako) para aprimorar seu treinamento e se tornar um líder melhor. Enquanto isso, seus irmãos Rafael (Nolan North), Michelangelo (Mikey Kelley) e Donatello (Mitchell Whitfield) ficam sem rumo em casa. Coincidentemente, April O'Neil (Sarah Michelle Gellar) encontra Leonardo em um lugar da América do Sul, e o convence a voltar para casa. Quando ele retorna, tem que acertar as contas com Rafael, rancoroso por sua partida, e ainda liderar o quarteto contra forças do mal que aparecem depois de 3 mil anos, invocadas pelo milionário Winters (Patrick Stewart).

O ar sombrio e carregado do longa é o mais adequado para a história das quatro tartarugas mutantes, em uma cidade escura, frequentemente chuvosa e cheia de ameaças monstruosas. Praticamente toda a trama se passa à noite, o que vem a calhar para acentuar o lado dark dos personagens.

A animação é primorosa; com roteiro e câmeras de videogames, coloca o espectador no lugar das tartarugas, principalmente nas seqüencias finais do filme, quando o grupo luta contra centenas de ninjas inimigos. Com "jogabilidade" perfeita, é como pegar um joystick e assumir o comando da batalha. Para uma produção de uma empresa não tão conhecida, sujos primeiros trabalhos foram a série chinesa Zentrix e a animação Highlander: The Serach for Vengeance, a reunião de dubladores famosos e de peso comprova que o projeto só poderia ser de primeira linha: Laurence Fishburne é o narrador da trama; Chris Evans faz o papel de Casey, o vigilante doidão dos desenhos, namorado da repórter April O'Neil; enquanto Sarah Michelle Gellar é a própria April. Patrick Stewart, o Professor Xavier, de X-Men, dubla Winters, milionário imortal que envoca 13 monstros de outra dimensão; enquanto Mako, grande ator japonês, morto em 2006, dubla o mestre Splinter. Até Kevin Smith, diretor cult de Hollywood, dá o ar da graça e faz uma ponta como um cozinheiro de uma lanchonete.

E não interessa se você já era fã e viu os desenhos e filmes quando era criança. Ou se você colecionava figurinhas auto-adesivas e posteres dos personagens. Ou ainda se você nunca ouviu falar das tartarugas. O filme, por si só, é bacana do mesmo jeito. Falha, porém, em não apresentar, de maneira palatável, a origem das Tartarugas Ninjas. Mas, de qualquer maneira, COWABANGA!!!!

Nota: 7/10


Direção: Kevin Munroe
Roteiro: Kevin Munroe
Elenco: Chris Evans & Sarah Michelle Gellar & Mako & Laurence Fishburne & Mitchell Whitfield & James Arnold Taylor & Mikey Kelley & Nolan North
Estréia: Abril de 2007
Gênero: Aventura & Animação
Duração: 87 minutos
Distribuidora: Warner Bros. Pictures
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por Felipe Edlinger
22 de julho de 2008
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[Jokes] Cirurgia Plástica e o Pré-Morte

Uma mulher foi levada às pressas para o UTI de um hospital.
Lá chegando, teve a chamada "quase morte", que é uma situação pré-coma.

E, neste estado, encontrou-se com Deus:
- Que é isso? - perguntou ao Criador
- Eu morri? - retrucou a mulher
- Não, pelos meus cálculos, você morrerá daqui a 43 anos, 8 meses, 9 dias e 16 horas - respondeu o Eterno.

Ao voltar a si, refletindo o quanto tempo ainda tinha de vida, resolveu ficar ali mesmo naquele hospital e fez uma lipoaspiração, uma plástica de restauração dos seios, plástica no rosto, correção no nariz, na barriga, ajeitou a bunda, secou as varizes, tirou todos os excessos, eliminou as celulites, acabou com as ruguinhas e tudo mais que podia mexer para ficar linda e jovial.

Após alguns dias de sua alta médica, ao atravessar a rua, veio um veículo em alta velocidade e a atropelou, matando-a na hora.

