domingo, 1 de junho de 2008

[MovRev] As Minas do Rei Salomão

(King Solomon's Mines)

Dirigido por J. Lee Thompson

A pior cópia de Indiana Jones de todos os tempos. Não existem palavras para se definir melhor este Allan Quatermain e as Minas do Rei Salomão.

As Minas do Rei Salomão, clássico livro bestseller de Henry Rider Haggard, lido por diversas gerações desde 1885, quando foi publicado pela primeira vez, trouxe Allan Quatermain ao conhecimento do grande público. Além disso, o livro e o aventureiro de Haggard inspiraram importantes obras culturais, como os filmes do maior herói do cinema de todos os tempos, Indiana Jones, e a graphic novel de Alam Moore, A Liga Extraordinário, que tem o aventureiro como um dos personagens principais.

Porém, nada justifica essa comédia pastelão, realizada em meados da década de 1980, que transforma todas as situações de uma aventura clássica em cenas risíveis, que de tão absurdas, causam apenas sorrisos amarelos, tamanha a falta de noção dos produtores.

Allan Quatermain (Richard Chamberlain) é um aventureiro contratado por Jesse Huston (Sharon Stone) para encontrar o pai da beldade, perdido no meio da África. Quando descobrem que o pai dela foi raptado por Dogati (John Rhys-Davies) porque ele sabe a localização das lendárias Minas do Rei Salomão, eles partem em uma aventura pelo meio do continente, em busca de resquícios de um dos maiores tesouros já conhecidos.

A incrível falta de qualidade nas atuações, incluindo-se os protagonistas Richard Chamberlain e Sharon Stone (em começo de carreira, aposentando-se como modelo de comerciais), faz uma peça de teatro universitário parecer Shakespeareana.

Richard Chamberlain encarna, talvez, um dos personagens mais canastrões do cinema, colocando ninguém menos que o Indiana, de Harrison Ford, no chinelo neste quesito. Além de mau intérprete, a sua comédia descarada e sem qualidade não agrega nenhum valor a trama.

Sharon Stone, com estilo Panteras da década de 1980 não faz frente a nenhuma das garotas de Indiana, nem mesmo a Alison Doody, a mais fraquinha de todas (ela interpretou a duplo-agente Elsa Schneider em A Última Cruzada).

O pior de tudo é ver John Rhys-Davies como o vilão Dogati. Saudades do boa praça Sallah, de Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada. Os inimigos caricatos são inspirados diretamente nos vilões dos dois primeiros longas de Indiana Jones, porém são plágios/ cópias mais do que mal feitos.

Por outro lado, a produção do filme é cara, com centenas de figurantes e localizações ermas, na África, mais precisamente no Zimbábue.

Agora uma lista de como não se fazer um filme de aventura, na década de 1980:

1) A técnica de sobreposição de imagens não chega aos pés de outras boas produções do mesmo período. É tão rudimentar que lembra, e muito, os efeitos especiais do eterno Chapolin Colorado.

2) Os efeitos sonoros são horríveis e, muitas vezes, estão fora de sincronismo. Os socos não chegam nem, ao menos, a acertar os oponentes e tiros nem sempre funcionam.

3) As cenas de luta são extremamente fakes, com coreografia tosca e bisonha, não merecendo nenhum crédito.

4) As armadilhas, mais uma vez, são inspiradas diretamente nos filmes de Indiana Jones, Os Caçadores da Arca Perdida e O Templo da Perdição, filmados em 1981 e 1984, respectivamente.

5) Erros de continuísmo, sincronismo, sem contar os históricos, estão presentes durante todo o longa. Aliás, todos os "ismos" possíveis se fazem presentes.

E, agora, apenas para exemplificar: Allan Quatermain é desarmado com um tiro em seu revólver (2 vezes!), ele mesmo derruba um avião chutando a cabeça do piloto, e ele e Jesse Huston são cozinhados em um caldeirão gigante para serem comidos por canibais, escapando ilesos após saírem rolando dentro do próprio caldeirão.

O tema musical principal é até bacana, porém é repetido em tamanha dimensão durante a história que se torna um infortúnio aos ouvidos.

No final, não poderia se esperar mais de um cara (J. Lee Thompson - sim, isso tem um culpado!) que dirigiu, nada menos do que, nove filmes de Charles Bronson, já na famosa e trash fase de justiceiro com as próprias mãos. Tanto que a única coisa que conseguiu foi ser indicado às categorias de piores do ano, no Razzie Award.

Ao mesmo tempo, o filme é uma ofensa generalizada a sétima arte mas, por outro, traz de volta os tempos em que assistíamos a filmes de aventura às 13h, enquanto almoçávamos.

Allan Quatermain e as Minas do Rei Salomão sempre será um plágio de segunda (ou terceira) categoria das aventuras do Dr. Jones. Seria algo como George Foreman X Maguila, ou Inter de Milão X Inter de Limeira. Muitos filmes ruins dos anos 80 viraram clássicos da Sessão da Tarde, porém, este virou um clássico do Cinema em Casa sob o rótulo de Pela 1ª Vez na Televisão. Como dito, de segunda (ou terceira) categoria.

Nota: 3.5/10
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por Felipe Edlinger
02 de junho de 2008
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