quarta-feira, 22 de outubro de 2008

[Jokes] Diários - Dela e Dele

DIÁRIO DELA

No domingo à noite ele estava estranho.
Saímos e fomos até um bar para tomar um drink.
A conversa não estava muito animada, de maneira que pensei em irmos a um lugar mais íntimo.
Fomos a um restaurante e ele AINDA agindo de modo estranho.
Perguntei o que era, e ele disse que nada, que não era eu.
Mas não fiquei muito convencida.
No caminho para casa, no carro, disse-lhe que o amava muito e que ele era muito importante pra mim.
Ele limitou-se a passar o braço por cima dos meus ombros.
Finalmente chegamos em casa e eu já estava pensando se ele iria me deixar.
Por isso tentei fazê-lo falar, mas sem me dar muita bola ligou a televisão, e sentou-se com um olhar distante que parecia estar me dizendo que estava tudo acabado entre nós.
Por fim, embora relutante, disse que ia me deitar.
Mais ou menos 10 minutos ele veio se deitar também e, para minha surpresa correspondeu aos meus avanços, e fizemos amor.
Mas depois ele ainda parecia muito distraído e adormeceu.
Comecei a chorar, chorei até adormecer.
Já não sei o que fazer.
Tenho quase certeza que ele tem alguém e que a minha vida é um autêntico desastre.

DIÁRIO DELE

O meu time perdeu.
Fiquei chateado a noite toda.
Pelo menos dei umazinha.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

[MovRev] As Crônicas de Spiderwick

(The Spiderwick Chronicles)

Dirigido por Mark Waters

Um dia, as pessoas dirão o quão grande é o talento de um certo ator chamado Freddie Highmore e a qualidade de suas obras e interpretações. Eu já o digo hoje, ou melhor, há algum tempo. Freddie nasceu em 1992 e com apenas 12 anos começou sua jornada em Hollywood, emplacando consideráveis sucessos, sendo indicado e condecorado em diversos prêmios para jovens atores. Depois de seu primeiro trabalho em Dois Irmãos, conquistou Johnny Depp, simplesmente um dos melhores atores da atualidade, e contracenou com ele em Em Busca da Terra do Nunca e no remake A Fantástica Fábrica de Chocolate. Ele ainda emendou Um Bom Ano, Arthur e os Minimoys, O Som do Coração e A Bússola Dourada. E, como não bastasse, neste As Crônicas de Spiderwick, Freddie Highmore ainda interpreta os papéis de irmãos gêmeos, de personalidades bastante distintas.

Aliado ao talento de Highmore, temos a tendência de sucesso das adaptações de obras de fantasia para o cinema, na onda da repercussão da trilogia O Senhor dos Anéis e dos filmes do bruxinho Harry Potter. Se as obras de C. S. Lewis (As Crônicas de Nárnia), Philip Pullman (A Bússola Dourada) e até Luc Besson (Arthur e os Minimoys) ganharam vida fora do papel, nada mais normal que os livros de Holly Black e Tony DiTerlizzi também ganhassem uma versão live-action.

Passando por dificuldades financeiras depois do divórcio, Helen (Mary-Louise Parker) se muda para uma estranha casa, deixada por um parente, localizada, literalmente, no meio do nada, em uma cidadezinha do interior. Ela leva consigo seus três filhos, os gêmeos Jared e Simon (Freddie Highmore) e a irmã mais velha, Mallory (Sarah Bolger). Lá, com imensas saudades de Nova York e do pai, Jared se poe a vasculhar a casa em busca de coisas interessantes para passar o tempo. Eis que ele encontra um livro, o "guia de campo" que seu tio-avô Arthu Spiderwick (david Strathairn) escreveu, sobre criaturas mágicas que habitam os arredores da estranha casa. A partir daí, os garotos passam a conhecer seres fantásticos como fadas, goblins e hoggobs. Porém, elas também passam a enfrentar a fúria de Mulgarath, um ogro que pretende se aposar do "guia de campo" de Spiderwick para dominar o mundo fantástico e o mundo dos humanos.

A história com ótimo resultado do roteiro adaptado por David Berenbaum (O Elfo, A Mansão Mal-Assombrada) e Karey Kirkpatrick (Fuga das Galinhas, A Menina e o Porquinho), garante uma atração de porte para a criançada e até para adolescentes e adultos. É uma história de fantasia com diversos elementos para agradar aos mais novos, não sendo tão assustadora quanto as histórias de monstros de Harry Potter, O Senhor dos Anéis ou Eragon, mas também não tão infantil como o já mencionado A Menina e o Porquinho, por exemplo. É o meio termo que faz as crianças delirarem.

Bons efeitos especiais permeiam a produção como um todo, com criaturas digitais bastante realistas e bem desenvolvidas em tecnologia de modelagem 3D. A produção do filme também é bastente acertada com cenários bem detalhados (apesar de poucos) e efeitos sonoros convincentes. Tudo na medida certa para as boas cenas de ação das crianças contracenando com os seres imaginários do universo de Spiderwick.

Mary-Louise Parker aparece pouco como a mãe das crianças, mas mostra todo seu charme e beleza, assim como a garota Sarah Bolger (ainda uma criancinha em Terra dos Sonhos, de 2002), linda adolescente que tem tudo para virar a mais nova namoradinha de Hollywood, já mostrando belos traços de mulher. Nick Nolte também aparece bem pouco, como o ogro Mulgarath em sua forma humana, mas é sempre Nick Nolte.