Ao encontrar-se de novo com Deus, ela perguntou irritada:
- Puxa, Senhor, você me disse que eu tinha mais 43 anos de vida. Por que morri depois de toda aquela despesa com cirurgias plásticas!!???
E Deus aproximou-se bem dela e, olhando-a diretamente nos olhos, respondeu:
- MENINA! NÃO TE RECONHECI!!!!!!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

[Web] As Melhores Chupetas

Sem nenhum duplo-sentido, simplesmente adorável! =P

[Jokes] Jesus Cristo e... Lula

Lula discursava para dezenas de milhares de pessoas no Anhangabaú em SP quando, de repente, aparece Jesus Cristo, baixando lentamente do céu.
Quando chega ao lado de Lula, lhe diz algo ao ouvido.

Então Lula dirigindo-se à multidão diz:
- Atenção, companheiros! O companheiro Jesus Cristo aqui quer dizer umas palavras para vocês.

Jesus pega o microfone e diz:
- Povo brasileiro, este homem, que tem barba como eu, não lhes deu o pão do conhecimento da mesma forma que eu fiz?

O povo responde:
- Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!

- Não é verdade que, assim como eu multpliquei os pães e peixes para dar de comer a todos, este homem inventou o Fome Zero para que todos pudessem se alimentar?
- Siiiiiiiiiiiiiiiiiiim! - respondeu o povão.

- Não é verdade que assegurou tratamento médico e remédios para os pobres,assim como eu curei os enfermos?
O povo grita:
- Siiiiiiiiiiiiiiiiiim!

- Não foi traído por companheiros de partido, assim como eu fui traído por Judas?
O povo então gritou ainda mais forte:
- Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!

- Então o que vocês estão esperando para crucificar este filho da puta?!?!?!

(piada, sim senhor... mas, como todo mundo sabe, TODA PIADA TEM UM FUNDO DE VERDADE!)

domingo, 20 de julho de 2008

[Joke] Joãozinho (sempre ele) e os Excitantes

O Joãozinho está sentado na 1ª fila. O professor pede aos alunos para darem exemplos de excitantes:

- O café! - responde a Maria.
- Muito bem... - diz o professor.
- O álcool! - responde o Antônio.
- Muito bem... - diz o professor.
- Uma mulher nua! - responde o Joãozinho.
O professor, num tom de voz severo:
- Vais dizer ao teu pai para vir falar comigo amanhã, tenho duas palavrinhas para lhe dizer!

No dia seguinte o professor repara que o Joãozinho está sentado na última fila. Pergunta-lhe:
- Joãozinho, deste o recado ao teu pai?
- Sim, senhor professor...
- O que é que ele te disse?
- Ele me disse: "se o teu professor não fica excitado com uma mulher nua é porque é viado! Fica longe dele, meu filho."

[MovRev] Madrugada Muito Louca 2

(Harold & Kumar Escape from Guantanamo Bay)

Dirigido por Jon Hurwitz & Hayden Schlossberg

Quem assistiu o primeiro filme de Harold e Kumar, com certeza vai se divertir com este aqui. Apesar do título óbvio e idiota (até porque o filme não se passa em uma única madrugada como o primeiro), ele tem a mesma essência de Harold & Kumar Go to White Castle.

Esta produção foi realizada apenas devido ao enorme e inesperado sucesso do filme de 2004, com seus absurdos, situações politicamente incorretíssimas (que são ainda mais ultrajantes neste aqui) e protagonistas simpáticos e sem noção de nada.

Depois da odisséia do filme anterior, em que Harold (John Cho) e Kumar (Kal Penn) fazem de tudo durante uma madrugada toda, apenas para chegar a lanchonete White Castle mais próxima, devido à uma promoção, Harold finalmente se declara a sua paixão, Maria (Paula Garcés), que está de viagem para Amsterdam, Holanda. Então, Harold e Kumar decidem ir atrás dela para uma semana de doideira e insanidade na capital européia das drogas e da prostituição.
Porém, em pleno vôo, Kumar, maconheiro inveterado (ou seria invertebrado?), resolve fumar um baseado com sua "bomba" improvisada. Eis que, ao pronunciar a palavra "bomba", ele e o amigo são confundidos com terroristas e são mandados diretamente para Guantánamo Bay, prisão americana em Cuba. Ao escapar da prisão, por uma imensa sorte, eles conseguem sair da ilha de Fidel e retornar aos Estados Unidos. Finalmente, iniciam uma outra odisséia, desta vez para tentar limpar seus nomes frente as autoridades da terra de Tio Sam.

