segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

[Cron] Mais um ano se vai... e porque não, Feliz Natal e Próspero Ano Novo!!!!

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por Felipe Edlinger
31 de dezembro de 2007
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Outra estação se foi e estou vendo, uma vez mais, os longos e ensolarados dias de verão chegarem. Logo, as águas os levarão de volta e o ciclo se reiniciará novamente.

Nem sempre pensamos nos efeitos que um simples final de ano tem sobre nós e sobre nossas vidas. Nem sempre pensamos em como as pessoas que nos cercam planejam começar a nova fase, em que promessas fizeram, em que desejos apostarão suas fichas, em qual futuro se fará realidade nos próximos dias.

Hoje é um dia para reflexões, para o balanço anual de pensamentos que guiará nosso amanhã. Ou pelo menos, deveria. Ultimamente, passamos por situações tão contrastantes que me pergunto o valor de tudo o que nos ocorreu neste último ano. Somente sei que nos vale de aprendizado.

Foram momentos alegres, e alguns tristes e assustadores, que chegaram com a velocidade de um choque. E alguns deles, permanecem gravados como imagens recentes em nosso córtex. Para o bem ou para o mal. Creio que para o bem. A vida é feita de experiências e o que elas nos trazem de melhor são os ensinamentos raros, muitas vezes imensuráveis. Se algo foi bom, faça novamente; caso contrário, pense diferente, e melhor.

Não gosto de pensar e discutir sobre o que é certo e o que é errado porque isso depende do repertório e das crenças de cada um de nós. Porém, o balanço que fazemos ao final de cada dia é o que nos diz o nosso caráter. Sintam-se bem consigo mesmos.

Gosto de pensar que a vida é um equilíbrio entre forças, portanto não teremos a vida perfeita porque isso faz parte de uma ilusão e, cá entre nós, não teria a menor graça se conseguíssemos tudo sem esforços. E também se alegrem porque o marasmo nunca será eterno. Sem hipocrisia alguma, dias melhores virão. De uma maneira ou de outra, é um grande motivo para sorrirmos sempre.

Natal e o novo ano são, para mim, momentos de tristezas e alegrias. A dubiedade é facilmente explicável; quando um ciclo se fecha, uma parte de nós morre para sempre, mas ao novo início, a renovação trás forças suficientes para um recomeço ainda melhor. Mas as lembranças permanecem e elas também nos fazem continuar, nos fazem olhar para o futuro, nos fazem encarar novos desafios.

Cada momento de tristeza é suplantado por outros de imensa alegria; cada amigo que se vai entrega as chaves para mais outros tantos que ainda não conhecemos; cada decepção é apenas um motivo para nos surpreendermos cada vez mais; cada coração que se parte encontra a cura em mais uma nova paixão.

Tudo isso faz parte de algo que sempre desejo a todos: felicidade. Em minha singela opinião, felicidade é o resumo de tudo que podemos desejar em nossa existência; de grandes amores a dinheiro no bolso, de viagens de férias a bolinhos de chuva, de sucesso na carreira a cheirinho de bebê novo, de animais de estimação a um bom livro, de filmes clássicos a um abraço honesto de amigo. Sucesso. Sucesso na vida. É isso!

Além disso tudo, felicidade é tentar ser melhor, com sinceridade. Cultivar os poucos e bons amigos e fazer de tudo para que eles não deixem de ser importantes para nós. Pensar melhor antes de tecer comentários sobre pessoas com as quais nos importamos. Encarar as conseqüências de nossos atos como pessoas responsáveis. Deixar transparecer quando gostamos de alguém. Cumprir nossas promessas ou, ao menos, tentar verdadeiramente torná-las realidade. Aprender com nossos erros, avaliar nossos deslizes e tentar não voltar a fazê-los. Eu tentarei, mais uma vez.

Façam planos, alguns mirabolantes, outros mais realistas. No final, são eles que moldarão o desejo pela vida e a chama acesa em cada um de nós. Não deixem o stress e o desespero tomar conta do cotidiano, é sempre bom parar um pouco e avaliar a quantas anda nossa saúde. Dediquem tempo às paixões, sejam elas por pessoas, por hobbies, pelo trabalho, ou até mesmo pelos times do coração; apenas me garantam que elas não se tornarão obsessões.

Se a vida parecer a mesma por muito tempo, saiam um pouco da mesmice e da rotina. Pratiquem ações diferentes, sempre que possível. O segredo da vida é não se deixar levar e não permitir que o tédio e o ócio tomem conta de nosso tempo. Comecem devagar, passeiem no parque da cidade, visitem amigos que há tempos não viam, visitem novas cidades, saiam de casa, vocês irão gostar. Não procurem dar valor somente às coisas grandes, mesmo tendo planos mirabolantes, mas preocupem-se também com os detalhes. Acredito que são eles que nos trarão mais sorrisos e boas lembranças. Eternas lembranças.

Sorria. Abrace. Cumprimente. Deseje um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. É isso que faço agora, a todos vocês. Todos meus bons amigos e famílias. Meus amigos da família e minha família de amigos.

E, antes de qualquer coisa, agradeço. Agradeço pelas grandes aventuras, pelas piadas, pelas noites de descontração. Pelos sonhos, pela compreensão, pelas discussões acaloradas, etílicas ou não. Pelos amores, pelo convívio, pelos sacrifícios e pelas realizações. Agradeço pela amizade, pelo carinho, pelo estar ao lado. Agradeço pela vida, acima de tudo.

Um feliz Natal e um (mais do que) Próspero Ano Novo!!!!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

[MovRev] Atirador

(Shooter)

Directed by Antoine Fuqua

Mark Wahlberg sempre foi eficiente em todos os filmes e produções em que participou, desde Diário de Adolescente, excelente filme em conjunto com Leonardo di Caprio, até o Oscarizado Os Infiltrados, nova parceria com di Caprio, desta vez com a companhia de Matt Damon e Jack Nicholson.

