sábado, 17 de maio de 2008

[MovRev] Quebrando a Banca

(21)

Directed by Robert Luketic

Este filme foi feito para ser cool. Com base em um dos jogos mais tradicionais, famosos, empolgantes e traiçoeiros que existe nos cassinos, ele transpira a adrenalina e a excitação de fazer do jogo não apenas uma distração, mas um estilo de vida.

O Black Jack, ou apenas o famoso 21, é o pano de fundo de uma trama agitada, que logo na abertura, de muito bom gosto, por sinal, dita o ritmo do filme com efeitos simples, mas muito bacanas.

Baseado em fatos reais, é uma aula de como se dar bem em um cassino de verdade, dependendo do seu intelecto, da sua companhia, da sua competência e, principalmente, da sua percepção das situações. Parece uma história fictícia mas é, na verdade, um conto de fadas moderno que, sim, pode se tornar realidade.

Ben Campbell (Jim Sturgess) é um nerd brilhante em todos os aspectos estudantis: aluno nota 10 desde o ginásio, presidente de clubes escolares, aluno brilhante do MIT e já aprovado para ingressar na faculdade de medicina de Harward, seu sonho desde criança. Porém, a única coisa que lhe falta é... bem, dinheiro. Por essa razão, ele depende de uma concorrida bolsa escolar para realizar seu sonho. Quando ele é escolhido pelo professor Micky Rosa (Kevin Spacey) para fazer parte de um grupo muito seleto de alunos, ele vê a sua frente a oportunidade de concretizar seu desejo de infância. Ele passa, então, a integrar um grupo de apostadores de Black Jack, todos alunos do MIT, que contam cartas para sempre fazer as apostas e lances corretos e, no final, faturar alto. Assim que o dinheiro começa a entrar, sua vida vira de pernas para o alto e ele se vê seduzido pelo mar de possibilidades que o dinheiro e o poder lhe trazem. Porém, esse caminho pode não ser tão glamouroso quanto parece.

O elenco jovem, talentoso e eficiente mantém o bom nível da produção ao longo das quase duas horas de história, suportados pelos tarimbados Kevin Spacey (o mentor da galera) e Laurence Fishburne (consultor de uma empresa de "prevenção de perdas", que se torna o algoz da turma de estudantes).

O protagonista, Jim Sturgess, oriundo de produções da televisão, tem um "q" de Tobey Maguire e Jake Gyllenhaal, o que já é um grande elogio. Ele consegue dar sustância ao seu personagem que se vê em um mundo diferente daquele em que um nerd está acostumado a viver. Aliás, algumas piadas dos seus amigos nerds são de deixar qualquer um com um sorriso no rosto (desde que tenha algum conhecimento nerd, é claro). Sem contar que ele é tão nerd quanto se pode ser: preocupado, responsável ao limite e arredio com relação às mulheres, principalmente perto de sua musa inspiradora (e de todos na escola), Jill Taylor (Kate Bosworth).

A Louis Lane, de Superman Returns, também transpira talento e ainda por cima tem uma beleza exótica de primeira categoria. Ainda mais quando interpreta uma quase nerd, que trapaceia em jogos de carteado.

O quinteto de jogadores pode se passar até como uma versão moderna e muito mais cool do quinteto de Clube dos Cinco (Breakfast Club), porém, definitivamente mais charmoso e muito, mas muito mais atrativo. De qualquer maneira, é possível classificar todos eles como os cinco originais do clássico dos anos 80: o nerd (Jim Sturgess), a garota gata (Kate Bosworth), o doidão (Aaron Yoo), o bonzão (Jacob Pitts) e a deslocada (Liza Lapira). Ou quase isso.

É a história do conflito entre fazer o correto e seguir uma vida pelas regras da sociedade, que nem sempre são justas, e arriscar fazendo algo que beira a marginalidade mas não necessariamente é contra a lei. À primeira vista, fazer algo desafiador, perigoso e legal e, acima de tudo, excitante e rentável, parece ser a melhor resposta para os padrões da vida.

O ritmo de videoclipe imposto pela direção esperta de Robert Luketic é a utilização correta das técnicas de linguagem na comunicação, em favor de uma mensagem. Os efeitos tradicionais de aceleração do tempo garantem a linearidade da trama e resumem as partes normalmente chatas de espera. Porém, nada seria possível sem o roteiro azeitado de Peter Steinfied, que tem no histórico produções regulares como Bee Cool, A Máfia Volta ao Divã e Quem Matou Mona?

Mergulhando na aura da cidade luz de Nevada, o fato de todos os personagens usarem disfarces durante as sessões de jogatina, apenas torna a trama ainda mais excitante pois, como diz a personagem de Kate Bosworth, a melhor coisa de Las Vegas é que lá você pode ser qualquer pessoa e ninguém precisa saber disso. Afinal de contas, como no dito popular, o que acontece em Vegas, fica em Vegas.

Jogar cartas nunca foi tão divertido, principalmente se você sempre sabe como bater o sistema e ganhar uma bolada. Mas isso é somente para pessoas que, como diz o protagonista, têm uma mente privilegiada, porque eu não entendi patavinas do maravilhoso esquema de contar cartas. Porém, me deu vontade de dedicar tempo ao estudo para que possa trilhar meu caminho até o mundo lisérgico em direção à pérola do deserto, na qual já tive o prazer de dar, ao menos uma espiadela.

É o sonho de qualquer jovem adulto, facilitar a vida sem ter maiores consequências, e conseguir itudo aquilo que quer, de maneira fácil e divertida. E com uma trilha sonora que conta com LCD Soundsytem, Moby, Weezer e Rolling Stones, talvez pedir mais do que isso, seja pedir demais.

Nota: 7/10
______________________________________________________________

por Felipe Edlinger
17 de maio de 2008
______________________________________________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.