Muitos dos personagens do filme anterior retornam e dão o ar da graça, porém, em sua maioria ,em pequenas pontas, como Goldstein (David Krumholtz) e Rosenberg (Eddie Kaye Thomas). A paixão de Harold, Maria também aparece, mas quem rouba a cena novamente é Neil Patrick Harris, como ele mesmo, só que de maneira bem mais alucinada (a cena do unicórnio é ótima!). De qualquer maneira, todos tomam parte da trama que explicita a neurose dos americanos com a "febre" do momento, os ataques e ameaças terroristas.

As piadas são engraçadíssimas, mesmo que extremamente inadequadas para um público mais novo, ou até mais velho. Muitas podem até ser consideradas de mau gosto mas, mesmo assim, são o carro-chefe (bem sucedido) da produção. E quanto falo de mau gosto, enquadrem piadas escatológicas, racistas e alucionógenas. (!)

A produção, também como o filme anterior, não se leva muito a sério e, para nossa felicidade, nos induz a fazer o mesmo, o que aumenta, em muito, o prazer descompromissado de ver uma obra como esta.

É verdade que o filme não é tão bom quanto o original, mas John Cho e Kal Penn conseguem encarnar novamente os "idiotas" de Madrugada Muito Louca, desta vez envolvidos em um incidente nacional. Tiram sarro de todos os costumes americanos, inclusive do próprio governo (mais evidente e escrachado, impossível). Eles conseguem entreter não apenas os norte-americanos que têm um mínimo de bom senso e auto-crítica, mas como toda a audiência mundial, principalmente por tirar sarro dos yankees. É digno de gargalhadas e comentários entre os amigos, talvez a razão do grande sucesso do anterior.

John Cho já tem uma carreira longa, de mais de 10 anos e 50 produções entre cinema e TV, sendo mais conhecido como o John, de American Pie, que babava ao ver a mãe de Stifler, personagem de Seann William Scott. Focado em comédias, sempre ficou recalcado como um mero coadjuvante, muitas vezes, como apenas um ponta, situação que mudou com o primeiro Harold & Kumar. Também fez algumas produções dramáticas, como o ótimo Better Luck Tomorrow, filme da MTV americana e West 32nd. Kal Penn tem as mesmas características para comédia, o que faz notoriamente bem, com destaque para O Rei da Festa (Van Wilder), com a estréia de Ryan Reynolds como protagonista. Por outro lado, ainda participou de Superman - O Retorno e Nome de Família.

O diretor e roteirista Jon Hurwitz parece ter uma mão boa para este tipo de comédia, uma vez que em Madrugada Muito Louca ele estreou no roteiro e aqui ele estréia na direção, além de, novamente, assinar o roteiro. Um futuro promissor.

De idiota para idiota, um filme que vale a pena!

Nota: 6.5/10

Direção: Jon Hurwitz & Hayden Schlossberg
Roteiro: Jon Hurwitz & Hayden Schlossberg
Elenco: John Cho & Kal Penn & Neil Patrick Harris & Danneel Harris & Rob Corddry
Estréia: Abril de 2008
Gênero: Comédia & Aventura
Duração: 100 minutos
Distribuidora: New Line Cinema
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por Felipe Edlinger
20 de julho de 2008
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sábado, 19 de julho de 2008

[Felipe's MFQ] Kung Fu Panda

Oogway:
"One often meets his destiny on the road he takes to avoid it."

2008. Randall Duk Kim in Kung Fu Panda

[MovRev] Kung Fu Panda

(Kung Fu Panda)

Dirigido por Mark Osborne & John Stevenson

Parece que a DreamWorks vai continuar com a tarefa de desafiar a Disney, eterna manda-chuva dos desenhos animados, que perdeu o posto de primeira absoluta quando um certo ogro verde, criado pela então empresa de Spielberg, lhe "roubou" o primeiro Oscar de melhor animação. Com produções cada vez mais primorosas e descartando o estilo tradicional de contos-de-fadas da rival, a DreamWorks, a cada ano que passa, emplaca mais e mais sucessos de bilheterias e críticas. Será que ano que vem o Oscar novamente vai ser entregue nas mãos dos rivais do Sr. Walt? Talvez sim, talvez não, afinal de contas, Wall-E é a grande aposta de todos os especialistas que, mesmo não conseguindo abrir grande distância deste Kung Fu Panda, tem uma história muito mais "oscarizável".