Filmes de conspiração, quando bem construídos, com roteiro adequado e intérpretes à altura, são sempre bons, ainda mais quando comandados por um diretor de pegada firme. Esse é exatamente o caso, somando-se a Mark Wahlberg, um roteiro de bom gosto, sem muitas firulas ou erros, uma trama excitante, ação que não para em nenhum momento e um diretor de força internacional.

Antonie Fuqua já tem muita experiência e consegue fazer filmes bons ou, ao menos, bem produzidos, com diversos astros de Hollywood, como Dia de Treinamento, Lágrimas do Sol e Rei Arthur. Além desses, irá dirigir Escobar, filme sobre a vida do traficante colombiano Pablo Escobar.

Wahlberg é Robert Lee Swagger, atirador de elite do exército norte-americano que, após uma operação mal sucedida na Etiópia, passa a viver isolado do mundo. Três anos após o incidente, ele é convocado pelo serviço secreto para tentar impedir uma tentativa de assassinato do presidente do país, nas próximas duas semanas. No dia do discurso do presidente, algo sai errado e ele é tomado como responsável pela emboscada ao líder máximo dos Estados Unidos. A partir daí, ele luta, ao lado de dois impensáveis aliados, para provar sua inocência e desmascarar os verdadeiros culpados. E a resposta parece voltar a toda para a Etiópia de três anos antes.

Michael Peña continua o bom trabalho como visto em Torres Gêmeas e a parte feminina do elenco não faz feio frente medalhões do cinema, como Danny Glover. Rhona Mitra é eficiente e o filme ainda cona com minha candidata a beleza de hoje e de futuras produções, Kate Mara.

Atirador é o meio ponto perfeito entre tramas extremamente mirabolantes e outras muito banais. É a medida para que tudo seja facilmente digerível no final e para que reste nos telespectadores uma sensação de que assistiram um bom filme de ação. Nada de mensagens para se pensar ou enredos intrincados que deixam os resultados finais pousarem em dubiedade e, sim, um cinema comercial e um passatempo divertido.

Nota: 6/10

Felipe Edlinger
26 de dezembro de 2007

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

[MovRev] Louco Por Elas

(A Guy Thing)

Directed by Chris Koch

Não existem muitas possibilidades de não se gostar do trabalho de Jason Lee. Afinal de contas, são poucos atores que conseguem entregar comédia ácida, sarcástica e irônica como ele. Bons exemplos são Barrados no Baile, Procura-se Amy, Dogma e, mais recentemente a série Meu Nome é Earl.

Porém, infelizmente, este não é um dos trabalhos que ele deve se orgulhar. Um, porque a trama é bem simples e, com certeza, não é marcante (muito menos passível de virar filme cult, o que já aconteceu com outros filmes que o ator estrelou); dois, porque nenhum diálogo, nem situações podem dizer que o filme seja digno de sua presença; e três, porque já existem inúmeros filmes nas prateleiras com enredos parecidíssimos.

Jason Lee é Paul Morse, jovem adulto com vida mansa e futuro seguro, que está para se casar com Karen Cooper, interpretada pela sempre lindinha Selma Blair. Porém, acaba se envolvendo com Becky Jackson, prima da noiva, e depois tem que fazer de tudo para que o ocorrido não estrague o casamento. No meio do caminho, ele começa a ter dúvidas sobre o que está para realizar e passa a ter outros pensamentos a respeito.

Quando começamos a assistir ao filme, temos a estranha (e comum) sensação de que já vimos algo parecido com esta produção. Tudo o que Jason Lee tenta fazer dá errado, o que é uma razão para, na verdade, ter um acesso de raiva, e não de risos. Hmmmm, já vimos isso em Entrando Numa Fria e Entrando Numa Fria Maior Ainda.

Jason Lee tenta segurar a onda da produção, mas não há muito que poderia ser feito para melhorar a história. Quando ele começa a se divertir com Julia Stiles e, realmente, sentir prazer e satisfação em sua companhia, porém com o compromisso do casamento nas costas, podemos citar algumas outras produções como Enquanto Você Dormia, com Sandra Bullock.

É uma pena que Julia Stiles (10 Coisas que Eu Odeio em Você, Identidade Bourne) e Selma Blair (Segundas Intenções, Tudo pra Ficar com Ele) tenham papéis tão insossos, é um disperdício de talentos.

O final é extremamente previsível e não traz nada de novidades para o gênero, mas ainda assim, pode ser um programa para uma Sessão da Tarde, contanto que não tenha sido visto anteriormente.

Pelo menos, algumas músicas da trilha sonora valem a pena, como Mr. E's Beautiful Blues, do The Eels, Lust for Life, de David Bowie, You Gotta Feel It, do Spoon, entre outros.

Nota: 4/10

Felipe Edlinger
25 de dezembro de 2007

[MovRev] Temos Vagas

(Vacancy)

Directed by Nimród Antal

Vamos lá... para quem conhece cinema atual, duas perguntas fáceis de serem respondidas: 1) Quais são os personagens normalmente interpretados por Kate Beckinsale? e 2) Qual o gênero cinematográfico favorito de Luke Wilson? Acertou quem respondeu Heroína de Ação e Comédia, respectivamente.

Kate Beckinsale se consagrou como heroína em filmes como Van Helsing - O Caçador de Monstros, Anjos da Noite e Anjos da Noite - Evolução, enquanto Luke Wilson fez trabalhos celebrados por todos em Os Excêntricos Tenenbaums, Dias Incríveis, O Âncora, Minha Super Ex-Namorada, Idiocracia, entre outros.

