
Directed by Neil Burger
Por incrível que pareça, Hollywood continua a lançar filmes com a mesma temática de tempos em tempos. Porém, normalmente, um dos filmes é bom, o outro é ruim. Foi assim com o bom Impacto Profundo, e o infeliz Armageddon. Também, com o bacana Inferno de Dante, e com o chove-no-molhado Volcano.
Porém, o ano de 2006 nos trouxe duas grandes surpresas com dois filmes excelentes sobre mágica: O Grande Truque, com Hugh Jackman, Christian Bale e Michael Caine, e este O Ilusionista, com Edward Norton, Jessica Biel e Paul Giamati.
Na verdade, não creio que seja uma surpresa que estes filmes sejam tão bons, principalmente com elencos desse porte em duas produções rivais.
A começar por Edward Norton, que interpreta o ilusionista Eisenheim, que sempre entregou personagens vicerais e totalmente verossímeis em praticamente todos os seus filmes. Desde o seu primeiro papel em O Espelho tem Duas Faces, podemos esperar grandes performances sempre que uma produção é acompanhada de seu nome. Ou, como é hoje em dia, o seu nome acompanhado de uma produção.
Eisenheim deixa Viena quando criança e roda o mundo se especialisando em ilusionismo. Quando retorna a Viena para uma série de apresentações, revê o grande amor de sua infância, Sophie (Jessica Biel). Porém, o amor deles é proibido porque ela está comprometida com o Príncipe Leopold, a quem o inspetor de polícia tem enorme lealdade. Resta saber se o amor dos dois é grande o suficiente para enfrentar Sua Majestade e as consequências de tal desafio.
O grande, e inspirado, elenco coadjuante colabora ainda mais para o sucesso deste filme que nos passa a alma dos ilusionistas de teatro de séculos atrás. Paul Giamati, que hoje em dia parece ser figurinha carimbada em muitas outras produções, é eficiente como sempre e convence como o dividido chefe de polícia. Rufus Sewell trás consigo toda a sua ironia e prepotência de bom britânico, como o Princípe Leopold. Jessica Biel, por sua vez, que todo marmanjo hoje sonha em ter como princesa, desfila tristeza, charme e beleza, como Sophie, amante de Eisenheim.
Sob meu ponto de vista, ambos filmes citados aqui têm muito em comum; po outro lado, alguns conceitos-chave são invertidos. Enquanto O Grande Truque conta o caminho de um mágico em busca da perfeição para suplantar a dor de um amor perdido, O Ilusionista conta a história de um mágico em busca da perfeição para recurar o amor perdido, mas não esquecido.
Os cenários e o figurino descrevem e ambientam muito bem a época em que o filme é retratado. A fotografia (indicada ao Oscar) em tons amarelados e envelhecidos dão ainda mais sustento ao caracterizá-lo como um filme, como se diz, de época.
Além disso,a trilha sonora de Philip Glass capricha para criar todo o clima de surpresa, suspense, tensão, tristeza, entre outros sentimentos abordados na produção. Todas as cenas, personagens e trilhas se encaixam com sutileza, tanto que é praticamente impossível perceber as trilhas por si só, uma vez que elas fazem parte de cada uma das cenas e não fazem tirar a atenção do objetivo principal, mas sim, engrandecê-lo.
A trama bem amarrada, aparentemente sem furos no roteiro, mostra com paixão e mistério o mundo do ilusionismo, que por muitos é considerado uma arte. O assunto mexe com o popular, nos fazendo perguntar se tudo o que vemos é realmente mentira em forma de verdade, ou verdade em forma de truque.
Ainda mais com os efeitos especiais bem criados que nos levam a reforçar este ponto de vista.
O Ilusionista é um filme que encanta e que faz sonhar, por diversos motivos. Paixão, destino, justiça. Mas é o fato de tornar a mágica tão próxima que eu não me surpreenderia se encontrasse você concentrado tentando fazer um simples truque com uma baralho de cartas. Eu tentei.
Nota: 8/10
Felipe Edlinger
09 de dezembro de 2007
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