Esta é a história de um urso panda preguiçoso, bonachão e desleixado chamado Po (Jack Black). Ele vive sonhando com um mundo de artes marciais, lutando kung fu todos os dias, porém, a realidade é muito diferente quando ele acorda e se vê trabalhando na loja de macarrão de seu pai. Acidentalmente, ele é escolhido, por um mestre ancião, como o futuro Dragão Guerreiro, que, ao lado dos Cinco Furiosos, guerreiros do kung fu treinados pelo mestre Shifu (Dustin Hoffman), irá proteger a todos do vale onde moram, contra as ameaças externas. Porém, o furioso leopardo das neves Tai Lung (Ian McShane) foge de sua prisão e vai ao encontro de Shifu, seu antigo mestre, para um acerto de contas. Enquanto a ameaça se aproxima, cabe ao antigo mestre quebrar seus próprios paradigmas e treinar Po para ser o verdadeiro Dragão Guerreiro. E cabe ao estabanado urso panda acreditar que tem capacidade de se tornar o maior de todos.

Kung Fu Panda é um filme hilário, sem apelar para as besteiradas de sempre, utilizadas em filmes recentes de animação computadorizada, como a trilogia Shrek. E ainda conta com uma porção de frases de efeito pra dar o toque "didático" a produção. E isso não diminui em nada a diversão, principalmente porque são proferidas pelo mestretartaruga Oogway, interpretado por Randall Duk Kim, de um jeito cheio de leseira e sem pressa.

Esta é uma produção primorosa em todos os aspectos. Dos detalhes perfeitos da modelagem dos personagens, com a pelagem perfeita dos animais, passando pelas substâncias e partículas despejadas durante a trama pela tela toda, e culminando na animação em si de cada um dos personagens, com seus diferentes estilos de luta. Um show de efeitos especiais.

A paisagem é tão bonita que é digna de Oscar de Melhor Fotografia, de tão perfeitas que são as panorâmicas e os cenários do filme.

Boa parte do destaque vai, mesmo, para os personagens carismáticos e simpáticos, liderados pelo sisudo Shifu, um panda vermelho interpretado pelo grande Dustin Hoffman, como mestre de Po. De perto, vêm Jackie Chan no papel do Macaco, Seth Rogen como Louva-Deus e Lucy Liu como Víbora.

Angelina Jolie consegue ser sensual até mesmo quando dupla, em uma animação, uma Tigresa, expert em artes marciais, e, inicialmente, a maior opositora a idéia de Po ser o grande Dragão Guerreiro. E para falar a verdade, alguém aí já pensou em um animal melhor para ela?

Mas o grande destaque, como normalmente acontece, vai mesmo para Jack Black, que está ótimo como o personagem principal, o urso panda Po. Aqui ele é ele mesmo, como já fez em comédias como O Amor é Cego, Orange County - Correndo Atrás do Diploma e Escola do Rock. Ele continua sendo o gordinho bonachão, exatamente transcrito para seu personagem deste filme, que, na verdade, é a versão animada de seu Ignácio, do adorável Nacho Libre.

Como não pode deixar de ser, a dublagem brazuca, uma das melhores do mundo, inclusive, provou mais uma vez que é primorosa e que, muitas vezes fica até melhor do que o original, como aconteceu em Procurando Nemo e em Shrek. Destaque para Lúcio Mauro Filho, o Tuco da tele-série A Grande Família, que, a cada dia, vem conquistando seu espaço no mundo do entretenimento, e não apenas com seus personagens já conhecidos. Destaque também para a sensual Juliana Paes, que dubla a personagem Tigresa, à altura da original de Angelina Jolie.

