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sábado, 9 de agosto de 2008

[MovRev] Nacho Libre

(Nacho Libre)

Dirigido por Jared Hess

Os gordinhos sempre são os mais engraçados, seguidos de perto pelos magrelos raquíticos. Se você é um deles, pode ser que faça parte de uma comédia no futuro, ou que já seja um personagem de uma que você, nem ao menos, sabe que existe. E, se você, da mesma maneira que eu, acha graça em personagens com as descrições acima, Nacho Libre é o seu filme.

Jack Black sabe qual é o seu filão. Ele sabe que é um ator de comédias e que, mesmo sem querer, seus personagens vão faze as pessoas rirem, seja em uma comédia deslavada ou em um drama sério. E ele aposta nisso para fazer sucesso. Não é à toa que seus filmes atraem milhões de pessoas aos cinemas, para verem mais das trapalhadas, caras e bocas desse gorducho bonachão e simpático. Foi assim com O Amor é Cego, Orange County - Correndo Atrás do Diploma, Escola do Rock e O Amor não tira Férias.

Ao exemplo dos primeiros trabalhos no início da carreira, sempre em papéis terciários e pontas, como em O Demolidor, O Chacal e Waterworld, ele deixou de lado a "seriedade" para se dedicar com afinco a comédia, o que, nós, seres sem graça, agradecemos imensamente.

O público de Jack Black é muito variado, mas temos que concordar que suas interpretações são exageradas, seus personagens são espalhafatosos e, normalmente, há uma pitada de mau gosto nos diálogos e gestos dedicados à eles. De qualquer maneira, eu adoro! Sem isso, não seria Jack Black.

Porém, Nacho Libre, mesmo sendo um filme perfeito para o ator, não tem nada de segundas intenções ou comentários dúbios e ácidos, ou ainda as pitadas de mau gosto citadas acima. Nacho Libre é um filme puro, até certo ponto ingênuo e, com certeza, de boas intenções e de coração aberto. E isso faz com que amemos a história e, novamente, o personagem de Black.

Nacho (Jack Black) é um monge mexicano que, desde criança, sempre sonhou em ser um lutador de luta livre, conhecidos no México como luchadores. Desencorajado de seu sonho pelos padres do monastério, ele cresce trabalhando na cozinha do local, fazendo comida para as crianças órfãs que lá moram. Quando a Irmã Encarnación (Ana de la Reguera) chega ao monastério, ele se vê apaixonado por ela e passa a procurar impressioná-la sempre que pode. Porém, seu coração também está com as crianças e a impossibilidade de servir uma comida decente a elas o faz virar um luchador, para ganhar dinheiro e comprá-las algo melhor. Formando uma equipe com seu mais novo amigo, Esqueleto (Héctor Jiménez), ele passa a levar uma vida dupla para conciliar sua vida no monastério com sua identidade secreta.

Todo filmado no México, as locações são estereotipadas, mas com um toque de verossimilhança, principalmente se você já chegou a ver de perto alguma cidade interiorana mexicana, um clube de luta livre amador ou um monastério por dentro. E tudo é ambientado com uma trilha sonora forçosamente mexicana, que torna tudo ainda mais engraçado. Algumas canções do americano Beck permeiam o filme e ainda há espaço até para Irene, de Caetano Veloso.

Mas a graça toda está nos personagens de Jack Black e do mexicano Héctor Jiménez, Nacho e Esqueleto, a dupla de luchadores mais improvável de todos os tempos. Exagerados ao extremo, com sotaque hilários (um tentando falar espanhol, o outro, inglês) e uniformes colantes de luchadores ainda mais esdrúxulos. O jeitão de Jack Black é o mesmo de sempre, com seus pulinhos (a evocação dos poderes de águia é hilária!), caras, bocas, linguajar e poses inconfundíveis. E Jiménez, com seu esqueleto franzino surpreende de tão engraçado que é, mesmo senso mais contido e tendo ao lado um monstro da comédia como Black. E falando no elenco, vale fazer menção para a presença da bela Ana de la Reguera, praticamente uma sósia de Penélope Cruz, que bem sendo uma das atrizes mexicanas mais requisitadas nos últimos anos.

As cenas de luta são o ponto alto da produção, contando com a presença de alguns lutadores de verdade, como Cesar Gonzalez (Ranses) e Craig Williams (El Snowflake), presenças constantes nos WWF da vida, e dublês de ação, como Mike Ching (El Chino) e Brett Chan (Dinasty). Com coreografias pra lá de bacanas e engraçadas, os protagonistas se saem muito bem, apanhando de todas as maneiras possíveis dos outros luchadores. Um show de risadas!

Pessoalmente, odeio Jared Hess por ele ele ter trazido ao mundo Napoleon Dynamite, seu primeiro longa alternativo, feio e chato. Porém, aqui tenho que reconhecer que o trabalho tem uma qualidade muito superior, seja na produção, seja no roteiro, em parte graças ao cômico de Mile White, que já havia trabalhado com Jack Black roteirizando Escola de Rock, e que também assina o roteiro da trama de Nacho Libre.

Se algum dia você já viu Fantomas, Esqueleto e Ted Boy Marino, você tem que assistir este filme. Tão fantástico e legal quanto a esses "heróis" do passado, Nacho Libre é um filme tocante e, novamente, muito engraçado. Agora, se você é da turma do WWE, fã de Dwayne "The Rock" Johnson e John Cena, vá ver algo do Steven Seagal ou Lorenzo Lamas. A cabeleira e o bigodão de Nacho não são dignos de você.

Nota: 8/10

Direção: Jared Hess
Roteiro: Mike White
Elenco: Jack Black & Ana de la Reguera & Héctor Jiménez & Darius Rose
Estréia: Junho de 2006
Gênero: Comédia
Duração: 92 minutos
Distribuidora: Paramount Pictures
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por Felipe Edlinger
09 de agosto de 2008
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