O diretor Mark Waters, acostumado com filmes para adolescentes, como Sexta-feira Muito Louca, Meninas Malvadas e E Se Fosse Verdade, desvia um pouco de seu filão e acaba fazendo uma ótima adaptação de aventuras de fantasia. Nada mal para a primeira experiência no gênero.

Nota: 7,5/10

Direção: Mark Waters
Roteiro: Karey Kirkpatrick & David Berenbaum
Elenco: Freddie Highmore & Mary-Louise Parker & Nick Nolte & David Strathairn & Sarah Bolger
Estréia: Março de 2008
Gênero: Aventura & Fantasia
Duração: 107 minutos
Distribuidora: Paramount Pictures
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por Felipe Edlinger
21 de outubro de 2008
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domingo, 19 de outubro de 2008

[MovRev] Rebobine, Por Favor

(Be Kind Rewind)

Dirigido por Walter Hill

Rebobine, Por Favor é um dos filmes mais originais do ano mas que, talvez, não agrade à gregos e troianos. Redefinindo a frase anterior, é certeza que não agrade a muitas pessoas. Simplesmente porque é diferente dos padrões.

O filme é uma homenagem sincera ao cinema de uma câmera na mão e uma idéia na cabeça, ao pioneirismo da nobre arte, ao improviso e aproveitamento dos recursos que se têm nas mãos para expressar o que está no coração. Rebobine, Por Favor tem muito mais alma do que corpo. E isso é, na verdade, um enorme elogio.

Jerry (Jack Black) é um neurótico que acha que a estação de energia do bairro está causando suas dores de cabeça. Ao tentar sabotar a estação, ele fica magnetizado e acaba, sem querer, apagando todas as fitas VHS da locadora onde seu amigo Mike (Mos Def) trabalha. Desesperados porque uma cliente fiel do Sr. Fletcher (Danny Glover), dono da loja, quer alugar Os Caça-Fantasmas, eles resolvem refilmar o filme, da melhor maneira que podem, para evitar que ela conte ao Sr. Fletcher o que aconteceu. Ao contrário do que esperavam, a "refilmagem" faz enorme sucesso e eles, então, resolvem refilmar uma série de filmes que os clientes pedem.

Rebobine, Por Favor tem a alma pura e sincera das antigas comédias, sem nenhuma apelação, coisa rara atualmente, em um mundo de comédias adolescentes escatológicas e paródias de filmes de sucesso, que tendem cada vez mais para o tosco inimaginável.

O roteiro simplista, que parte de uma grande idéia, se suporta pela simples curiosidade dos filmes refeitos, que eles chamam de "suecados" (isso mesmo, derivado do nome do país Suécia). Mérito de Michel Gondry, diretor e roteirista do filme, que trás grande experiência do mundo dos videoclipes (Bjork, Massive Attack, Chemical Brothers) e do excelente Brilho Eterno de uma Mente sem Memória.

O rapper Mos Def vem se confirmando como num bom ato, presente em um bom número de filmes das últimas safras, como 16 Quadras e O Guia do Mochileiro a Galáxia. Mesmo não sendo um ator nato, ele se vira muito bem nos papéis que lhe são atribuídos, em especial aqueles em que os personagens parecem bobos e descrentes.

Jack Black está quase diferente de seus personagens tradicionais, com exceção de uma recaída ou outra. Ele apresenta um personagem um pouco mais sóbrio, sem deixar de ser engraçado, mas com poucas caras e bocas, com o mesmo jeitão de moleque e viajante que é o mote de quase todos os seus filmes.

As imitações (filmes "suecados") são realmente o ponto alto do filme. São tão engraçadas que, elas por si só, já valem o preço da entrada, da locação e da compra do DVD, quando sair para venda. Os Caça-Fantasmas tem efeitos especiais de chorar de rir, A Hora do Rush 2 tem uma imitação de Jackie Chan que é, no mínimo podre. Robocop usa uma fantasia ridícula e O Rei Leão é a animação mais original com efeitos devastadoramente toscos da história. Isso, sem contar com outras "suecadas", como 2001 - Uma Odisséia no Espaço, King Kong, Carrie - A Estranha, Homens de Preto (ótimo!). Os remakes são tão absurdos que podem até ser interpretados como um ultraje em primeira instância, para quem não tem senso de humor.

Tudo que é minimista no filme é ótimo; das atuações de Danny Glover, como o dono da locadora, e Mia Farrow, como a cliente que que "suecar" Conduzindo Miss Daisy. As locações em Nova Jersey dão o clima do bairro afastado e esquecido do mundo onde a locadora fica. A trilha sonora, que varia do som kubrickiano ao blues de Fats Waller, um dos temas do filme, acompanha com perfeição a trama toda. Até o próprio slogan da locadora, criado pelo personagem de Jack Black, é ótimo: "Be Kind Rewind, Videos a La Carte".

Rebobine, Por Favor mostra a magia do cinema, em transformar verdades em histórias, e histórias em lembranças. O envolvimento das pessoas, a logística, a organização. É claro que tudo é mostrado de maneira parodiada, como é o propósito do filme como um todo, mas que representa toda a arte de fazer arte.