Kung Fu Panda é um filme de luta das antigas, sem muitas firulas e efeitos mirabolantes. Diz a lenda que as coreografias são baseadas em golpes e técnicas existentes no mundo real do kung fu, como os cinco estilos de luta representados na produção: macaco, louva-deus, tigresa, víbora e garça. Ok, panda não! =)
As cenas de luta são grandiosas e de empolgar até o mais incrédulo em filmes de artes marciais e, principalmente, animações de bichinhos.

O diretor Mark Osborne não tem lá grandes experiências na cadeira de direção, tendo estado restrito, até o momento, a filmes para televisão, séries e curta-metragens. Por outro ado, um cara de responsa e batalhador é John Stevenson, co-diretor do filme. Apesar de ter dirigido apenas quatro episódios da rápida série animada Father of the Pride, ele tem experiência de sobra no ramo da animação, tendo trabalhado como diretor de arte no antigo desenho De Volta para o Futuro, baseado no filme homônimo, além de ter feito parte do departamento de animação de Shrek e do departamento de arte de vários outros filmes da DreamWorks, como Spirit, Sinbad, Shrek 2 e Madagascar. Para virar fã do camarada, ele ainda participou, no comecinho de carreira, do desenvolvimento visual de A Pequena Loja dos Horrores, com Rick Moranis, e Labirinto, com David Bowie.

Se na direção o trabalho foi primoroso, no roteiro aconteceu o mesmo, com a dupla Jonathan Aibel e Glenn Berger, que trabalham juntos desde 1995, quando realizaram o primeiro trabalho como profissionais.

Maciçamente divulgado nos cinemas, com teasers, trailers, spots e featurettes exibidos antes dos outros filmes, Kung Fu Panda tem cara de quem vai virar uma franquia, como a própria trilogia Shrek (que virará, na verdade, uma "pentalogia"), com, quem sabe, mais uma ou duas continuações pela frente.

Bacana mesmo é escutar a criançada gargalhando durante a apresentação do trailer de Madagascar 2 (ao som de "eu me remexo muito") e ainda mais com as peripécias de Po.

Apesar de ser um filme engraçadíssimo para as crianças, garante fácil a diversão dos adultos, um ,porque nos permite ver os pimpolhos se esbaldando e "rachando o bico" e dois, porque nos permite voltar a ser como eles, mesmo que por rápidos 90 minutos. Um programaço, com ou sem filhos!

Nota: 8.5/10

Direção: Mark Osborne & John Stevenson
Roteiro: Jonathan Aibel & Glenn Berger
Elenco: Jack Black & Dustin Hoffman & Angelina Jolie & Ian McShane & Jackie Chan & Seth Rogen & Lucy Liu
Estréia: Julho de 2008
Gênero: Comédia & Animação
Duração: 92 minutos
Distribuidora: Paramount Pictures
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por Felipe Edlinger
19 de julho de 2008
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[Web] Educação Sexual Alemã

Nada como ensinar nossos pimpolhos de onde os bebês vêm, com as técnicas e materiais desenvolvidos pelos alemães. Que cegonha, que nada, mais sincero, impossível.


quinta-feira, 17 de julho de 2008

[MovRev] As Strippers Zumbis

(Zombie Strippers!)

Dirigido por Jay Lee

Existe um gênero de filmes chamado "terror". Existe um outro chamado "comédia". Quando começaram a misturar os dois e produzir filmes de susto e terror, que eram engraçadinhos, criaram a expressão "terrir" para designá-los. Pois agora, creio que ela poderia ser revisada ou melhorada. Existem alguns filmes que além de serem classificados como "terror" e "comédia", têm uma pitada de "erótico". Daí, uma solução seria "terrirótico". Comentário podre, eu sei, mas tem apenas o propósito de mostrar que não é tão ruim e absurdo quanto essa produção classe B, em todos os sentidos.

