
Dirigido por Christopher Nolan
Com certeza, o melhor filme do ano até o momento, o que provavelmente irá se confirmar quando o final de dezembro chegar! E sem sombra de dúvidas, um dos grandes filmes de crime de todos os tempos, lado a lado com Os Bons Companheiros e Los Angeles - Cidade Proibida. Se a Academia não for preconceituosa, a arte vista neste Cavaleiro das Trevas pode render premiações em inúmeras categorias, como melhor filme, direção de arte, maquiagem, direção, som, figurino, e claro, melhor ator para Heath Ledger.
Sou grande fã de histórias em quadrinhos da Marvel Comics, porém tenho que reconhecer que a DC Comics mandou muito bem agora, mesmo com todas as boas (e cada vez melhores) produções da rival, agora como um estúdio de cinema oficial. Quem tinha suspeitas de como a DC iria reagir à enorme leva de boas adaptações da Marvel, pode ficar muito mais tranqüilo, mesmo depois do fracasso de Superman Returns.
Christopher Nolan conseguiu mais uma vez. Além de já ter capturado a verdadeira essência do cavaleiro das trevas em Batman Begins, ele extrapola os limites, tem todos os sentidos, com esta nova história do homem-morcego. Ainda mais porque o filme não é um mero filme de quadrinhos, mas sim, um filme dramático, gótico, emocional, sobre crime, corrupção, vingança e raiva. Nosso Batman aqui é alguém violento, sozinho, raivoso, de poucos amigos e que quer descontar de alguma maneira sua raiva com a vida, mas que sempre tem um contraponto para balancear a vida como um todo. É a eterna briga entre o bem e o mal, o certo e o errado, o adequado e o conveniente, que habita o peito de Bruce Wayne.
Os Nolan, Christopher na direção, e Jonathan na roteirização, repetem a maestria do seu trabalho em conjunto, com o qual já fomos premiados em outras pequenas obras de arte, como o espetacular Amnésia (2000) e o estrelar O Grande Truque (2006).
Após os acontecimentos de Batman Begins, Bruce Wayne (Christian Bale) continua sua saga como o Batman, pelas ruas da violenta Gothan City. Apesar de querer inspirar as pessoas para o bem, ele percebe que sua postura como um vigilante mascarado apenas está as levando a um comportamento mais violento do que antes. Antes sozinho na luta contra a criminalidade, agora ele conta com o suporte do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), que luta por uma cidade mais segura e disputa o amor de Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal) com Bruce Wayne. Continuamente ajudado pelo mordomo Alfred (Michael Caine) e por Lucius Fox (Morgan Freeman), ele segue firme em sua tarefa de expurgar os bandidos de sua cidade. Porém, um novo criminoso, psicótico e extremamente perigoso, surge do nada e coloca a realidade de pernas para o ar. Atendendo pela simples alcunha de Coringa (Heath Ledger), ele espalha terror por todos os cantos por onde passa, mostrando ao homem-morcego que o mal existe simplesmente por existir.
Se Batman Begins já era um filme à beira da perfeição, com algumas exceções mais conflitantes, este é o MELHOR filme de personagens de histórias em quadrinhos de todos os tempos, sem nenhuma sombra de dúvidas. Lado a lado com Sin City, Homem Aranha 2, HellBoy e o primeiro Superman, Batman - O Cavaleiro das Trevas se mantém à frente de todos os outros por um diferencial latente: é perfeito em todas as categorias. Além de ser uma transcrição perfeita da atmosfera e do caráter do personagem, ele é um filme que não pode ser apenas classificado como uma adaptação de uma HQ.
A direção de arte de Simon Lamont, que também supervisionou o mesmo departamento na produção de Batman Begins, é impecável, incriticável em qualquer quesito. A reprodução de uma Gothan City caótica e com medo, sempre sombria e chuvosa, chegou no ponto em que os mais ardorosos dos fãs gostariam de ver. E que satisfaz, inclusive, até aqueles que não têm contato com a história do personagem, e apenas buscam diversão para uma terça-feira à noite. A representação e o clima de uma cidade que se entrega ao desespero por ter em suas veias um maníaco assassino sem escrúpulos à solta é irretocável.