Uma coisa que eu não havia visto normalmente era Kate fazendo papel de coitada em filmes de suspense (ou em quaisquer outros filmes) e Wilson atuando em filmes do mesmo estilo. Felizmente, esta experiência de Temos Vagas impressiona como os dois conseguem carregar a trama muito bem e passar doses de realismo e desespero pelas situações vividas pelo casal.

Amy Fox (Beckinsale) e David Fox (Wilson) formam um casal em processo de divórcio após a morte do filho Charlie. Ao saírem de uma rodovia interestadual, o carro deles quebra em uma estrada deserta e se vêm obrigados a passar a noite em um motel de quinta categoria, no meio do nada. Ao ligar a TV do quarto e ver algumas fitas de terror que ali se encontravam, David percebe que as cenas de assassinato contidas nas fitas foram filmadas no quarto em que se encontravam. Logo, se vêm cercados por psicóticos que fazem filmes "snuff" com as pessoas que se hospedam no lugar. Depois, tudo se resume na tentativa deles em sobreviver aquela noite.

O filme traz bons sustos, com cenas nervosas, que mantêm o espectador atento, sem tentar ser surpreendente como a maioria dos filmes atuais, onde é sempre necessário um final com reviravoltas. É o bom e velho filme de suspense psicológico, apesar de não ser um filme do gênero, com final condizente ao desenrolar da história.

A trilha sonora colabora para o clima nervoso, que às vezes chega a ser claustrofóbico. Apesar de não ser um filme que será lembrado, pode garantir um bom programa em uma noite chuvosa, mais pela atmosfera que se cria do que pelo tempo em si.

O diretor Nimród Antal, americano de nascença, vive na Hungria desde os 18 anos, e lá fez seus três primeiros filmes, atingindo sucesso com Kontroll.

Ainda que eu prefira Kate Beckinsale distribuindo socos e pontapés e Luke Wilson fazendo rir em comédias pastelão, recomendo essa nova empreitada dos dois. Caso decidam mudar de gênero, já é um bom começo.

Nota: 6/10

Felipe Edlinger
25 de dezembro de 2007

[Felipe's MFQ] Death Proof

Stuntman Mike:
"Alcohol is just a lubricant for all the individual encounters that a bar room offers."

2007. Kurt Russell in Death Proof

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

[MovRev] Ligeiramente Grávidos

(Knocked Up)

Directed by Judd Apatow

Honestamente não entendo todo o furdúncio sobre este filme. Afinal de contas, vem sendo tratado como a oitava maravilha do mundo da comédia, endeusando seu diretor, assim como os atores que desfilam pela trama.

Correto dizer que Judd Apatow foi produtor de filmes bacanas de comédia, como O Âncora e Ricky Bobby - À Toda Velocidade, além de alcançar sucesso imediato em Hollywood com O Virgem de 40 Anos e este Ligeiramente Grávidos. Porém, não acredito que esta produção esteja destinada ao rol dos bons filmes, mas apenas a mais uma sessão de cinema em uma terceira-feira chuvosa.

Primeiro, por causa da história, em que Ben Stone (Seth Rogen) e Alison Scott (Katherine Heigl, maravilhosa) se conhecem em uma balada (sorte grande para ele, apenas), ela comemorando, ele enchendo a cara como de costume. Depois de um pouco de conversa, e muito álcool no sangue, eles transam e ela fica grávida por causa de um problema de, digamos, comunicação. Depois, é a fase de ela, e ele, por tabela, encararem o fato de estarem para ter um filho, sendo que ela é uma promessa do canal de televisão E! Entertainment, e ele é um drogado sem responsabilidade alguma, que fuma maconha todos os dias da vida e "trabalha" para construir um website onde dizem em que filmes celebridades aparecem nuas.

Na verdade, o filme demonstra a atitude séria e comprometida da mulher e o descaso e idiotice do homem, frente uma situação tão inesperada e importante como esta. É a história de como as crianças a) tendenciam ao sucesso e, por uma razão ou outra, encontram obstáculos no caminho e, b) tornam-se adolescentes sem limites e, depois, adultos sem senso de compromisso e responsabilidade. POrém, alguns tentam, e conseguem, superar os medos de tal enorme responsabilidade e dar um passo em frente, em direção à fase adulta da vida, enquanto outros continuam com a idéia infantil de brincar na casa da árvore pelo resto da vida. É a renúncia de todas as liberdades e vontades da vida de solteiro, mesmo sem estar preparado.

Os personagens são bastante estereotipados, como a garota gostosa que tem que aprender a lidar com a situação, a irmã insegura e irritante que tem necessidade de auto afirmação o tempo todo, o marido bacana que precisa de um pouco de espaço no casamento, e o idiota que não quer crescer e continua se drogando enquanto tem que assumir algumas obrigações na vida. Se você se identificar com Ben Stone, cuidade, você pode ser mais um desses imbecis que acreditam que a adolescência vai durar para sempre.

O filme não é, em sua totalidade, engraçado; na verdade é um drama disfarçado de comédia que joga na cara como a vida pode se tornar complicada de uma hora para a outra, e quem realmente fica do seu lado quando a situação se complica. O grande problema é que não há uma ênfase no quesito superação, na melhoria da personalidade e no caráter das pessoas, mas apenas no jeito inocente e ignóbil de alguns personagens.

A possibilidade de odiar o filme é grande porque a estupidez do personagem principal é irritante, tanto quanto o fato do personagem de Ben Stiller, em Entrando Numa Fria apenas se dar mal em tudo o que faz, mesmo com as melhores das intenções. A falta de personalidade de Ben Stone nos faz pensar em como boas pessoas conseguem se prejudicar por um engano como ele.