E o cinema é mostrado como a arte que dever ser visto, como a inspiração que faz vidas seguirem em frente, sem o corrompimento da pureza da obra, como testemunhado nos filmes antigos. É uma rechamada ao tempo em que colocar os sentimentos em celulóide era mais importante do que nadar em rios de dinheiro, quando o prazer de atuar era maior do que a ambição de ser o próximo milionário da indústria cinematográfica.

Este filme é uma comédia com uma poesia improvável, que transmite a sensação dos verdadeiros cinéfilos, a paixão incomensurável pela sétima arte. É de fazer o rosto sorrir e o coração se alegrar, com um final na medida para os saudosistas, otimistas e entusiastas.

Nota: 8,1/10

Direção: Michel Gondry
Roteiro: Michel Gondry
Elenco: Jack Black & Mos Def & Danny Glover & Mia Farrow & Melonie Diaz
Estréia: Outubro de 2008
Gênero: Comédia
Duração: 102 minutos
Distribuidora: New Line Cinema
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por Felipe Edlinger
19 de outubro de 2008
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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

[MovRev] Antes Só do que Mal Casado

(The Heartbreak Kid)

Dirigido por Bobby Farrelly & Peter Farrelly

Ultimamente, e infelizmente, duas grandes vertentes da comédia norte-americana vêm declinando em termos de qualidade e quantidade de risadas, o que é algo essencial para o sucesso de uma produção do gênero.

Uma dessas vertentes é a gangue formada pelos amigos Wilson, Wilson, Vaughn, Ferrell e Stiller. Acostumados com sucessos absurdos e politicamente incorretos, eles se destacam (ou ao menos, se destacavam mais do que hoje o fazem) pelo senso de humor ácido, irônico e sarcástico. Atualmente, eles estão tendenciando para comédias mais "café com leite", com tons de humor mais comuns e pouco ofensivos. Owen Wilson fez o recente Meu Nome é Drillbit Taylor, Luke Wilson estrelou Minha Super Ex-Namorada, Vince Vaughn esteve em Separados pelo Casamento, Will Ferrell co-protagonizou A Feiticeira, e Ben Stiller fez este Antes Só do que Mal Casado.

A segunda dessas vertentes é a dos Irmãos Ferrelly, que depois de Eu, Eu Mesmo e Irene, deixaram o humor ácido de lado para fazerem obras mais certinhas como O Amor é Cego (com Jack Black), Ligado em Você (com Matt Damon) e Amor em Jogo (com Drew Barrymore e Jimmy Fallon), que não têm nada das extravagâncias das produções anteriores. Isso somente aumenta a saudade dos fãs de Bobby e Peter (os Farrelly, que mais?), e dos bons tempos de Débi & Lóide, Kingpin - Estes Loucos Reis do Boliche e Quem vai Ficar com Mary?.

Eddie (Ben Stiller) é um quarentão solteiro que vê suas últimas chances de subir no altar irem para o espaço quando sua ex-namorada se casa. Quando tudo parecida perdido, ele conhece a maravilhosa Lila (Malin Akerman) e, imediatamente, se sente atraído por ela. Pressionado pelo melhor amigo e pelo pai, ele pede Lila em casamento, depois de um namoro de pouco mais de um mês, sendo que ela aceita prontamente. Porém, o que parecia um sonho vira um terrível pesadelo quando, na viagem de lua-de-mel, na cidade de Cabo, no México, ele descobre que ela é o diabo em pesoa. Contrapondo toda a beleza e simpatia inicial, ela se revela uma mulher infantil, imatura, irritante, chata, ex-viciada, devedora de uma enorme quantia de dinheiro, desempregada e, acima de tudo, assustadora na cama. Eis que, ainda durante a lua-de-mel, Eddie conhece a meiga, graciosa e linga Miranda (Michelle Monaghan), pela qual se apaixona perdidamente. Confrontando os sentimentos pela esposa e pela nova paixão, seu grande problema agora é manter as duas realidades separadas.

Ben Stiller está ótimo, como sempre, mas não tão bem interpretando o quarentão que ele realmente é. Ele pode ter a idade cronológica, mas sua alma é, com certeza, muito mais jovem. Em função disso, seu papel nesta produção poderia ter sido um pouco melhor escrito. Marlin Akerman é um dos destaques pelo seu papel como a irritante Lila; belíssima por natureza, ela consegue nos fazer odiar sua personagem do fundo da alma (o que demonstra certo talento), ao contrário do que acontece com a personagem Mirando, interpretada pela exuberante Michelle Monaghan. Ela sim, é o exemplo de mulher que todos os homens desejam como esposa. Com sua meiguice e doçura ímpares, ela cativa qualquer um que a veja em Antes Só do que Mal Casado.

Mas o grande problema parece estar no desenvolvimento do argumento do filme. Longuíssimo para uma comédia descompromissada, parece se arrastar da meta para a frente e também no final. Os Irmãos Farrelly costumavam ser mais diretos nas conclusões de seus filmes, independente da duração das produções, o que mantinha a atenção e o humor dos espectadores em alta. O roteiro também tem sua parcela de exageros na trama, algo que, aparentemente, não deveria acontecer devido aos trabalhos anteriores dos outros dois roteiristas (juntos com os próprios Irmãos Farrelly), Scot Armstrong (Road Trip, Dias Incríveis, Starsky & Hutch) e Leslie Dixon (Uma Babá Quase Perfeita, Thomas Crown - A Arte do Crime, Sexta-feira Muito Louca).

