
Directed by Susannah Grant
Comédias românticas sempre apresentam temas que nos fazem sorrir sem queremos, nos apaixonar com o fundo da alma e ainda nos acharmos as melhores pessoas do mundo, até mesmo por nos fazer esquecer de nossos problemas, mesmo que seja por meros 120 minutos. Infelizmente, quando pitadas de drama são adicionadas à receita, é necessária muita competência para se fazer um filme que agrade a gregos e troianos.
Este Pegar e Largar, porém, não cumpre muito bem seu papel de animador de torcidas, principalmente por causa, exatamente, da parte relacionada ao drama, que deixa a atmosfera um pouco carregada, mesmo com cenas engraçadas durante a história.
Gray (Jennifer Garner) acabou de perder o noivo, morto em um acidente de pesca em sua despedida de solteiro, há apenas algumas semanas do casamento. Para tentar afugentar a agonia e a saudade, ela vai morar com os amigos Sam (Kevin Smith), Dennis (Sam Jaeger) e Fritz (Timothy Oliphant), onde o amado morava. Enquanto tem atritos com a ex-futura sogra (Fiona Shaw), ela vai, aos poucos, com a ajuda dos amigos, superando a ausência do noivo. Sam e Dennis são 100% dedicação à amiga, com direito até a depressão por parte deles, porém, Fritz é negligente e parece pouco se importar com a situação. Mas, as coisas mudam de perspectiva quando ela começa a entender os porquês de seu amado ter sido tão amigo dele.
Pegar e Largar não é um filme muito leve, mas tem seus momentos graciosos e engraçados, sendo praticamente todos resultado do excelente trabalho do espalhafatoso Kevin Smith, diretor cult de mão cheia, que se considera péssimo ator. Não poderia estar mais errado. Ele é a alma do filme, e até parece que a própria diretora percebeu o mesmo no decorrer das filmagens e praticamente mudou a importância de seu papel, de coadjuvante para protagonista. Ele está em cena tanto tempo (ou mais) quanto Jennifer Garner (que já estava grávida durante as filmagens). Sem rasgar muito a ceda para o lado do ator/ diretor/ roteirista, ele consegue ser engraçado sem ser forçado e adiciona um elemento muito importante para esta comédia romântica dramática: a comédia!
O drama está todo por conta de Jennifer Garner, que parece sentir de verdade a dor da perda de uma pessoa querida. Apesar de ser uma atriz reconhecida, ainda não consegui me convencer de que ela seja uma boa atriz. Talvez, pelo estereótipo que ficou com sua série Alias ou com outros filmes duvidosos de ação, como Demolidor e Elektra. Em Prenda-me se for Capaz, ela não passa de uma ponta para o brilhantismo de Tom Hanks e Leonardo diCaprio; em Juno, ela não consegue uma fatia da excelência da jovem Ellen Page, como sua coadjuvante. Mas vamos dar um crédito para Sydney Bristow.
Timothy Oliphant também não é nenhum exemplo de ator, mas tem seus momentos, quase sempre com personagens de caráter duvidoso, como o Kelly de Um Show de Vizinha, o Thomas Gabriel de Duro de Matar 4.0 e o Agente 47 de Hitman - Assassino 47. Ele tem um jeito de cretino, porém sem perder o estilo bacana e amigo. Uma dubiedade que faz você odiar seus personagens e não deixar de achá-los legais, ao mesmo tempo. Em alguns casos, essa antítese cai como uma luva, em outros funciona como um tapa com luva de pelica. Aqui, em Pegar e Largar, em minha opinião, ajuda a tratar o tema da perda sem a melação de sempre, uma vez que a protagonista é sempre paparicada por todos devido à sua dor. Com ele, é diferente: "o mundo real está batendo na porta e vê se acorda para o hoje porque o ontem já foi embora".
Mesmo com bons atores, o filme não engrena tanto, ficando em uma temperatura morna durante quase todo o longa, apenas obtendo maior sinergia quando Kevin Smith dá o ar de seu talento. E também quando Juliette Lewis aparece, em um papel caricato já interpretado por ela em outros longas. Mas, mesmo com uma atuação meio automática, ela também mostra seu talento e sensualidade dos dias de Gilpert Grape - Aprendiz de Sonhador, Diário de Adolescente e Um Drink no Inferno. A irlandesa e experiente Fiona Shaw (a Tia Petúnia da série Harry Potter) também agrega atuação de qualidade em sua ponta como a mãe do falecido noivo.
O clima meio surreal de toda a situação, o balanço entre drama e comédia, pode gerar, como disse no começo, opiniões diversas, desde ódio mortal devido a falta de definição do tema, até a adoração do filme, pela peculiaridade das cenas entre tragédia e louvação. Muitas pontas estão soltas no roteiro, mas apesar de tudo, Susannah Grant faz uma boa estréia na direção de longas-metragem. Também assinando o roteiro, ela já tem experiência de sobra nessa área, tendo realizado Para Sempre Cinderella, Erin Brockovich, Em Seu Lugar, entre outros. Boa escola.
Nota: 6/10
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por Felipe Edlinger
29 de maio de 2008
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por Felipe Edlinger
29 de maio de 2008
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