Nota: 4/10

Felipe Edlinger
24 de dezembro de 2007

[MovRev] Prova de Morte

(Death Proof)

Directed by Quentin Tarantino

Um filme de Quentin Tarantino é pretexto para um bom programa? Eu diria que sim, contanto que você mantenha a mente aberta para o novo ou para o refresh do velho e antigo, como algo cool.

É exatamente isso que acontece nessa produção "irmã" de Planeta Terror, dirigido por Robert Rodriguez. Os dois amigos, Tarantino e Rodrigues, dois dos mais celebrados e bacanas diretores de Hollywood, resolveram fazer uma homenagem aos antigos filmes de drive-in, de produção barata e acabamento duvidoso, com essa sessão dupla. Nós, de fora dos Estados Unidos da América, não somos muito familiarizados com o tema, mas este seria a boa e velha sessão dupla, a qual eles chamaram de Grindhouse.

Depois de Kill Bill e as referências ao cinema exagerado asiático, com sangue e coreografias absurdas, Tarantino resolve homenagear os road movies dos anos 70, com perseguições, carros possantes e tramas com cidades minúsculas do interior americano.
A ambientação do filme é totalmente anos 70, como roupas, carros, bares, cidades e músicas, porém, com contraste aparentemente proposital (mais uma boa sacada) com celulares, iPods e carros modernosos.

A história gira em torno de Stuntman Mike (Kurt Russell), um duplê que tem um carro à prova de morte, que sai pelas estradas do país, buscando vítimas para serem mortas. Puro e simples.

Aliás, para deleite dos fãs, Kurt Russell, rei dos filmes absurdos de aventura, traz toda a sua aura dos filmes trash para essa produção. Com um pouco de seu Ryan Snake, de Fuga de Los Angeles e Fuga de Nova York, ele dirige dois carros clássicos, desejos de qualquer garotão de décadas passadas, um Chevy Nova 1970 e um Dodge Charger 1969.

Assim como Tarantino fez, propositadamente, Kill Bill parecer exagerado demais (uma referência ao cinema asiático, como já dito aqui), neste filme ele faz a produção parecer tosca, da mesma maneira, com intenção de ser.

A caracterização como uma produção típica de cinema barato dos anos 70 apresenta ruídos no filme, cortes abruptos de cena e falhas no áudio. Mas, ao invés de nos fazer pensar que o produto é ruim, nos faz achar graça.

Apesar do nome errado em português (o correto seria "À Prova de Morte"), essa é mais uma bola dentro de Tarantino, apenas para variar um pouco. Ele inova com filmagens em primeira pessoa dentro do carro e outros planos de câmera diferentes como ele gosta de fazer, sendo, inclusive diretor de Fotogradia do filme.

Tudo faz parte da já mitológica direção de Tarantino, das cenas em preto e branco e a mudança para o colorido com uma ação-gatilho na tela, como utilizado em Kill Bill, à quebra de ritmo com música romântica caricata das produções da época. Isso sem contar a sua tradicional aparição em seus filmes, desta vez como Warren, o cara que serve Chartreuse para as garotas em um bar, na primeira metade do filme.

E Tarantino não se leva muito à sério, ou, ao menos, quer dar a impressão de que não se leva muito à sério. Um exemplo disso são os comentários e piadas presentes no próprio filme como "mean girl on a high school movie". Porém, quando o assunto é fazer efeitos de primeira categoria, sem parecer bobos ou irônicos, ele também não deixa a desejar, como podemos ver nas impressionantes cenas de colisões automobilísticas, incluindo a extremamente (e horrivelmente) detalhada cena da mutilação das primeiras vítimas de Stuntman Mike, na primeira metade do filme.

Essa mescla de ar sério com piada faz parte de toda a filmografia do diretor e, neste filme, também não poderia deixar de ser. Existe um contraste bastante considerável entre as duas metades da produção: a primeira poderia até ser considerada parte de um filme de terror e suspense, enquanto a segunda tem um jeitão mais de comédia. Depois de um começo de deixar o mais centrado dos fãs em frangalhos, o filme (de novo, propositadamente) descamba para o deboche. E o faz bem! O mesmo pode ser dito se compararmos os dois Kill Bill, que inicialmente foram criados como partes de um único filme.

Como sempre, a trilha sonora, mais uma tradição das produções de Tarantino, não poderia ser ruim. Muito pelo contrário, é digna de um CD permanente no console do carro, com destaque para Baby It's You (Smith), Jeepster (T. Rex), Staggolee (Pacific Gas), The Love You Save (Joe Tex), Good Love, Bad Love (Eddie Floyd), Down in Mexico (The Coasters), entre muitas outras.

E preparem-se para mais uma sessão endiabrada de diálogos espertos, com muitas referências pop, e apimentados, com comentários crus sobre sexualidade. Meu favorito (e já parte de minhas frases famosas de filmes) é o proferido por Kurt Russell, quando questionado em um bar, por uma das meninas do filme, sobre o porquê de ele não estar bebendo bebida alcoólica; a pérola vem pl(ácida): "O álcool é apenas um lubrificante, para todos os encontros entre indivíduos, que um bar oferece."

Para os fãs de carteirinha, o filme é um grande easter egg e apresenta inúmeras referências à outras produções do diretor, o que aumenta ainda mais a graça do filme. Na jukebox aparece a opção da música Miserlou, de Dick Dale (Pulp Fiction), uma das garotas diz que há um outdoor perto do Big Kahuna Burger (Pulp Fiction), o toque de celular é The Killer Song (Kill Bill v1), o xerife e o filho dele, que vão ao hospital depois do acidente de carro são os mesmo de Kill Bill. Ainda nas referências musicais, temos Natural High (Jackie Brown), Little Green Bag (Cães de Aluguel) e Don't Let Me Be Misunderstood (novamente, Kill Bill v1).