Mesmo trazendo alguns elementos de filmes anteriores, como os mariachis, que sempre aparecem em cena, as desventuras sexuais, os momentos de excentricidade dos protagonistas (quando Eddie se irrita com os mariachis, talvez seja uma das melhores cenas do fime) e o final nada convencional, a fita não consegue decolar e atingir as expectativas de "o novo fime dos Irmãos Farrelly").

Como curiosidade, vale destaca a grosseria simpática de Jerry Stiller, ator e pai de Ben Stiller, no filme e também, na vida real.

Com relação aos Farrelly, resta esperar que o longa-metragem Os Três Patetas, baseado no clássico e lendário sucesso do trio Moe, Larry e Curly (que deu lugar a Shemp, posteriormente), esteja a altura dos mestres do humor dos filmes em preto & branco. Quando a Ben Stiller, bem, Bem Stiller já se recuperou com Trovão Tropical. E ainda vêm pela frente as sequências de Madagascar e Uma Noite no Museu, grandes sucessos do comediante. É, parece que as preces têm que ser direcionadas para Bobby e Peter.

Nota: 5,4/10

Direção: Bobby Farrelly & Peter Farrelly
Roteiro: Scot Armstrong & Leslie Dixon
Elenco: Ben Stiller & Malin Akerman & Michelle Monaghan & Jerry Stiller & Rob Corddry
Estréia: Novembro de 2007
Gênero: Comédia & Romance
Duração: 116 minutos
Distribuidora: DreamWorks Pictures
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por Felipe Edlinger
15 de outubro de 2008
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terça-feira, 14 de outubro de 2008

[MovRev] O Reino Proibido

(The Forbidden Kingdom)

Dirigido por Rob Minkoff

Eis que, finalmente, presenciamos o encontro entre Jackie Chan e Jet Li. Para entender o que isto significa para os fãs do gênero, seria algo como Indiana Jones lutando lado a lado com Han Solo, ou Ronaldinho Gaúcho fazendo dupla de meia com Guarrincha. Ou ainda Steven Tyler dividindo os holofotes no vocal com Mick Jagger. Todos unanimidades em suas áreas, mas que, por uma razão ou outra, nunca fizeram nenhum trabalho juntos.

Pois então, depois de mais de 10 anos nos cinemas ocidentais (Jackie Chan estreou em 1995, com Arrebentando em Nova York, e Jet Li, em 1998, com Máquina Mortífera 4), as duas maiores lendas do cinema de artes marciais (com exceção, é claro, do eterno Bruce Lee) se encontram em um filme de fantasia e pancadaria.

Jason Tripitikas (Michael Angarano) é um enorme fã de filmes antigos de kung-fu, que é, como que por um passe de mágica, transportado para a China mítica. Lá, o Rei Macaco (Jet Li) perdeu seu cetro dourado e foi transformado em pedra pelo Imperador Jade (Collin Chou). Jason tem a missão, sem nem ao menos saber o porquê, de recuperar o tal cetro e devolvê-lo ao seu mestre. Para isso, em sua jornada, e conta com a ajuda de grandes mestres o kung-fu, como o Monge Silencioso (Jet Li), o Mestre Bêbado Lu Yan (Jackie Chan) e a música assassina Pardal Dourado (Yifei Liu).

Para o encontro entre os dois mestres das artes marciais, o visual urbano dos filmes americanos foi abandonado para se retomar o passado das produções de época asiáticas, que conquistaram o mundo pelas suas características oníricas e belos exageros de cores e formas.

Os cenários, os figurinos e as coreografias permanecem com o requinte de sempre dos grandes filmes dos astros do cinema oriental, como O Tigre e o Dragão, Herói e A Cada das Adagas Voadoras. Depois de O Tigre e o Dragão, virou praticamente padrão a riqueza de produção e preparação para a maioria dos filmes feitos no outro lado do mundo.

Os atores principais estão bastante caricatos, frente suas próprias obras, sendo que Jackie Chan está boa praça como sempre, interpretando mais uma vez um lutador bêbado (ele encarna um personagem parecido em Drunken Fist/ Drunken Master), onde se encontra a fonte de seu poder, e Jet Li está, mais uma vez, sisudo e sarcástico, também como de tradição, garantindo o contra-ponto na medida para a relação entre os dois ídolos das artes marciais.

A primeira luta entre Jackie Chan e Jet Li é um primor de coreografia e desenvoltura, que só quem sai ganhando são os fãs e espectadores. Diversas técnicas de lutas são simbolizadas pelos diversos animais que os dois lutadores encarnam no confronto. Mesmo dez anos mais velho do que Jet Li, jackie Chan, no alto dos seus 54 anos, mantém o mesmo nível do compatriota e, juntos, mostram porque têm hordas de fãs ao redor do mundo todo. Porém, uma unanimidade é que, as cenas de luta entre os dois astros, infelizmente, ficaram reduzidas frente às expectativas dos fãs.

