
Directed by James Mangold
Um filmaço! Não apenas um remake de um clássico do cinema de faroeste, mas sim um dos grandes filmes western de todos os tempos, superando, inclusive, o original Galante e Sanguinário (também 3:10 to Yuma, em inglês), estrelado pelo eterno Glenn Ford. Os Indomáveis é uma homenagem de muito bom gosto ao gênero que tornou atores em mitos e histórias em lendas.
Desde O Grande Roubo do Trem (The Great Train Robbery), considerado o primeiro filme western, de 1903, passando pelos clássicos O Álamo, Três Homens em Conflito e O Dólar Furado, até os mais recentes Dança com Lobos, Os Imperdoáveis e Wyatt Earp, o tema de histórias de cowboys rendeu diversas produções de primeira categoria que entraram para a história do cinema, assim como seus produtores e atores.
Os mais velhos, com certeza, já se divertiram e se emocionaram vendo Glenn Ford, Charles Bronson e Clint Eastwood vivendo mocinhos, bandidos, xerifes e assaltantes em diversas produções recheadas de ação e reviravoltas. Todos eles (e muitos outros) já foram ídolos do faroeste e agora dão espaço para duas estrelas atuais brilharem em papéis que são dignos dos mestres do passado: Christian Bale e Russell Crowe.
Russell Crowe tem uma aura de cara bruto e selvagem, sem perder a ternura, que cativa à todos, mesmo quando interpreta papéis em que encarna alguém odiável. Por mais que seus personagens parecem insensíveis e brutais, Crowe sempre consegue deixar à flor da pele seu carisma e charme, o que faz dele um excelente ator. Não é à toa que seu trabalho por Gladiador foi premiado com o Oscar de melhor ator (sem contar que ele também merecia o prêmio por Uma Mente Brilhante).
Christian Bale é um cara mais sisudo, com jeito de mau humorado e de poucos amigos. Porém, ele vem demonstrando que consegue ser bom ator, com atitudes e expressões condizentes aos seus papéis, como em Psicopata Americano, The Machinist e até mesmo em Batman Begins. Ele deixou de se rum ator com expressões vazias para virar um astro de grandeza que engata um sucesso atrás do outro, mesmo não tendo a pinta de super estrela. E que venham The Dark Knight e Terminator 4.
Quando dois ótimos atores se encontram, normalmente, a festa já está pronta. Quando um roteiro coeso e uma história bacana são adicionados à produção, então é praticamente certo que o filme será um grande êxito. Neste caso de Os Indomáveis, o duelo (sem trocadilhos) entre Crowe e Bale entra em ponto de bala (sério, sem trocadinhos) no momento em que eles cruzam olhares pela primeira vez, tanto que o antagonismo passa a ter mais afinidade e cumplicidade entre capturado e captor do que em qualquer outra produção recente.
Russell Crowe é um fora da lei chamado Ben Wade, responsável pela morte de dezenas de pessoas e pelos roubos de mais de vinte diligências. Quando ele é finalmente capturado, uma comitiva é formado para levá-lo à estação de trem, onde o comboio das 3:10 para Yuma (daí o porquê do título, em inglês) o levará para a prisão de mesmo nome. Dan Evans (Christian Bale) se oferece para escoltá-lo visando o pagamento de 200 dólares, uma vez que sua fazenda vai de mal a pior e seus filhos passam fome. Porém, o que parecia um trabalho fácil, torna-se um pesadelo quando o grupo de Wade resolve resgatá-lo antes de que ele chegue à estação de trem.
Os Imperdoáveis é um filme que já nasceu clássico, em grande parte ao excelente trabalho dos atores principais, mas também ao suporte dos ótimos coadjuvantes, como Ben Foster (X-Men 3, 30 Dias de Noite, Alpha Dog), Peter Fonda (Sem Destino) e Dallas Roberts (Johnny & June).
O roteiro mistura a experiência de Halsted Welles, responsável por inúmeras séries de televisão, desde o início da década de 1950, com a renovação de Michae Brandt, de Mais Velozes, Mais Furiosos. Porém, com base em um roteiro da década de 1950 pronto em mãos, o trabalho de adaptação e renovação fica um pouco mais fácil.
Mas é na direção que a produção encontra seu diferencial, nas mãos de James Mangold, diretor de bons filmes como Johnny & June, CopLand, Identidade e Garota Interrompida. Com uma carreira cheia de filmes tão variados, ele adiciona mais um exemplo de bom filme ao seu histórico. Com uma câmera segura, que se transforma de intimista em nervosa, ele comanda com perfeição o desenrolar da ação e lidera os atores como um veterano do gênero. Algumas cenas, como o tiroteio final já são antológicas, e dignas dos antigos embates entre mocinhos e bandidos.
A produção também é de primeira categoria e a reprodução perfeita dos cenários faz com que tudo esteja em seu devido lugar durante todo o desenvolvimento do filme. Para os que gostam do gênero, bate uma nostalgia gostosa dos filmes mais antigos de Paul Newman e companhia, como Rebeldia Indomável e Butch Cassidy.
Um excelente revival de um gênero que encantou muita gente e que agora pode encantar outras bem mais novas. Com certeza, o ambiente seco e acalorado dos westerns vai gerar mais uma legião de fãs, ainda mais porque as produções do mesmo tema estão tendo mais destaque por serem poucas e de extremo bom gosto. Não me surpreenderia se as crianças começassem novamente a brincar de bang-bang, cada uma com sua pistola de plástico nas mãos, discutindo para saber quem morreu primeiro. Bons tempos.
Nota: 8.5/10
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por Felipe Edlinger
30 de maio de 2008
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por Felipe Edlinger
30 de maio de 2008
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