Apesar da estratégia de Quentin Tarantino e Robert Rodrigues ter foco nos Estados Unidos, o sucesso, infelizmente, não foi o mesmo no Brasil, mesmo porque os filmes foram apresentados separadamente para maiores bilheterias. De qualquer maneira, é uma excelente pedida para os fãs ou para os marinheiros de primeira viagem. De mente aberta, é lógicos.

Nota: 8/10

Felipe Edlinger
24 de dezembro de 2007

domingo, 23 de dezembro de 2007

[MovRev] Crossover

(Crossover)

Directed by Preston A. Whitmore II

O basquetebol nunca foi um dos principais esportes dos brasileiros, nem mesmo quando a geração (ainda moleque) de Oscar e Marcel ganhou os jogos Panamericanos da seleção dos Estados Unidos, em plena Indianápolis, em 1987.

Se o basquete nunca fez parte da massa brasileira, a modalidade do streetball, ou basquete de rua, variação onde normalmente não existem regras muito claras, quase não existem faltas e o que importa é mais o show do que as cestas em si, tem menos chances ainda de ser conhecida do grande público.

Crossover mostra um pouco do mundo do streetball, porém um pouco mais underground do que o normal. Enquanto outras produções como Homens Brancos não Sabem Enterrar, com Woody Harrelson e Wesley Snipes mostra um lado mais claro de que o esporte faz parte do cotidiano de pessoas que o praticam por pura vontade e paixão, porém que, algumas vezes, acabam fazendo uma aposta e outra, este mostra que existem pessoas que vivem do esporte para fazer dinheiro.

É a história de dois amigos, Tech (Anthony Mackie) e Cruise (Wesley Jonathan) que têm pontos de vista diferentes sobre o esporte. Ambos são jogadores de primeira, com talento nato, porém, enquanto Cruise quer revogar suas habilidades para estudar e ir para a escola de medicina, Tech procura meios de utilizar suas habilidades no streetball para fazer a vida.

A trilha sonora está de acordo com o ritmo frenético das partidas de streetball, onde a bola praticamente não para e a música rola solta o tempo todo nas quadras. Para quem gosta de hip hop, o álbum do filme provavelmente será uma boapedida, com faixas de Pete P.I.M.P., The Co-Stars e 2XL.

AS jogadas têm uma boa plasticidade nas câmeras, porém a trama deixa muito a desejar. É impossível não sentir o clima de novela mexicana no ar, principalmente com alguns personagens tão caricatos em cena, como a namorada interesseira, o chefe do jogo, o garoto desregrado e individualista que encontra seu caminho.

Como eu disse, essa realidade não faz parte da nossa realidade, portanto, tem que gostar muito para achar que o filme é bom. Para quem não conhece, quem sabe uma tentativa apenas para se familiarizar. Mas depois recomendo os bons e velhos Snipes e Harrelson. Ou então, Blue Chips, Diário de Adolescente, entre outros filmes de basquete muito melhores, como o excelente Doping.

Nota: 3/10

Felipe Edlinger
23 de dezembro de 2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

[MovRev] Tá Dando Onda

(Surf's Up)

Directed by Ash Brannon & Chris Buck

Como já havia dito algumas vezes, Hollywood sempre tenta se reinventar, com base em grandes sucessos do passado ou, "coincidentemente" sucessos contemporâneos.

Tá Dando Onda chega aos cinemas apenas seis meses depois do sucesso de Happy Feet e, coincidentemente, também é um filme sobre pinguins. As temáticas são um pouco diferentes, mas se apoiam na idéia de um excluído se superar e provar seu verdadeiro valor.

Cody Maverick (Shea LaBeouf) é um pinguim da Antarctica que sonha em ser um surfista profissional e famoso, que tem como ídolo o grande Big Z, lenda do surf e morto em um campeonato há 10 anos. Depois de ser selecionado para participar do campeonato anual, ele tem que provar que é bom o suficiente para permanecer na elite do surf.

Ok, tenho que concordar que os personagens desse Tá Dando Onda têm carisma, principalmente pela boa seleção de dubladores responsáveis pelos personagens principais: Cody Maverick (Shea LaBeouf), Big Z (Jeff Bridges), Lani (Zooey Deschanel), Chicken Joe (John Heder), Reggie (James Woods).

Porém, se o filme foi destinado para crianças, talvez a estratégia tenha sido errada. O filme é uma reprodução de um documentário sobre o 10º Campeonato de Surf Memorial Big Z e funciona como tal. São filmagens por-trás-das-cenas, depoimentos dos personagens, cenas em primeira pessoa, entre outros recursos dos grande documentários. Isso não funciona para as crianças, mas sim para os adultos (ainda que eles precisem entender a linguagem).

A modelagem e a animação dos personagens é soberba, com excelente renderização e detalhes, mesmo que eles sejam bem estereotipados. Os cenários são bacanas, com iluminação condizente para cada parte do filme. A água, a areia e a pelagem dos pinguins também são muito convincentes, além de algumas tomadas de câmera bastantes ousadas para uma animação para crianças.

As boas músicas, algumas recentes, outras nem tanto, dão o tom de praia para a produção, com destaque para Welcome to Paradise (Green Day), You Get What You Give (New Radicals), Drive (Incubus), Big Wave (Pearl Jam) e Holiday (Green Day).

Apesar da trama do filme acontecer muito rápida e gratuita, afinal de contas deveria ser um filme para crianças, é um bom programa para os adultos, também. Ou principalmente para eles.