Jet Li, aliás, mesmo lutando pouco, já garante 100% de melhorias em relação a sua participação na fraca segunda continuação da franquia A Múmia, com Brendan Frase, onde vivia a maior parte do tempo debaixo de efeitos especiais ou enormes quantidades de maquiagem. Neste O Reino Proibido, ele também passa boa parte do tempo coberto por maquiagem e figurino pesado, mas ainda é o mesmo Jet Li de sempre.

Voando de lá pra cá, os atores dão asas à imaginação do mundo fantástico do kung-fu. As cores acentuadas garantem a temperatura a trama, algo que já havia sido visto nos ótimos Herói e O Clã das Adagas Voadoras.

Partes dos monólogos de Jet Li formam uma ode de amor ao kung-fu, o que pode parecer piegas para alguns, mas mostra a paixão dos atores pela arte marcial, devidamente ressaltada pelo roteirista e pelo diretor do filme. Rob Minkoff extrapola a fantasia que já havia ensaiado em outros filmes menores como A Mansão Assombrada, com Eddie Murphy, os filmes do ratinho Stuart Little, e alguns curtas de Roger Rabbit. O mesmo vale para John Fusco, roteirista de mão cheia que já mostrou a que veio, com alguns pequenos clássicos como A Encruzilhada e Young Guns.

Parcialmente falado em Mandarim, O Reino Proibido continua o legado que O Tigre e o Dragão impôs a partir de 2000, quebrando uma regra não escrita: filmes gravados em outras línguas tendo repercussão de sucesso nos EUA.

Em termos, mesmo sendo bonita e bem produzida, a aventura de O Reino Proibido não é uma obra memorável e grandiosa, afora o encontro dos dois ídolos. De qualquer maneira, valeu a pena esperar tanto tempo para ver Jackie Chan e Jet Li juntos, mesmo que para uma única cena de luta mano-a-mano. A vontade mesmo, dos fãs, era de ter um filme inteiramente dedicado ao confronto entre as duas maiores celebridades do cinema marcial. Infelizmente, o resultado gerou um momento apenas para saciar toda essa vontade.

Nota: 7,8/10

Direção: Rob Minkoff
Roteiro: John Fusco
Elenco: Jet Li & Jackie Chan & Yifei Liu & Collin Chou & Michael Angarano
Estréia: Agosto de 2008
Gênero: Ação & Aventura
Duração: 113 minutos
Distribuidora: Lionsgate
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por Felipe Edlinger
14 de outubro de 2008
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[MovRev] A Encruzilhada

(Crossroads)

Dirigido por Walter Hill

É verdade que todos nós conhecemos Ralph Macchio por seu papel como Daniel LaRusso, da trilogia inicial Karatê Kid, da qual o terceiro filme (sem contar o quarto, com Hillary Swank - pasmem!) pode ser sumariamente descartado. É também verdade quem, infelizmente, nos esquecemos de algumas pequenas pérolas que fazem parte da carreira do ator, como Vidas Sem Rumo (1983) e este A Encruzilhada (1986).

Realizado pouco antes do segundo capítulo da saga de Daniel LaRusso e Sr. Miyagi, A Encruzilhada é uma homenagem ao puro Blues, estilo musical original da região do Delta do Mississipi, nos Estados Unidos. Com uma trilha sonora de arrepiar tanto amantes da música quanto meros consumidores de tabela, a trama tem como pano de fundo a história de Robert Johnson, um bluesman marcante (e dos mais famosos), que cantava, tocava guitarra e escrevia suas próprias músicas.

Morto aos 27 anos, com apenas 29 canções gravadas, ele influenciou e continua influenciando uma série de músicos e bandas como Bob Dylan, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, The Rolling Stones, Eric Clapton e Jack White. É, inclusive, considerado por alguns como o pai do rock 'n' roll.

A Encruzilhada é um bom trabalho de Walter Hill, que há tempos não dirige algo de qualidade. Por outro lado, a década de 80 foi de boa safra para o veerano de quase 70 anos, com algumas produções de presença, como Cavalgada dos Proscritos, 48 Horas e Ruas de Fogo. Além disso, foi o trabalho de debut de John Fusco, que também tem no currículo o clássico cult Young Guns e sua seqüencia, e os recentes Mar de Fogo e O Reino Proibido. Uma ótima associação de produtores de alto quilate.

Euge Martone (Ralph Macchio) é um brilhante guitarrista que sonha em ser um famoso bluesman. Ele quer gravar a música perdida de Robert Johnson, famoso guitarrista das origens do blues e, dessa maneira ser reconhecido e respeitado no cenário musical. Para tal, ele convence o músico Willie Brown, antigo parceiro de Johnson a ensiná-lo tal música. Porém, Willie o leva em uma jornada até o delta do Rio Mississipi, onde tudo começou, com um pacto com o próprio diabo.

A obra de Walter Hill é um road movie delicioso; não tão bom quanto outros mais famosos como Thelma e Louise, Diários de Motocicleta e Sideways - Entre Umas e Outras, mas com qualidades marcantes. O diferencial em favor da obra de Hill é, como já mencionado, a trilha sonora de extremo bom gosto.

Quase que inteiramente escrita e tocada pelo guitarrista Ry Cooder, com a colaboração de ninguém menos do que Steve Vai, um dos grandes solistas dos últimos tempos, junto com Joe Sartriani e Stevie Ray Vaughan, a música do filme flui tão fácil como água entre dedos abertos.

