
Directed by Silvester Stallone
Quando os rumores surgiram dizendo que Silvester Stallone iria reencarnar seus maiores sucessos, inicialmente com Rocky e depois com Rambo, confesso que olhei com certa desconfiança, uma vez que Sly já se encontrava com mais de 60 anos.
Filmes de ação com sexagenários, normalmente, só funcionam com Clint Eastwood, mas quando conferi Rocky Balboa, tive que mudar um pouco meus conceitos e pré-conceitos porque o filme é tão bom quanto o iconográfico Rocky: Um Lutador, de 1976, com uma temática um pouco diferente do "lutador que supera tudo e se sagra campeão".
Porém, Rambo IV é uma outra história...
Enquanto os filmes de Rocky Balboa sempre mostraram histórias paralelas à ação, como preparação, reflexão e superação na vida (para depois chegar na porradaria final), os filmes do Rambo sempre foram acerca de pancadarias, explosões, mortes e o exército de um homem só, que ganhou fama com os heróis de ação na década de 80.
Foi por isso que iniciei assistindo ao filme pensando nisso, Rambo em seu melhor, armado até os dentes. Porém, 19 anos depois da última aventura (Rambo III, de 1988), vi o contrário, um herói mais apaziguado, de bem com a vida e evitando quaisquer tipos de encrencas.
A história gira em torno de John Rambo, veterano do Vietnã, que leva uma vida reclusa na Tailândia, depois de inúmeras missões suicidas e vivência sempre perto da morte e do caos. Depois de relutar, transporte em seu barco um grupo de missionários cristãos até Burna, zona de guerra por mais de 50 anos. Quando fica sabendo que os cristãos foram tomados como prisioneiros do psicótico Major Pa Tee Tint, Rambo une forças com um grupo de mercenários, contratados pelo Ministro responsável pelos missionários, para resgatar os prisioneiros.
As cenas de batalhas até são bem coreografadas e os efeitos especiais são eficientes, incluindo uma "brincadeira" cruel com prisioneiros birmaneses, que deixa qualquer um de cabelo em pé e revoltado. Porém, pareceria apenas mais um filme de guerra... mas, não, este filme tem Rambo!
Novamente, quando todos esperamos Rambo como bem conhecemos, não é exatamente o que acontece. John Rambo somente entra realmente em ação após quase 50 minutos de filme, com exceção de umas mortezinhas na base do todo-mundo-ameaçado movimento-rápido Rambo-rouba-revólver mata-todos-homens-maus.
Boa parte da ação se passa à noite, o que pode ser uma estratégia para disfarçar as performances do nosso herói. E, infelizmente, as cenas de estratégia de combate corpo à corpo (marca registrada do personagem) nem ao menos estão presentes no longa. A ação do boina verde se resume a utilização de uma metralhadora na parte final do filme.
Pode ser que a idade tenha, no final, alcançado Sly nesta empreitada, o que não é vergonha para ninguém, muito menos pra ele que escreveu, dirigiu e estrelou o ótimo e último (será?) filme do lutador de boxe mais famoso do cinema. Mas esse Rambo não deu nem para o cheiro, mesmo porque o visual de velho fortão de botóx, usando faixinha no cabelo não colou de jeito maneira.
Bem, como um revival, ainda está valendo, porém, para os que verão o personagem pela primeira vez, recomendo passarem longe, ou apenas verem por curiosidade, sem grandes expectativas de ver o tal Rambo.
Ao menos, a produção serviu como escola para Stallone, que também assina a direção do longa. Tomara que isso o ajude a nos dar mais Rocky Balboas. Uma pena que a música tema não está presente como antes, além do filme ser o primeiro da série sem contar com o ator Richard Crenna, morto em 2003, como Coronel Trautman, oficial superior do veterano nos filmes anteriores.
No final, não passa a vontade e saudade de rever o antigo herói. Só fico me perguntando qual será o próximo: "Falcão, o Campeão dos Campeões em A Queda de Braço Final" ou "Stallone Cobra, Mais Perigoso do que Nunca".
Nota: 4.5/10
Felipe Edlinger
24 de fevereiro de 2008