Nota: 6/10

Felipe Edlinger
22 de dezembro de 2007

[MovRev] Histeria - Entre em Pânico se você sabe o que eu fiz na última sexta-feira 13

(Shriek If You Know What I Did Last Friday the Thirteenth)

Directed by John Blanchard

Uma comédia ironizando e ridicularizando os mais populares filmes de terror e suspense atuais, como Pânico, Eu sei o que vocês fizeram no verão passado, Sexta-feira 13, entre outros.
Idéia original? Sim, seria, se três meses antes do lançamento deste Histeria - Entre em Pânico (...) Sexta-feira 13, um filme chamado Todo Mundo em Pânico não tivesse feito um grande sucesso nos cinemas.

Honestamente, este filme não merece nem uma mínima chance do mais empolgado cinéfilo. A grande diferença entre as duas produções é que uma delas conta com o brilho dos irmãos Wayans, o que não é o caso deste Histeria.

Enquanto Todo Mundo em Pânico conta com um roteiro absurdo, mas com piadas extremamente engraçadas e bem elaboradas, a contra-parte não conta nem ao menos com um roteiro, e as piadas repetitivas não conseguem arrancar nem uma única risada sincera.

Além disso, o elenco de Histeria faz Shannon Elizabeth (Todo Mundo em Pânico, American Pie) parecer elegível ao Oscar de Melhor Atriz. Os personagens são interpretados de maneira tão insossa que também não colaboram em nada para a trama. Tirando a beleza de Tiffani Thiessen, o resto não justifica o que estão fazendo lá.

E pensando novamente em Todo Mundo em Pânico, onde podemos contar com Anna Faris, Marlo Wayans, Shawn Wayans, e com os "talentos" de Shannon Elizabeth e Carmen Electra, a distância entre uma produção e outra fica ainda mais aparente.

O pior é que as cenas em que as piadas são ambientadas parecem ser bem produzidas, em termos de recursos (com excessão dos recursos humanos, vulgo atores) físicos. Uma pena e perda de tempo.

Nota: 1/10

Felipe Edlinger
22 de dezembro de 2007

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

domingo, 16 de dezembro de 2007

[MovRev] Coração de Cavaleiro

(A Knight's Tale)

Directed by Brian Helgeland

Já havia algum tempo que o tema capa e espada não trazia nenhum filme emocionante e cheio de ação. Talvez, um dos últimos tenha sido o Robin Hood de Kiven Costner que, mesmo assim, não foi lá grande coisa.

Coração de Cavaleiro não é um filme do mesmo gênero mas, pelo menos, tras a mesma sensação de um deles, com lutas bacanas e boas coreografias.
Porém, esta produção tem um grande diferencial que não havia ainda sido explorado, ao menos não em escala comercial: aventura de época com música e atitude contemporâneas. E quando digo contemporâneas, digo de nosso tempo e não da mesma época em que o filme é retratado.

William Thatcher (Heath Ledger) é um camponês que sonha em se tornar um cavaleiro e competir nos duelos, que tanto admirava quando era apenas uma criança. Quando começa a concretizar seu sonho, após uma oportunidade inesperada no começo do filme, ele alcança o sucesso e, também, enfrenta as dificuldades de um recém chegado desconhecido em um ambiente onde tradição e poder ditam as regras.

As disputas aqui são as típicas justas, duelos onde dois cavaleiros se enfrentam correndo um de encontro ao outro, com lanças nas mãos, com o objetivo de derrubar o oponente.

Resumindo tudo, temos uma tradicional história de mocinho e bandido entre Heath Ledger e o Conde Adhemar de Anjou (Rufus Sewell), seu grande oponente nas arenas. Além disso, o filme passa por todas as fases de uma história que tenta tocar as pessoas, mesmo não sendo o mote principal: superação de limites, busca do amor impossível, retorno às raízes, as possibilidades dos menos afortunados em vencer na vida, entre outros temas explorados exaustivamente por filmes mais dramáticos.

Porém, a grande diferença do filme com relação a quaisquer outros é a atitude. São mais de duas horas de aventura, do começo ao fim, intercalando momentos de pseudo seriedade, humor e ação que não fazem com que a história perca o seu ritmo inicial, que logo de cara, começa com uma justa em que Heath Ledger quase perde a cabeça, literalmente.

O esporte da justa é tratado como uma atração do público de massa, com torcidas numerosas e barulhentas, pessoas fanáticas pelos competidores, líderes de torcida medievais, coreografias, roupas e penteados com toques de modismos atuais, além de danças e ritmos que podem ser vistos em casas noturnas.

O grande elenco equilibra a ação ininterrupta, com destaque para Heath Ledger, como o cavaleiro William Thatcher, em seu primeiro arrasa quarteirões como ator principal. Seu antagonista, Rufus Sewell, continua represntando muito bem o papel de anti-herói, com graus elevados de prepotência e arrogância, assim como em Mero Acaso, Tristan e Isolda, O Ilusionista, entre outros. O ainda desconhecido Paul Bettany (Uma Mente Brilhante, O Código Da Vinci) distribui charme como o arauto Geoffrey Chaucer. Quem chama a atenção é Shannyn Sossamon, em seu primeiro papel no cinema, que pode ser confundida pelos menos obsevadores com Angelina Jolie, uma vez que são extremamente parecidas. O toque de humor fica por conta de Alan Tudyk, o amigo de Sir William, Wat Falhurst.

Os efeitos de câmera, a narrativa, os flashbacks, ajudam ainda mais para definir o caminho da história, com certeza em busca do final padrão para todos os contos de fada. Fica muito bem definido quem é o mocinho e quem é o bandido, qual o futuro de ambos e quais reviravoltas ainda estarão por vir.

Mas, novamente, o diferencial está no fato de mesclar uma história de época com características atuais, principalmente as músicas, entre elas Low Rider (War), Golden Years (David Bowie), Further On Up The Road (Eric Clapton), e a principal delas e tema do filme, We Will Rock You, do Queen, interpretada também por Robbie Williams.