Ralph Macchio, inclusive, realmente toca todas as músicas, demonstrando grande habilidade com uma guitarra elétrica nas mãos, reproduzindo os acordes criados por Cooder e Vai. O único momento em que ele recorre a um dublê (de peso, novamente Steve Vai) é durante a cena o duelo final, na casa de shows do diabo em pessoa, a cena mais "cabeluda" do filme.

O duelo final, diga-se de passagem, é um primor de riffs de guitarra e seqüencias pesadas de dedilhados vigorosos e impositivos. Deixando o blues um pouco de lado e trazendo à tona o bom e velho rock 'n' roll. A cena de quase 10 minutos é um dos melhores duelos musicais do cinema e mostra Steve Vai (novinho, aos 26 anos) em sua melhor forma. Tanto que ele mesmo dubla Ralph Macchio, nos momentos mais crônicos do clássico duelo. A última parte do confronto, chamada de "Eugene's Trick Bag" é uma variação de um clássico de Paganinin, elevada as maiores notas pelos talentos do ator e do músico.

O filme é bom, Ralph Macchio e Joe Seneca são eficientes, mas o chapéu tem que ser realmente tirado para a musicalidade da obra. Para se ter na estante mas, acima de tudo, na vitrola. Ou melhor, no iPod porque, como diria o personagem de Joe Seneca, Willie Brown, "já faz tempo que inventaram a eletricidade".

Nota: 6,4/10

Direção: Walter Hill
Roteiro: John Fusco
Elenco: Ralph Macchio & Joe Seneca & Jami Gertz & Robert Judd & Steve Vai
Estréia: Março de 1986
Gênero: Drama
Duração: 96 minutos
Distribuidora: Columbia Pictures
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por Felipe Edlinger
14 de outubro 2008
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

[Web] Crise Econômica Mundial

Pois é... crise econômica mundial. Bolsas em baixa. Dólar em alta. Bancos quebrando. E, finalmente, empresas falindo. Sintetizando as piadinhas que todos já estão fazendo, eis uma ótima brincadeira do Blog www.tosorto.zip.net



[MovRev] Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor

(Drillbit Taylor)

Dirigido por Steven Brill

Esta é uma produção atípica de Owen Wilson. Normalmente, ele faz filmes direcionados para o público adulto, sejam comédias descaradas, como Penetras Bons de Bico, Bater e Correr e Dois é Bom Três é Demais, ou ainda produções mais "estranhas" (e deliciosas, diga-se de passagem), como Os Excêntricos Tenenmbauns, A Vida Aquática de Steve Zissou e Viagem a Darjeeling.

Quase sempre, Owen Wilson rouba a cena com seus personagens excêntricos e desajustados. Porém, aqui, o que ocorre é exatamente o contrário, as cenas são roubadas dele. Primeiro, porque o roteiro não o privilegia e o trata como um mero coadjuvante; segundo, porque os três garotos protagonistas são esquisitos o suficiente para chamar mais atenção.

Drillbit Taylor (Owen Wilson) é um vagabundo de primeira grandeza. Ele mora em um parque, come restos da lata de lixo, tomar banho em uma ducha de praia e pede esmolas onde pode. Wade (Nate Hartley), Ryan (Troy Gentile) e Emmit (David Dorfman) são três crianças, naturalmente perdedores, que, logo no primeiro dia de escola, arrumam confusão com os valentões do colégio. Tentando não apanhar mais na escola, os garotos colocam um anúncio para contratarem um guarda-costas para protegê-los de seus algozes. O único que topa a oferta é o próprio Drillbit, que apenas quer se aproveitar da inocência e desespero dos moleques para faturar alguns dólares.

Seth Rogen ficou famoso por protagonizar o, em minha opinião, superestimado Ligeiramente Grávidos, e escrever o roteiro do engraçado Superbad - É Hoje. Aqui, o roteiro também é dele, mas não apresenta nada de muito bacana, principalmente por não aproveitar o talento de Owen Wilson como astro de comédias. Para quem está acostumado com as piadas mais adultas e ácidas das comédias modernas, achará o humor deste filme bastante fraco e pouco inspirado, remetendo sempre as comédias infantis bobocas dos anos 90.

Além das piadas sem graça, ainda há espaço para pequenas lições de moral que apenas tornam o resultado cada vez mais insosso, conforme o final do filme vai chegando. A necessidade crescente de se criar obras politicamente corretas, depois de uma leva de produções ofensivas e ultrajantes, já está se tornando um fardo para quem, simplesmente, quer se divertir no cinema, vendo uma boa comédia - leia-se "boa comédia" onde se dê muitas risadas. Talvez, as únicas partes que, realmente, dêem um pouco de alegria para os fãs sejam a imitação da primeira cena de luta de Clube da Luta e o ressurgimento de Drillbit quase no final da trama.

Talvez as crianças acabem achando o filme mais atrativo, até mesmo por se identificarem com os personagens principais, sendo que um deles é magrelo de dar dó, outro é um gordinho miniatura de Jonah Hill, do filme Superbad - É Hoje, e o último é um bocó que faz os amigos parecerem espertos. Mas é só, é mais um filme infantil do que qualquer outra coisa. Até mesmo os piores American Pie são mais engraçados e mais inspirados. Ok, talvez seja um exagero, mas acredito que a idéia tenha sido captada.