Em um futuro não muito distante (2012), George W. Bush ganha, pela 4ª vez, a corrida presidencial nos Estados Unidos, tendo como vice, o então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Ganhando com apenas um voto contra zero, devido a um "defeito" no sistema eleitoral, ele impõe duas medidas que se destacam na mídia: a proibição de qualquer nudez e a utilização de um vírus que ressuscita os mortos, tendo em vista aumentar o contingente do exército americano para as guerras mantidas contra Iraque, Afeganistão, Síria, Irã, Líbano, Líbia, Paquistão, Venezuela, França, Canadá e Alasca (!).
Quando a experiência com o soro dos mortos-vivos sai errada, um grupo especial do exército (muito tosco!) é chamado para deter a ameaça. Porém, um deles é infectado, e para não ser morto pelos colegas, foge e se refugia em uma boate de strip-tease. Ao morder uma das dançarinas, ela também vira uma zumbi comedora de carne humana e se torna a maior atração da história do empreendimento, chamando mais e mais clientes para suas performances de "matar", gerando inveja e admiração das outras performistas.

Agora, pensem em um filme podre. Sim, no mesmo padrão dos que eram reprisados exaustivamente no saudoso Cine Trash, da Rede Bandeirantes. Agora, coloque um pouco mais de qualidade na produção, mas com os mesmos absurdos de antes. Para finalizar, insira mulheres peladas, várias mulheres peladas. Pronto, eis este As Strippers Zumbis, exatamente como o próprio nome sugere.

É mais do que óbvio que a produção nunca se levou a sério, a partir dos personagens podres, do fiapo de história que, nem ao menos deve ter sido colocado em um script, das interpretações estereotipadas e da protagonista-estrela Jenna Jameson, um dos expoentes da indústria de filmes adultos (filme pornô, gente!).

Nunca vai ser um filme com o mínimo de destaque porque não tem qualidade nenhuma. Tirando os peitos e bundas que desfilam de um lado para o outro, é simplesmente um absurdo como qualquer outro filme classe B da história. Mas não é de todo perdido.

Para falar a verdade, até diverte (sem contar os peitos e bundas, pronto!), com o jeitão escrachado da trama e dos atores, que em nenhum momento merecem algum crédito (com exceção dos peitos e bundas, principalmente de Jenna Jameson). Algumas piadas são engraçadas e as performances são hilárias, em especial o eterno Freddy Krueger, Robert Englund, engraçadíssimo.
(Reparem nos destaques das manchetes do noticiário de abertura: Brangelina (Brad Pitt e Angelina Jolie) adotam a Etiópia, Sauditas compram a Casa Branca, Rolling Stones em turnê "Cadeiras de Rodas de Aço", entre outros.

Mesmo sendo uma produção B que deve sair diretamente para DVD aqui no Brasil, os efeitos especiais até que são bem feitos, com maquiagem bacana. Isso permite ver como as tecnologias estão cada vez mais acessíveis para as produções menores. Mas o que fica claro é que o filme sempre leva aquele toque podreira que as produções do gênero devem ter por "obrigatoriedade".

Jenna Jameson continua um espetáculo a parte, mesmo que aqui ela mostre muito menos de seus "talentos" do que, normalmente, vemos em produções estreladas por ela.

De qualquer maneira, é recomendável apenas para a turma que assiste a qualquer tipo de porcaria, inclusive aqueles que eram exibidos no programa apresentado por Zé do Caixão, na década de 90. Não está no mesmo nível de "clássicos" do gênero, como A Hora dos Mortos Vivos, A Noite dos Mortos Vivos e Fome Animal (de, pasmem, Peter Jackson), mas, mesmo assim, diverte os mais humorados.

Nota: 4/10

Direção: Jay Lee
Roteiro: Jay Lee
Elenco: Jenna Jameson & Robert Englund & Roxy Saint & Joey Medina & Shamron Moore
Estréia: Agosto de 2008
Gênero: Horror & Comédia
Duração: 94 minutos
Companhia: Sony Pictures Home Entertainment
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por Felipe Edlinger
17 de julho de 2008
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terça-feira, 15 de julho de 2008

[MovRev] Imagens do Além

(Shutter)

Dirigido por Masayuki Ochiai

O cinema americano vem bebendo na fonte dos filmes asiáticos de terror, que vem colhendo excelentes frutos de uma safra muito produtiva, desde o primeiro Ringu, de 1998.