Somando tudo isso, não temos um filme memorável, mas certamente, um passatempo agradável, com uma história que se deixa levar, com rítmo ágil e que não nos faz entediar. Praticamente, um clipe de música.

Nota: 6.5/10

Felipe Edlinger
16 de dezembro de 2007

sábado, 15 de dezembro de 2007

[MovRev] A Passagem

(Stay)

Directed by Marc Foster

Algumas vezes me pergunto onde começam os sonhos, por onde passam as ilusões, qual é a linha tênue que separa o nosso mundo, o qual achamos real, com aquele onde tudo não passa de um mero momento, um instante envolto na teia do adormecer.

Sonho e realidade, verdade e ilusão, temas tão abrangentes e já abordados inúmeras vezes por livros, filmes e histórias em quadrinhos; porém, não nos cansamos de pensar e repensar. O que vemos é real?

Um acidente, rodas faiscando pelo asfalto, algo que pode mudar uma vida inteira. É assim que começa a história de Henry Letham (Ryan Gosling), um estudante de arte que parece não mais distinguir o que é verdadeiro e o que é imaginário.
Sam Foster (Ewan McGregor) é um psiquiatra que começa a ajudar Henry a compreender o que anda acontecendo, porém também acaba caindo em uma rede de incertezas que o leva a duvidar do que seus olhos vêm.

O filme tem um clima tenso, que é acentuado pela câmera nervosa, que vai e vem, angulosa e com perspectivas inusitadas. As transições de cenas são muitos bem feitas e conseguem transcrever o clima de insegurança dos personagens.

O elenco segura muito bem a trama, formado por excelentes atores, entre eles o sempre eficiente e boa praça Ewan McGregor, a linda (e com talento provado) Naomi Watts, a revelação Ryan Gosling, e a feliz aparição de Bob Hoskins (ele mesmo, o Super Mário dos cinemas).

O enredo é uma grande viagem e faz bem a função de nos deixar perdidos, sem razão, sem explicação, quase em desespero pela impotência de não entender e não conseguir concluir nada.
Os lapsos de memória dos personagens, a sensação de não saber o que é real e o que é sonho, a projeção de sonhos, as ambições e o pesar que às vezes nos faz ficar no limbo reflete em todas as ações dos personagens e cenas do filme o poder que a mente tem sobre o corpo.

O final é, sem dúvidas, inesperado, mas não é nem um pouco gratuito, é necessário pensar pra compreender e ligar todos os pedaços do quebra-cabeça. Se você espera um final no estilo Sexto Sentido ou Clube da Luta, a experiência pode ser frustrante, mas para quem assistiu Amnésia e gostou, A Passagem é um excelente programa.

Voltamos a bater na mesma tecla que diz que toda a nossa vida passa diante de nossos olhos em um momento de proximidade da morte. As alegrias, os sonhos, as paixões, os desejos, as tristezas, principalmente os bons momentos, ou aqueles que desejávamos que fossem bons momentos.

Ewan McGregor fica tentando entender o que acontece com Ryan Gosling, porém se perde no oceano de possibilidades e na imensa falta de explicações. Quem mata a charada é o personagem de Bob Hoskins que, no final, pensa um pouco fora da caixa.

Mas a vida é assim, incertezas, absurdos, becos sem saída. A existência requer um pouco mais de abstração, para não nos perdermos na insatisfação do dia a dia. E esta é mais uma obra que nos mostra tudo isso. Vale a pena ver e rever (pra entender, depois).

Nota: 7/10

Felipe Edlinger
15 de dezembro de 2007

domingo, 9 de dezembro de 2007

[MovRev] O Ilusionista

(The Illusionist)

Directed by Neil Burger

Por incrível que pareça, Hollywood continua a lançar filmes com a mesma temática de tempos em tempos. Porém, normalmente, um dos filmes é bom, o outro é ruim. Foi assim com o bom Impacto Profundo, e o infeliz Armageddon. Também, com o bacana Inferno de Dante, e com o chove-no-molhado Volcano.

Porém, o ano de 2006 nos trouxe duas grandes surpresas com dois filmes excelentes sobre mágica: O Grande Truque, com Hugh Jackman, Christian Bale e Michael Caine, e este O Ilusionista, com Edward Norton, Jessica Biel e Paul Giamati.
Na verdade, não creio que seja uma surpresa que estes filmes sejam tão bons, principalmente com elencos desse porte em duas produções rivais.

A começar por Edward Norton, que interpreta o ilusionista Eisenheim, que sempre entregou personagens vicerais e totalmente verossímeis em praticamente todos os seus filmes. Desde o seu primeiro papel em O Espelho tem Duas Faces, podemos esperar grandes performances sempre que uma produção é acompanhada de seu nome. Ou, como é hoje em dia, o seu nome acompanhado de uma produção.

Eisenheim deixa Viena quando criança e roda o mundo se especialisando em ilusionismo. Quando retorna a Viena para uma série de apresentações, revê o grande amor de sua infância, Sophie (Jessica Biel). Porém, o amor deles é proibido porque ela está comprometida com o Príncipe Leopold, a quem o inspetor de polícia tem enorme lealdade. Resta saber se o amor dos dois é grande o suficiente para enfrentar Sua Majestade e as consequências de tal desafio.

O grande, e inspirado, elenco coadjuante colabora ainda mais para o sucesso deste filme que nos passa a alma dos ilusionistas de teatro de séculos atrás. Paul Giamati, que hoje em dia parece ser figurinha carimbada em muitas outras produções, é eficiente como sempre e convence como o dividido chefe de polícia. Rufus Sewell trás consigo toda a sua ironia e prepotência de bom britânico, como o Princípe Leopold. Jessica Biel, por sua vez, que todo marmanjo hoje sonha em ter como princesa, desfila tristeza, charme e beleza, como Sophie, amante de Eisenheim.