Curiosidade para Shaun Weiss, como um motorista de ônibus, em uma ponta de poucos segundos. Para quem não se lembra, ele foi o Goldberg, goleiro de hockey do time dos Mighty Ducks, no filme Nós Somos os Campeões, e nas sequências D2 e D3. Adam Baldwin, do pequeno clássico da Sessão da Tarde, Cuidado com Meu Guarda-Costas, também faz uma ponta como um candidato a protetor dos moleques.

Owen Wilson, apenas uma sugestão à você: volte a fazer o que você sabe fazer de melhor: as comédias para adultos, nem que elas sejam idiotas ou pouco inovadoras. Ao menos, você garante a fidelidade de seus antigos e verdadeiros fãs.

Nota: 4,8/10

Direção: Steven Brill
Roteiro: Kristofor Brown & Seth Rogen
Elenco: Owen Wilson & Nate Hartley & Troy Gentile & Leslie Mann & Alex Frost
Estréia: Abril de 2008
Gênero: Comédia
Duração: 109 minutos
Distribuidora: Paramount Pictures
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por Felipe Edlinger
13 de outubro de 2008
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

[Enter] Energia na Cabeça

Muita gente gosta. Com bebidas alcoólicas, às vezes até puro. Mas a verdade é que os preparados ditos energéticos fazem a cabeça do povo.

Energia extra, ânimo para enfrentar o dia-a-dia, força para se fazer atividades físicas, combinação perfeita (e, segundo os especialistas, não recomendada) para a balada, os energy drinks são cada vez mais consumidos pela galera, incluindo-se aqui a molecada menor de idade, os jovens baladeiros, os adultos workaholics e até alguns senhores e senhoras de idade que resolvem experimentar a moda.

A verdade é que, o que antes era apenas um mundo bipolar, com Red Bull de um lado e Flying Horse de outro, hoje temos inúmeros exemplares de energy drinks, dos tradicionais aos genéricos de quitanda.

Com (muita) experiência de causa, eis alguns deles e o nível de energia do barato:

Red Bull - O clássico dos clássicos, campeão dos campeões. Está na ativa há muito tempo, desde o final da década de 1980. Patrocinador de eventos famosíssimos, de corridas aéreas a equipe de Fórmula 1, é o preferido da moçada... ops, quer dizer, de todo mundo! Delicioso, é combinado com bebida alcoólica a torto e a direito, apesar de não recomendado. Mesmo puro, é excelente, ainda na mais na versão latão 350 ml, com melhor custo-benefício.

220V - A versão tubaína dos drinques energéticos. Com gosto de Guaraná Joaninha, é um dos mais baratos, mas não justifica o investimento, a não ser que você ainda não tenha bebido Red Bull. Ou caso você goste realmente dos guaranazinhos do interior vendidos em garrafinhas de 200 ml.

Carrefour Energy Drink - Assim como quaisquer outros produtos da marca Carrefour (genéricos de plantão), tem qualidade elevada e é muito parecido com o Red Bull original. Parecido mesmo! Pouca diferença no gosto, é, sem dúvidas, um genérico de bastante presença (não, eu não sou acionista do Carrefour), mesmo sendo difícil de achar. Sem contar que é beeeem mais barato que o famoso Red Bull.

Flash Power - Mais um que está já há algum tempo no mercado, mas não chega nem aos pés daquele que "te dá asas". Um tanto quanto amargo, nem de longe oferece o mesmo sabor e refrescância dos outros, mesmo quando comparado com o 220V. Depois de dois goles, você começa a pensar: "acho que R$1,00 a mais no bolso não valeu a pena...".

Burn - Produto da The Coca-Cola Company, que sempre pensa em meter o bedelho onde não é chamada. Se a empresa teve que comprar o famoso Inka Cola, no Peru, para ganhar market share, por que não lançar uma bebida energética? Pois é, o que parecia ser um boa, se tornou um tiro n'água. Burn tem mais cafeína do que os concorrentes e, conseqüentemente, um gosto especialmente ruim de café passado. Não recomendável para pessoas normais, somente para fãs e viciados incondicionais de Coca-Cola. Blerg!!!

Bad Boy - Doce no começo, amargo no final do gole, deixa um gosto doce-amargo na boca, coisa estranha tipo o sabor de bala de framboesa meio azedinha. Não é de todo ruim, mas... e além disso, a marca Bad Boy já não está com a bola cheia há um tempão, nem mesmo quando os manés, ratos de academia, pseudo cantores de rap, adoradores de bonés sem aba, a usavam.

Flying Horse - Bebida razoável, mas deveria ter melhorado pois é uma das que está há mais tempo no mercado. Sempre no rastro do Red Bull, mas sem conseguir atingir o mesmo patamar. Mais ou menos como um Guaraná Kuat está para um Guaraná Antarctica; eles podem coexistir, mas não tente brigar de frente.