Com base em um roteiro extremamente coeso e diálogos afiados e assustadores, o elenco é composto de um grupo de atores, grandiosos por natureza, diga-se de passagem, que não apresenta falha alguma, durante todo o longa. Todos os personagens foram muito bem incorporados, deixando bem claro como um filme deve ser encarado e interpretado. Além dos personagens principais, que entregam as melhores interpretações em filmes do vigilante, os coadjuvantes demonstram tamanha tranqüilidade e conforto em seus papéis que parecem ter nascido para o papel. Michael Caine volta como o mordomo Alfred, assim como Gary Oldman como o Tenente Gordon, com a competência de grandiosíssimos atores que são. Morgan Freeman como Lucius Fox está um pouco mais presente na trama, com destaque também para Eric Roberts, como o mafioso Salvatori Maroni e Nestor Carbonell (Lost), como o prefeito de Gothan City. Maggie Gyllenhaal aparece como a ex-namorada de Bruce Wayne, Rachel Dawes, papel que foi de Katie Holmes, em Batman Begins; mesmo sem o mesmo sex-appeal da amiga, ela também está afiadíssima. Aaron Eckhart aparece como Harvey Dent, promotor público honesto da cidade e futuro criminoso Duas Caras, mostrando que pode até ganhar de lambuja uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
Christian Bale está novamente no papel do justiceiro noturno, encarnando novamente a mais bacana e adequada versão do Batman, de todos os tempos. Ainda mais à vontade na nova armadura de morcego, ele melhora sua interpretação para mostrar a raiva e a rispidez do herói. Porém, mesmo com um trabalho de primeira linha, com Bale tendo no sangue o comportamento e filosofia do cavaleiro das trevas, o Batman virou, praticamente, um coadjuvante perto do Coringa de Heath Ledger.
E falando em Coringa, Heath Ledger está monstruoso, irreconhecível e magistral. Acima de tudo, fez algo que parecia impossível: colocou Jack Nicholson (e o Coringa dele de 1989) em um carrossel e disse "fica aí porque você é uma criancinha mimada". Com cicatrizes assustadoras e manias totalmente fora de si, dá para entender o porquê dele se sentir tão exaurido de forças ao término das filmagens, o que culminou (supostamente) em sua morte acidental por overdose de remédios calmantes. Fazendo uso de línguas e caretas exageradas, ele é tão poderoso e intenso em sua interpretação que mete medo em qualquer um. Dá para ver que o sangue dele é verde e que não é apenas a maquiagem que o transforma no inimigo mais feroz e cruel do homem-morcego. Ele transpira seu personagem como pouco se vê no cinema, talvez atualmente apenas com Daniel Day Lewis. Heath ledger era o que havia de melhor na nobre arte.
Finalmente, o Coringa (ou qualquer outro vilão das graphic novels) foi concebido para o cinemão como ele aparece originalmente: sádico, sarcástico, psicótico, caótico ou, melhor, convergindo todo o mal que existe, simplesmente por existir. Deixemos de lado o palhaço George Romano, da antiga série televisiva, e Jack Nicholson. O Coringa definitivo é esse australiano mais do que competente. Eterno. Outro ponto algo do personagem, e do Nolan roteirista, é não tentar discutir as origens do vilão, encarando-o como o mal que está sempre a nossa espreita, apenas está ali. É o inimigo que não se consegue vencer, sempre um passo a frente da lei e da justiça, que encontra no seu antagonista sua razão de viver.
Um dos poucos filmes que dou nota 10, parelho com Caçadores da Arca Perdida e O Império Contra-Ataca, cada um à sua maneira. Um exemplo de como se fazer correto o que deve e merece ser correto. Um trabalho esmerilhado ao extremo que já deixa muitos fãs, mesmo com seus poucos dias de carreira. Digno dos astros. Digno dos fãs. Muito obrigado Christopher Nolan e que Deus o tenha, Heath Ledger.
Nota: 10/10
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan & Jonathan Nolan
Elenco: Christian Bale & Heath Ledger & Aaron Eckhart & Michael Caine & Maggie Gyllenhaal & Gary Oldman & Morgan Freeman & Eric Roberts & Nestor Carbonell
Estréia: Julho de 2008
Gênero: Ação & Crime & Drama
Duração: 152 minutos
Distribuidora: Warner Bros. Pictures
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por Felipe Edlinger
26 de julho de 2008
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por Felipe Edlinger
26 de julho de 2008
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