O Chamado, O Grito e O Olho do Mal são apenas alguns exemplos de remakes de filmes de sucesso produzidos pros lados da terra do sol nascente. Este Imagens do Além, por exemplo, é a refilmagem de um filme recente (pasmem!) de 2004, dos diretores Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom, que também são os criadores de outro filme de sucesso no oriente, Alone (2007), que não tarda a ser adaptado para uma versão ocidental. Porém, mesmo com adaptações cada vez mais próximas do lançamento dos originais, nenhuma produção americana, até agora, conseguiu, ao menos, chegar perto da qualidade dos originais.

Espíritos - A Morte Está ao Seu Lado, no qual esse Imagens do Além se baseia, é um filme que necessita ser descoberto de tão bom que é. Se alguém gosta de sentir calafrios e se surpreender a cada momento em uma trama de tirar o fôlego a cada tentativa de respiração, esse é um dos filmes ideais. Porém, a versão yankee não transpira a mesma originalidade e parece que foi, simplesmente, um copy & paste das melhores partes, com dois protagonistas bonitinhos e uma porção de maquiagem por cima da produção não tão luxuosa do original.

De qualquer maneira, Imagens do Além não é um filme ruim, como O Chamado também não é. Muito pelo contrário, para quem não assistiu o original, vale a pena como um programa inédito, uma vez que não há influências nas opiniões e nos sustos, e a trama torna-se imprevisível, como acontece com o primeiro filme.

O fotógrafo americano Benjamim Shaw (Joshua Jackson, da série Dawson's Creek), recém casado com Jane (Rachel Taylor, de Transformers), vai passar a lua de mel com sua paixão, no Japão. Enquanto percorrem o país, andando em uma estrada deserta do interior durante a noite, sua esposa, aparentemente atropela uma jovem e bate o carro. A partir daí, coisas estranhas começam a acontecer e o que parecia ser a vida dos sonhos do casal, com o novo emprego de Ben e o novo estúdio em que passam a morar, torna-se uma sucessão de sustos e desespero. Vendo e imaginando a presença da mulher atropela, eles resolvem, então, procurar entender o que está acontecendo com eles e porque sua realidade se tornou uma história de terror.

Mesmo que os protagonistas não sejam exemplos de qualidade em matéria de interpretação, eles seguram a trama sem maiores problemas, em grande parte devido ao carisma do ainda Pacey Witter, Joshua Jackson, e da beleza de Rachel Taylor, que tem uma incrível semelhança com Naomi Watts (King Kong, Cidade dos Sonhos). Porém, é aí que reside um ponto crucial com relação ao filme original (ele de novo, comparações são inevitáveis), onde o ambiente era mais sombrio, o que incluía os próprios protagonistas, o que não ocorre aqui.

Enquanto a tendência do cinema asiático é utilizar tons escuros, variando de azuis a cinzas e pretos para manter o clima das tramas de terror, com atmosfera muito escutras e sobrecarregadas, as produções norte-americanas acabam sempre dando um "trato" a mais nas películas, deixando-as com cara de um filme de Hollywood. Talvez seja aqui que parte do encanto, com relação ao original, seja quebrado.

As cenas de susto estão lá, porém, muitas das melhores delas foram deixadas de lado, para que mais substância fosse adicionada ao desenvolvimento das situações em que se encontram os personagens. Isso acaba sendo um engano, uma vez que o filme tem meros (e suficientes, convenhamos) 80 minutos, contra os quase 100 de Espíritos.

Para um filme tão rápido, vale a pena, sim. Não cansa e não dá a sensação de que algo está faltando. É o típico filme suficiente; nada para se tornar memorável, mas eficiente. Porém, se a oportunidade de assistir a Espíritos - A Morte Está ao Seu Lado aparecer, não perca tempo, principalmente se puder assistir o filme tailandês primeiro. Você não vai se arrepender.

Nota: 6/10

Direção: Masayuki Ochiai
Roteiro: Luke Dawson
Elenco: Joshua Jackson & Rachael Taylor & David Denman & John Hensley & Maya Hazen & Megumi Okina
Estréia: Abril de 2008
Gênero: Horror & Thriller
Duração: 85 minutos
Companhia: 20th Century Fox
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por Felipe Edlinger
15 de julho de 2008
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