Flying Horse Light - Pelo amor dos deuses! Quando alguém fala que os alimentos e/ ou bebidas light/ diet tem o mesmo sabor que as normais, NÃO acredite. Esta bebida é horrível. É o único caso em que é impossível terminar a latinha, de tão ruim que é o gosto. Parece alguma coisa vendida de tão amargo que é. Realmente, deve ser light porque você não bebe de novo e não ganha calorias. Ou porque te faz botar tudo pra fora e dessa forma emagrece.

Vibe - Surpreendentemente bom. Óbvio que não é um super produto, mas pelo preço consegue ser bem melhor do que os Flash Powers e Flying Horses da vida. Boa opção na falta do tradicional.

VEREDICTO FINAL: Se você ainda tem dúvidas sobre o melhor energético do mercado, vá lá, compre todos os disponíveis e faça você mesmo o teste. Se conselho fosse bom, a sugestão seria para se manter com o original porque não tem como errar. Se quiser arriscar, fique à vontade, a dor de cabeça (ou de estômago...) posterior será sua, de qualquer maneira. No final, Red Bull na cabeça!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

[MovRev] Ela Dança, Eu Danço

(Step Up)

Dirigido por Anne Fletcher

Primeiro, tenho uma aversão enorme à música que tem como refrão o cretino título em português deste filme (Ela Só Pensa em Beijar, de MC Leozinho - quem?!?!). Com a profundidade de um pires, uma música (se pode ser chamada assim) que tem "falei com DJ pra fazer diferente, botar chapa quente, pra gente dançar" como verso, não pode gerar muita afeição em um camarada como eu. Isto já basta para gerar uma antipatia logo de cara com este filme, a ponto de nem ao menos desejar vê-lo.

Porém, como todo bom cinéfilo que se preza, penso sempre que não podemos julgar um filme pelo cartaz (adaptação chula daquela história do "livro pela capa"), o que, sinceramente, não seria tão ruim se o tivesse feito neste caso. O filme é uma complicação geral de histórias e temas, que culminam nas coreografias inventivas o elenco de dançarinos.

Tyler Gage (Channing Tatum) é um garoto pobre que adora dançar e se meter em pequenas confusões, com o melhor amigo Mac Carter (Damaine Radcliff) e o pequeno irmão Skinny Carter (De'Shawn Washington). Até que um dia eles invadem e destroem algumas propriedades da Escola de Arte de Maryland e Tyler é preso e sentenciado a 200 horas de serviços comunitários na própria escola. É lá que ele conhece Nora (Jenna Dewan), uma estudante rica que tem uma promissora carreira artística pela frente como intérprete e dançarina. Como ela perde o parceiro de dança para a apresentação final, ele se propõe a ser seu par para a ocasião. Assim que Tyler começa a se envolver cada vez mais com Nora, ele percebe que mundos tão distintos como os deles, dificilmente se encaixam na vida real.

O ator Channing Tatum ganha seu primeiro papel de destaque, depois de contracenar com Amana Bynes em Ela é o Cara. O único problema é que ele não causa nenhuma empatia e tem uma interpretação vazia, mostrando os dotes artísticos de uma porta, sem com as mesmas expressões. É verdade que ele consegue dançar, e muito bem, mas nada mais. É torcer para que ele consiga melhorar para fazer o Duke do esperadíssimo Comandos em Ação. Junto com a protagonista Jenna Dewan, que não coloca muita química verdadeira no relacionamento com o personagem de Tatum, eles mantém um clima insosso quanto atuam, com exceção de quando eles colocam para quebrar, dançando muito a vontade.

As cenas de dança são espetaculares, com coreografias inovadoras e com adorável perfeição, o que vale dar uma conferida. Mas, infelizmente, é só. Os números musicais são inspirados e conseguem deixar qualquer um de boca aberta e empolgado, mas o filme como um todo é irrelevante.

A trama do filme é sem foco, e não chega a se desenvolver completamente, ficando na superficialidade de um sem número de temas: os números musicais, a pobreza, o racismo, o relacionamento entre um garoto pobre e uma garota rica, desprezo do amigo bacana, sucesso com a arte, superação do garoto-problema. Muita informação em pouco tempo e não, necessariamente, convergindo em um ponto comum. Chega a cansar porque a trama não evolui. O melodrama toma conta em determinado ponto e não agrega nada e deixa o enredo um tanto quanto cansativo.

É ainda mais impressionante que tenha ganhado uma continuação, que, segundo a lenda, é ainda mais fraco que o original. Sabendo disso, posso dizer que, dessa vez, eu me recusarei a assistir.

Realmente, é uma produção para fãs do gênero, somente. Quem dança, canta, ou gosta de arte corporal moderna pode vir a gostar muito do filme, que não chega nem perto dos clássicos os anos 80 como Flashdance, Footloose ou Fama, ou ainda os mais antigos, como Embalos de Sábado à Noite e Grease. Falta carisma. Chega até a ser um sacrilégio compará-los a este Ela Dança, Eu Danço (sic MC Leozinho - quem, mesmo?!?!)

Nota: 5,3/10

Direção: Anne Fletcher
Roteiro: Duane Adler & Melissa Rosenberg
Elenco: Channing Tatum & Jenna Dewan & Damaine Radcliff & De'Shawn Washington & Mario
Estréia: Dezembro de 2006
Gênero: Drama
Duração: 104 minutos
Distribuidora: Touchstone Pictures
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por Felipe Edlinger
01 de outubro de 2008
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