Sob meu ponto de vista, ambos filmes citados aqui têm muito em comum; po outro lado, alguns conceitos-chave são invertidos. Enquanto O Grande Truque conta o caminho de um mágico em busca da perfeição para suplantar a dor de um amor perdido, O Ilusionista conta a história de um mágico em busca da perfeição para recurar o amor perdido, mas não esquecido.

Os cenários e o figurino descrevem e ambientam muito bem a época em que o filme é retratado. A fotografia (indicada ao Oscar) em tons amarelados e envelhecidos dão ainda mais sustento ao caracterizá-lo como um filme, como se diz, de época.

Além disso,a trilha sonora de Philip Glass capricha para criar todo o clima de surpresa, suspense, tensão, tristeza, entre outros sentimentos abordados na produção. Todas as cenas, personagens e trilhas se encaixam com sutileza, tanto que é praticamente impossível perceber as trilhas por si só, uma vez que elas fazem parte de cada uma das cenas e não fazem tirar a atenção do objetivo principal, mas sim, engrandecê-lo.

A trama bem amarrada, aparentemente sem furos no roteiro, mostra com paixão e mistério o mundo do ilusionismo, que por muitos é considerado uma arte. O assunto mexe com o popular, nos fazendo perguntar se tudo o que vemos é realmente mentira em forma de verdade, ou verdade em forma de truque.
Ainda mais com os efeitos especiais bem criados que nos levam a reforçar este ponto de vista.

O Ilusionista é um filme que encanta e que faz sonhar, por diversos motivos. Paixão, destino, justiça. Mas é o fato de tornar a mágica tão próxima que eu não me surpreenderia se encontrasse você concentrado tentando fazer um simples truque com uma baralho de cartas. Eu tentei.

Nota: 8/10

Felipe Edlinger
09 de dezembro de 2007

[MovRev] Escorregando para a Glória

(Blades of Glory)

Directed by Josh Gordon

Gosto muito do Will Ferrell, gosto mesmo. A grande maioria de seus filmes me faz rir sem parar, às vezes, até meu estômago doer ou meus olhos lacrimejarem.
Agora, este Escorregando para a Glória foi realmente uma escorregada monstruosa. Tudo bem que os filmes dele não fazem muito sucesso aqui no Brasil porque os temas não são muito bem do nosso conhecimento, como O Âncora, Ricky Bobby, Zoolander e o último Blades of Glory.

Mesmo assim, ele é capaz de encorporar personagens que fazem rir, sim, principalmente pelo fato de fazer estereótipos tão absurdos que tornam os filmes (quase sempre com tramas bisonhas) mais "comestíveis".
Porém, neste Escoregando, seu personagem é absurdo demais, exagerado demais, sem alma, sem carisma, sem nada... E o mesmo pode se dito de John Heder que, em minha singela opinião, apenas conseguiu algo diferente em Napoleon Dynamite, e mais nada. Caso duvidem, confiram Os Esquenta Bancos ou Escola de Idiotas. Vocês me darão razão.

Como eu já disse, a trama é, talvez, uma das mais absurdas e inconcebíveis de todos os tempos em uma comédia. É certo que uma comédia precisa encantar e fazer rir, seja uma comédia singela, com moldes nos antigos clássicos, escatológica, que tenha piadas sobre animais, reviravoltas, ou qualquer outro assunto, mas contar a história de rivais mortais em um ringue de patinacão artística foi demais.
Aliás, rivais (idiotas e sem carisma) que são retratados como senhores absolutos do gelo, como se fossem Neto e Evair dos bons clássicos entre Corinthians (agora na segunda divisão, até que enfim) e Palmeiras nos gramados, que, após serem expulsos de suas categorias, unem-se para competir pelo ouro olímpico na categoria duplas. Sim, dois homens.

O desenrolar do filme é insosso e não trás nada de novo ao mundo do cinema. É até mais insosso que a própria expressão de John Heder e que o corpão-barrigão de Will Ferrel. Realmente, sem graça alguma.
No final, acredito que eu tenha contado duas ou três cenas que tiveram alguma graça, e quando digo graça significa que consegui expressar um pequeno sorriso.

Se você estava procurando mais uma comédia ácida, sarcástica e irônica de Will Ferrel, pode tirar toda a boiada da chuva, esta não é uma delas. Pra falar a verdade, nem sei como Luke Wilson foi convencido a fazer um pequeno papel como o conselheiro dos Viciados em Sexo, grupo estilo A.A. que Will Ferrell frequenta.

Bons tempos de Anos Incríveis (Old School), O Âncora, Ricky Bobby, e até O Elfo. É, Will, acho que você precisa de uma consultoria.

Nota: 3/10

Felipe Edlinger
09 de dezembro de 2007

sábado, 8 de dezembro de 2007

[Strauss' MFQ] Mission Impossible II

Ethan Hunt:
She's got no training for this.

Mission Commander Swanbeck:
What? To go to bed with a man and lie to him? She's a woman. She's got all the training she needs.

2000. Sir Anthony Hopkins in Mission Impossible II

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

[Web] Patrocínio do CUrinthians para 2008

A diretoria do Corinthians cumpre a promessa

Caros amigos corinthianos e simpatizantes do Corinthians, a nova diretoria do Timão não perdeu tempo e cumpriu sua promessa.

No dia seguinte ao rebaixamento, já tomou providências e já fechou patrocínio para 2008, e já enviou a nova camisa do Timão 2008.

A nova camisa será comercializada nas lojas de R$ 1,99.