
Dirigido por Doug Liman
O Sr. Doug Liman já havia ganhado meu respeito, há muito tempo, por este Vamos Nessa. Ele pode ter se mostrado ao mundo no divertido e cool Swingers - Curtindo a Noite, de Jon Favreau (outro fodão atual - posso falar isto aqui? Ah, foda-se...), mas foi este parte filme adolescente, parte road movie, parte comédia, que conquistou um lugar de prestígio em meus top movies. Mesmo os filmes mais recentes de Liman, como Sr. e Sra. Smith, a trilogia Bourne e Jumper, apesar de mega-produções, não respiram o mesmo ar bacana deste terceiro trabalho do diretor nova-iorquino.
Com um roteiro coeso e muito bem amarrado e, ao mesmo tempo, facílimo de ser assimilado, mesmo com inúmeras idas e vindas, a história prende a atenção e, mais, o tesão de qualquer um que ainda tenha a alma jovem e sede por aventuras, independente da idade. Vamos Nessa é uma aventura romântica para o novo milênio, onde a odisséia injeta doses cavalares de adrenalina diretamente no cérebro e no coração de cada um de nós, sem deixar, em nenhum momento de ser sexy. É a alma aventureira, que reside em cada um de nós, que fala mais alto quando vemos a evolução das histórias de Ronna, Claire, Simon, Adam & Zack, entre outros.
Vamos Nessa é um conjunto de três histórias, que envolvem diversos amigos em uma série de casos urbanos inesperados e que vão, no decorrer da trama, se interligando. Tudo começa com Ronna (Sarah Polley), uma atendente de supermercado que trabalha demais e não tem dinheiro para pagar o aluguel, o que a leva a fazer de tudo para não ser despejada. O que nos leva a Simon (Desmond Askew), amigo de Ronna e Claire (Katie Holmes), um britânico traficante pé-de-chinelo, que também trabalha no mesmo supermercado, e que quer ir para Las Vegas no feriado, com os amigos. Ao passar seu turno para Ronna, ele se mete em diversas furadas, deixando seu posto como traficante local descoberto. O que nos leva a Adam (Scott Wolf) e Zack (Jay Mohr), dois atores de novela, que passam a colaborar junto a polícia em uma operação anti-drogas.
Apesar da trama bem definida, Doug Liman conseguiu uma cartada altíssima, como o havia feito em Swingers - Curtindo a Noite, com a presença de um elenco de primeira grandeza, em sua maioria, de novatos já experientes, como Sarah Polley, Timothy Olyphant (um dos bandidos mais bacanas dos últimos anos), o sempre "quinteto" Scott Wolf, Jay Mohr, Taye Diggs, Brecken Meyer, e a namoradinha de todos, a eterna Joey Potter da série adolescente Dawson's Creek, Katie Holmes. As interpretações de todos garantem momentos de descontração, sangue fervendo, hormônios à flor da pele e, acima de tudo, risadas, muitas risadas.
Para os que são mais irrequietos, é impossível não se ver na pele de, ao menos, um dos jovens mostrados na trama. Ou, ao menos, desejar estar na pele de um deles. Além da provação do dia a dia, cada um deles transpira diversão incondicional, que precisa estar presente em nossa vida, independente das dificuldades que encontramos a cada esquina. Vamos Nessa concretiza o que muitos dizem que "alguns momentos podem valer por uma vida inteira". É vero. É simplesmente viver bem, pensar no futuro, mas fazer algumas loucuras para poder dizer que a estadia por aqui não foi apenas por acaso. E, no final, acabam se transformando em histórias para os netos, também.
Doug Liman continua eficiente e magistral como vem sendo há bons dez anos. A edição impecável faz com que a trama gire com uma fluidez que poucos diretores conseguem, entre eles o Sr. Tarantino, o Sr. Rodriguez e o Sr. Ritchie. As cenas rápidas, juntas com as piadas e o humor ácido freqüente, acentuados pelas inúmeras referências pops, geram cenas memoráveis, típicas dos filmes do diretor. Que, aliás, praticamente passam a fazer parte da cultura pop atual.
Mas a direção de Liman não seria completa sem o excelente primeiro trabalho do roteirista John August, que viria a escrever Titan A.E. e os dois filmes das Panteras, e iniciaria uma parceria de sucesso com o excêntrico e sempre tarimbado Tim Burton em Peixe Grande, e que continuaria no novo A Fantástica Fábrica de Chocolate, A Noiva Cadáver e no vindouro Frankenweenie.
Como não poderia deixar de ser, outro ponto forte da produção, tradicional nos filmes de Liman, é a excelente e agitada trilha sonora, que dita o ritmo de, praticamente, toda a trama. Quando os atores não sustentam alguma cena, a audição garante que a peteca não caia e que a qualidade permaneça nos padrões DL. Apenas para citar algumas imperdíveis, temos Steal My Sunshine (LEN), Believer (BT), Good to be Alive (DJ Rap), To All the Lovely Ladies (Goldo), Cha Cha Cha (Jimmy Luxury - ótima!), e Magic Carpet Ride (com um remix ótimo de Philip Steir, com as falas originais do Steppenwolf). Facilmente, um CD para se manter no carro por muitos anos e para ser tocado sempre que a perseguição pela balada começar.
Em minha singela opinião, Vamos Nessa já é um neo-clássico cult, afinal de contas, tem tudo aquilo que precisa: trama, personagens, situações, música, seqüencias de tirar o fôlego., diálogos marcantes. É para ontem, hoje e amanhã. Ponto final. E, também, para mudar a concepção daqueles que não acreditam que a vida começa às 3h da manhã.
Nota: 8,7/10
Direção: Doug Liman
Roteiro: John August
Elenco: Katie Holmes & Sarah Polley & Desmond Askew & Nathan Bexton & Scott Wolf & Jay Mohr & Timothy Olyphant & William Fichtner & &
Estréia: Abril de 1999
Gênero: Comédia & Thriller
Duração: 100 minutos
Distribuidora: Columbia Pictures
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por Felipe Edlinger
13 de dezembro de 2008
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por Felipe Edlinger
13 de dezembro de 2008
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